Rafael Campagnol
Doutor e professor de Fitotecnia – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Cuiabá
Giovani de Oliveira Arieira
Professor de Fitopatologia – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia ” Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura ” UFMT
A temperatura do ambiente é o fator climático que mais influencia o crescimento vegetal, podendo, em algumas situações, inviabilizar economicamente a produção. A temperatura tem importante função no controle da velocidade das reações químicas celular, as quais governam o crescimento e desenvolvimento da planta.
Temperaturas muito elevadas podem afetar a taxa fotossintética, a respiração de manutenção, a transpiração, a taxa de germinação de sementes, o repouso vegetativo, a indução ao florescimento, a duração das fases fenológicas das culturas, dentre muitos outros processos vegetais.
Condições vegetativas
Muitas plantas cultivadas comercialmente no Brasil são originárias de regiões de clima ameno ou frio, o que dificulta sua produção em condições de clima quente, como ocorre em grande parte do Brasil.
As alfaces, por exemplo, se desenvolvem melhor sob temperaturas do ar entre 15 e 24ºC. Quando expostas a temperaturas superiores a essas, podem florescer precocemente, o que deprecia o produto.
Para o tomateiro, a máxima taxa de assimilação líquida de CO2 (máximo crescimento) é observada sob temperatura do ar entre 25 e 30ºC. Temperaturas superiores, além de afetarem o crescimento das plantas, afetam a síntese de licopeno no fruto, deixando-os menos vermelhos.
Além disso, a temperatura elevada afeta a translocação de cálcio nas plantas, causando distúrbios fisiológicos tanto em alface (tipburn ou queima das bordas) como em tomate (podridão apical).
Por esses motivos, técnicas e tecnologias que permitam a redução da temperatura do ambiente de cultivo são de grande importância para garantir boas condições para o crescimento das plantas e viabilizar economicamente a produção vegetal.
Em casas de vegetação
Em cultivos realizados em casas de vegetação (estufas agrícolas), a temperatura geralmente é superior à do ambiente externo devido à grande retenção de energia calórica, nível energético menor e maior comprimento de onda que não consegue passar pela cobertura da casa de vegetação.
O aumento da temperatura é mais intenso quanto menor for a altura da estrutura da estufa e menor for sua ventilação.
Temperatura sob controle
Como forma de reduzir os efeitos negativos da alta temperatura, as novas estufas agrícolas já vêm sendo construÃdas com pé-direito (distância entre o chão e a base do arco ou da estrutura de suporte do filme plástico) maiores (superiores a 3,5 m) com o intuito de reduzir a formação de um bolsão de ar quente próximo às plantas e aumentar a ventilação, o que remove mais rapidamente essa massa de ar.
Algumas estufas também podem conter estruturas que facilitam a saÃda de ar quente pela parte superior, como as janelas de teto e aberturais zenitais.
Uma tecnologia muito utilizada pelos produtores são telas de sombreamento. Seu uso reduz a passagem de parte da radiação solar que atinge as plantas, o solo e as estruturas, contribuindo para a redução da temperatura no interior da estufa. Contudo, mesmo em estufas altas e com a tela de sombreamento, nas épocas e locais mais quentes, a temperatura pode ainda estar acima da ideal para as culturas.
Outra técnica muito eficiente para a redução da temperatura que vem sendo cada vez mais utilizada pelos produtores é o sistema de resfriamento evaporativo. Seu funcionamento consiste em reduzir a temperatura do ar por meio da evaporação de água que é aspergida, pulverizada ou que umedece uma superfície porosa. A energia requerida para evaporar a água é suprida pelo ar, que, consequentemente, se resfria e umedece.