A projeção de custos
de produção das lavouras de milho e soja de verão apontam níveis de elevação
preocupantes. É o que mostra novo levantamento realizado pela Federação das
Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS).
Segundo a entidade, isto é reflexo dos aumentos dos preços de insumos como
fertilizantes e defensivos, além das máquinas, implementos e combustíveis.
Alguns produtos tiveram elevação superior a 150% nos últimos 12 meses,
ocorrendo também falta de oferta de alguns insumos, bem como a restrição da
oferta de diesel. Os novos patamares de custos, tanto no milho como na soja,
indicam uma tendência forte de queda de rentabilidade nas duas culturas,
reduzindo em 40,28% no milho e em 36,21% na soja no final do ciclo.
A projeção da entidade, com base nos preços de 1º de novembro de 2021, no caso
da soja, indica uma perda por parte do produtor na relação de troca de 48,8% em
número de sacas necessárias para pagar o custo total de produção, que era de
26,11 sacas, e agora indica uma necessidade de colher 38,85 sacas. Já em
relação ao desembolso, o produtor precisará colher 26,63 sacas contra 16,90 na
safra passada, uma elevação de 57,54%. Isso reduz significativamente a
rentabilidade futura apesar dos preços no mercado permanecerem aquecidos.
No caso do milho, a relação de troca sofreu impacto maior pelo fato de usar
mais insumos do que a soja. Com isso, o produtor vai precisar colher 108,58
sacas por hectare para cobrir o custo total de produção ante as 69,16 sacas da
safra anterior, um aumento de 57% de produção diante do atual patamar de
custo. Em relação ao desembolso, o produtor sofreu impacto maior e vai precisar
produzir 82,43 sacas por hectares frente as 49,04 sacas na safra passada, uma
elevação de 68,07%.
Outras atenções, conforme a entidade, ficam por conta da possível restrição de
oferta de alguns insumos para a próxima safra, a questão climática e a
manutenção dos atuais preços para que os produtores não venham a perder ainda a
rentabilidade. Segundo a FecoAgro/RS, qualquer queda de produtividade poderá
gerar prejuízos aos produtores.
Portanto, de acordo com a entidade, o quadro indica que o produtor terá que
fazer um bom manejo da lavoura e contar com boas condições de clima para obter
uma boa safra. Enquanto o custo da soja subiu 52,1% e do milho 65,64%, a
variação de preço no mesmo período de 12 meses foi de 2,69% na soja e de 5,48%
no milho. A expectativa é de um aumento de área de soja superior a 3,5%,
ultrapassando os 6,3 milhões de hectares, e no milho a expectativa é de uma
área acima de 820 mil hectares, 5% a mais em relação à safra passada.
Segundo o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, o produtor respondeu em
aumento de área plantada, mas não contava enfrentar tamanha elevação de custos.
“Diante dos altos riscos que o produtor enfrenta na produção, ele precisa se
proteger com seguro agrícola para se prevenir de eventuais danos causados por
fatores como clima e mercado, evitando assim possíveis prejuízos maiores”, observa.