21.6 C
Uberlândia
sexta-feira, abril 26, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosFlorestasDeficiência de fósforo limita produção florestal

Deficiência de fósforo limita produção florestal

 

Gustavo Alves Santos

Engenheiro agrônomo e doutorando em Agronomia/solos na UFU

Lísias Coelho

Engenheiro florestal, Ph.D. e professor da UFU

lisias@iciag.ufu.br

 

Deficiência de fósforo limita produção florestal - Crédito Ademir Torchetti
Deficiência de fósforo limita produção florestal – Crédito Ademir Torchetti

Resumidamente, a importância do fósforo (P) para as plantas está no fato de que esse nutriente é um componente das moléculas de preservação e transferência de energia, que é usada pela célula nos processos de fotossíntese, biossíntese de amido e de gorduras, além do processo ativo de absorção de nutrientes.

Além disso, o fósforo faz parte também da estrutura de carboidratos, fosfolipídeos de membranas celulares, coenzimas e ácidos nucleicos.

Fósforo x produção

A limitação da produção florestal se dá devido à participação desse nutriente nos processos citados acima, os quais são fundamentais pra o bom desenvolvimento e produção vegetal. Ou seja, a deficiência de fósforo compromete a produção de energia pela planta, e consequentemente o processo de fotossíntese e também a absorção de demais nutrientes essenciais.

Como consequência, pode-se citar o exemplo do que ocorre no campo, quando em condições de deficiência severa ocorre drástica redução do tamanho das plantas, que ficam completamente arroxeadas.

O efeito da deficiência de fósforo na produção de espécies florestais precisa ser determinado em campo, o que exigiria um período muito longo (sete anos ou mais).

Indisponibilidade do fósforo pela planta

Um dos fatores responsáveis pelas perdas de fósforo, tornando-o indisponível para a absorção pela planta, é a erosão do solo, que resulta em perdas de matéria orgânica e partículas coloidais às quais o fósforo está ligado.

Além dessa, outra importante forma pela qual o fósforo se torna indisponível no solo é pela fixação. Esse fenômeno ocorre quando o fósforo se liga aos óxidos de ferro e alumínio, ricamente presentes em solos ácidos. Essa ligação resulta na indisponibilização do nutriente para as plantas devido à formação de compostos de ferro e alumínio com o fósforo.

Isso faz com que o fósforo, mesmo sendo aplicado pela fosfatagem, “desapareça“, e a planta não consiga absorvê-lo em quantidades adequadas.

Dosagem ideal

A dose de fósforo depende basicamente do tipo de solo onde o eucalipto será plantado, visto que todo o fósforo exigido deve ser fornecido na adubação de plantio. Para a produção de mudas, em mistura com o substrato a ser utilizado, recomenda-se doses de P2O5 em torno de 640 g m-3.

Na ocasião do plantio das mudas no campo, caso os teores de fósforo no solo da área estejam acima do nível crítico (4,3 a 4,5 mg dm-3 para solo arenoso e 6,2 a 6,5 mg dm-3 para solo argiloso, considerando respectivas produções de 20 a 50 m-3 ha-1 ano-1), deve-se aplicar aproximadamente 20 g de P2O5 por cova (20 x 20 x 20 cm) de plantio, se o solo for arenoso, e 30 g de P2O5 se o solo for argiloso.

No caso de solo com textura média, recomenda-se uma quantidade intermediária de P2O5, em torno de 22,5 g por cova. Nessas duas situações, enfatiza-se a importância da utilização do superfosfato simples, como fonte de P, de modo a suprir a necessidade de enxofre (S) das mudas, em razão da grande resposta que tem sido obtida pela aplicação desse outro nutriente.

Para teores do nutriente no solo inferiores à metade dos níveis críticos citados, deve-se incorporar 600 kg ha-1 de fosfato natural, em um sulco ao lado da linha de plantio. Caso a disponibilidade de P no solo esteja entre a metade e o nível crítico, reduzir essa dose para a metade.

Se for detectada deficiência de fósforo por monitoramento nutricional entre 12 e 24 meses de idade, realizar adubação de correção ou manutenção, entre 18 e 30 meses, com o uso de fontes solúveis como superfosfato simples, superfosfato triplo ou MAP. A aplicação poderá ser realizada sobre a superfície do solo em área total em solos arenosos.

Normalmente, as raízes ativas nesses solos encontram-se nos primeiros centímetros. Em solos argilosos, deve-se dar preferência para a aplicação em sulcos superficiais de 10-15 cm de profundidade, em entrelinhas alternadas, desde que não haja a presença de tocos nas entrelinhas.

Custo

O custo da aplicação de fósforo deve considerar, como nos demais casos, a dose a ser utilizada e a concentração do nutriente no fertilizante. Fertilizantes mais concentrados e de maior solubilidade tendem a ser mais caros, porém, economiza-se com transporte e aplicação, além de resultarem em pronta disponibilização do nutriente ao solo.

Em contrapartida, fontes de baixa solubilidade e/ou de menor concentração podem ser mais baratas, mas há de se considerar maiores despesas, tanto para transportar quanto para aplicar os maiores volumes desse tipo de material.

A vantagem na sua utilização está no fato de que a floresta apresenta um ciclo bastante longo, o que faz com que a liberação a longo prazo do fósforo contido nesses materiais possa atender a necessidade da planta quando não há mais fornecimento do nutriente proveniente de uma fonte solúvel aplicada a priori.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro/março da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira a sua para leitura integral!

 

ARTIGOS RELACIONADOS

MS ganha destaque na geração de energia a partir da queima da madeira

Mato Grosso do Sul contará com seis termoelétricas gerando energia elétrica a partir da queima de madeira de eucalipto nos próximos anos, uma novidade...

Belo Horizonte sedia um dos maiores eventos de café do mundo

Semana Internacional do Café (SIC) – em novembro - chega à sétima edição com promoção de negócios ao café especial brasileiro e atividades de conexão entre...

Novo controle da cercosporiose em milho

Dagma Dionisia da Silva Luciano Viana Cota Rodrigo Véras da Costa Engenheiros agrônomos, fitopatologistas e pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo   A cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) foi observada na...

Chegou a vez das PANCs

Autora Cristina Maria de Castro Pesquisadora científica da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!