Autores
Fernando José Hawerroth
Pesquisador em Manejo e Fisiologia de Frutíferas – Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado, Embrapa Uva e Vinho
fernando.hawerroth@embrapa.br
Gilmar Ribeiro Nachtigall
Pesquisador em Nutrição de Plantas – Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado, Embrapa Uva e Vinho
A região sul do Brasil, apesar de ter importantes características climáticas para a produção de frutíferas de clima temperado, como a macieira, apresenta a ocorrência de precipitações de granizo com certa frequência, a qual implica em prejuízos significativos ao setor frutícola.
De acordo com Martins et al. (2017), o Sul do Brasil é a região com maior número de eventos destrutivos do País vistas por satélite, apresentando uma frequência de ocorrência de granizo muito superior ao observado em outros Estados brasileiros.
A ocorrência de precipitações de granizo causa danos imediatos à produção, além de danos que podem ter reflexos negativos por alguns ciclos produtivos. Em macieira, se o fruto for atingido por granizo logo após a floração, as frutas ficam deformadas, depreciando sua qualidade.
Em frutos maiores, os danos por granizo resultam em lesões que favorecem a entrada de patógenos, impossibilitando, muitas vezes, sua comercialização. Quando em intensidade alta, o granizo pode comprometer produções futuras devido ao dano causado nos ramos e nas folhas das plantas, além de favorecer o desenvolvimento de doenças.
Solução
A frequência de ocorrência de granizo no Sul do Brasil é maior do que em outros Estados. Os riscos inerentes à ocorrência desse evento climático são grandes, repercutindo em prejuízos à produção e qualidade de frutos, além de aumentar os problemas de ordem fitossanitária em virtude das lesões ocasionadas em frutos, folhas e caule. A solução é o sistema de produção de macieiras sob tela antigranizo, mas que demanda manejo diferenciado, uma vez que as condições de microclima, sombreamento, crescimento e desenvolvimento das plantas são diferentes do manejo utilizado em plantas conduzidas sob céu aberto.
Demanda crescente
A utilização de telas antigranizo tem sido a principal estratégia utilizada pelos produtores de maçãs para minimizar os riscos de danos pelo granizo, e apesar de seu elevado custo, seu emprego tem aumentado em pomares de macieiras nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
É uma tecnologia de grande eficiência para controle de danos provocados por este evento climático, porém, tem um impacto significativo na fisiologia da macieira, com reflexos no crescimento/desenvolvimento das plantas, capacidade produtiva e qualidade dos frutos.
Dentre as principais implicações do uso da tela antigranizo na cultura da macieira pode ser destacado o aumento do desenvolvimento vegetativo, possíveis problemas quanto ao manejo da carga de frutos e menor desenvolvimento da coloração dos frutos. Frente a esses problemas, a utilização do sistema de tela antigranizo exige também a compreensão da necessidade de um manejo diferenciado, uma vez que as condições de microclima, sombreamento, crescimento e desenvolvimento das plantas são diferentes do manejo utilizado em plantas conduzidas sob céu aberto.
Investimento
O custo de utilização do sistema de proteção com telas antigranizo varia de R$ 35.000,00 a R$ 55.000,00 por hectare. Menores custos são verificados quando produtores/empresas dispõem de sistema próprio para tratamento dos postes utilizados para suporte à tela antigranizo.
A elevada frequência e severidade do granizo nas principais regiões produtivas de macieira, sobretudo nas de maior altitude, justifica a utilização do sistema. O retorno do investimento será obtido já ao primeiro ano após a instalação, quando da ocorrência do granizo nesse período.
Pesquisas em andamento
A Embrapa Uva e Vinho, por meio da Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado (EFCT), tem realizado pesquisas direcionadas à produção de macieiras sob tela antigranizo, visando a regularização dos índices produtivos e melhoria da qualidade de maçãs produzidas em ambiente protegido.
As ações de pesquisa são direcionadas em duas frentes: 1) caracterização dos efeitos das telas antigranizo na resposta produtiva de macieiras no Sul do Brasil; e 2) aperfeiçoamento de tecnologias no manejo de pomares de macieira sob tela antigranizo.
As ações de pesquisa relacionadas à caracterização dos efeitos das telas antigranizo na resposta produtiva da macieira contemplam a avaliação de diferentes tecnologias de tela antigranizo, dentre as quais podem ser destacadas as telas antigranizo fotosseletivas e as telas com menores níveis de sombreamento.
Mediante a parceria entre Embrapa Uva e Vinho, Agropecuária Schio e Polysack foi implantado projeto para avaliação de telas fotosseletivas (telas com a propriedade de alterar o espectro de luz) na cultura da macieira (Chromatinet® Leno Perola, Chromatinet® Leno Amarela, Chromatinet® Leno Vermelha, Chromatinet® Leno Azul), comparando-as com as telas antigranizo preta, mista e ao ambiente sem tela antigranizo.
Paralelamente a essa ação de pesquisa, estão sendo avaliados protótipos de tela antigranizo com níveis de sombreamento inferiores a 12% (telas da Têxtil Kopruch e telas da Roma). Além dos impactos na resposta produtiva da macieira, parâmetros relacionados à durabilidade das telas estão sendo mensurados. Com o conjunto de ações nesse segmento, espera-se dispor de informações técnicas para subsidiar técnicos/produtores na escolha das telas antigranizo para cobertura dos pomares.