A Embrapa conta com mais uma empresa sementeira no Mato Grosso para multiplicar sementes de cultivares de soja. É a Sementes M.A.R., oriunda do grupo Ruaro, em Alto Garças (MT), que, em julho, associou-se à Fundação Cerrados, parceira da Embrapa no desenvolvimento de cultivares de soja. Com essa adesão, as cultivares BRS passam a ser comercializadas por cinco sementeiras no Estado. São elas: Sementes Nova Fronteira, Sementes Ipiranga, Sementes Shaparral, Celi Sementes e Sementes M.A.R.
Na opinião do pesquisador Sebastião Pedro, responsável pelo programa de melhoramento genético de soja na Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) e chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Unidade, o ingresso da Sementes M.A.R. na Fundação Cerrados deve-se ao destacado desempenho das novas cultivares BRS no Mato Grosso.
“Temos feito um trabalho de aproximação junto aos sementeiros e integrado entre Embrapa Cerrados, Escritório da Embrapa Produtos e Mercados, em Rondonópolis (MT) e Fundação Cerrados. O resultado foi a entrada da Celi, em 2014, e agora da M.A.R.“, ressaltou Sebastião Pedro.
Segundo o gerente do Escritório de Rondonópolis, da Embrapa Produtos e Mercado, Valter Peters, após um hiato de alguns anos, a Embrapa volta a posicionar cultivares de soja com grandes potenciais produtivos e principalmente resistentes aos nematoides, praga que afeta grandes áreas no Mato Grosso. As primeiras a se destacarem foram cultivares convencionais inseridas no programa Soja Livre, parceria entre Embrapa e Aprosoja, e atualmente são indicadas também cultivares transgênicas, resultantes do trabalho de melhoramento genético.
Para Peters, a instalação de ensaios de pesquisa em diversas regiões do Mato Grosso, principalmente VCU (Valor de Cultivo e Uso), executados pela Embrapa Cerrados com apoio da Fundação Cerrados, tem despertado interesse de produtores de sementes a multiplicar produtos Embrapa. “A estimativa é de aumentar em 80% a área licenciada para produção de sementes de soja junto a nossos parceiros para o próximo ano agrícola“, ressaltou.
Com mais um associado, o diretor-técnico da Fundação Cerrados, Ilson Alves, tem a expectativa de aumentar o volume de sementes BRS comercializadas no Mato Grosso. “A probabilidade é de vendermos mais sementes das cultivares convencionais BRS 7980 e BRS 8381. E para a próxima safra, a perspectiva é muito boa em relação às cultivares transgênicas BRS 7380 RR e BRS 7680 RR“, disse Alves, ao citar cultivares lançadas recentemente pela Embrapa, em parceria com a Fundação Cerrados.
Variedades promissoras
A cultivar BRS 7380RR, lançada este ano, tem ciclo precoce e possui resistência ao nematoide do cisto (Heterodera glycines), raças 3, 4, 6 e 10, e aos dois nematoides formadores de galhas (Meloidogyne incognitae e Meloidogyne javanica), além de baixo fator de reprodução de Pratylenchus spp. O material foi desenvolvido para atender aos produtores de Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Oeste da Bahia e Noroeste de Minas Gerais que desejam fazer safrinha de milho, sorgo ou de boi.
A outra cultivar transgênica, a BRS 7680 RR, tem resistência aos nematoides causadores de galhas das espécies Meloidogyne incognitae e Meloidogyne javanica. Apresenta alto potencial produtivo e estabilidade, com hábito de crescimento ereto, o que facilita o manejo de pragas e doenças.
A cultivar BRS 7980, lançada em 2014, se destaca pela estabilidade, produtividade e pela resistência múltipla aos nematoides do cisto (raças 1, 3 e 5), aos nematoides causadores de galhas e tolerância ao nematoide Pratylenchus spp. A variedade é uma excelente opção para agricultores que cultivam algodão em sucessão à soja no Mato Grosso e adotam a rotação entre soja e algodão no Oeste da Bahia. No Mato Grosso, Bahia, Goiás e Distrito Federal, o uso desta cultivar está permitindo a reincorporação de áreas agrícolas que antes estavam inviabilizadas para a produção de soja devido à alta incidência de nematoides.
Outra cultivar promissora para o Mato Grosso é a BRS 8381, pois permite a produção de milho safrinha na região norte do Estado. Por seu porte ereto e arquitetura aberta, facilita o controle químico de lagartas, doenças foliares e o manejo do mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum), além de ser moderadamente resistente ao nematoide causador de galhas. Também apresentou elevada produtividade nas últimas três campanhas do Programa Soja Livre.