Liliane Marques de Sousa
Engenheira agrônoma e mestranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
liliane.engenheira007@gmail.com
Walleska Silva Torsian
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – ESALQ/USP, Departamento de Produção Vegetal
walleskatorsian@usp.br
Alasse Oliveira da Silva
Engenheira agrônomo e mestrando em Fitotecnia – ESALQ/USP
alasse.oliveira77@usp.br
A hidroponia é um sistema de cultivo protegido que tem sido muito usado pelos agricultores em todo o mundo, especialmente pelos produtores de hortaliças, devido às suas inúmeras vantagens agronômicas e econômicas.
A produção em sistema hidropônico concentra cerca de 80% na cultura da alface e os 20% restantes das demais culturas de importância econômica, com destaque para a rúcula, agrião, tomate, melão, hortelã e manjericão.
O sistema de cultivo hidropônico é uma técnica moderna de cultivo de plantas praticada pela agricultura mundial. No Brasil, a hidroponia vem crescendo principalmente nas áreas urbanas e periurbanas, pois nesses locais o cultivo em sistema hidropônico é uma atividade viável, porque possibilita o cultivo de plantas em situações impróprias para a prática da agricultura em solo.
Por outro lado, nota-se que o aumento da demanda por alimentos e novas tecnologias gera uma maior poluição ambiental. Dessa forma, ao mesmo tempo em que os sistemas hidropônicos permitem facilidades e maior controle da produção de olerícolas, de outro lado, podem provocar inconvenientes ambientais e problemas de saúde pública, tais como:
a) Acelerada eutrofização de ambientes aquáticos;
b) Efeitos tóxicos nos vegetais, animais e na humanidade pela liberação de efluentes no meio ambiente.
Solução nutritiva
Na prática, a solução nutritiva é totalmente descartada após a absorção parcial ou total dos nutrientes pelas plantas cultivadas, porém, se esse descarte for realizado de forma incorreta, pode provocar alguns problemas ao meio ambiente. Isso pode ocorrer porque o efluente hidropônico é rico em nutrientes como fósforo, nitrogênio, enxofre, cálcio e zinco.
Apesar desses elementos serem essenciais ao crescimento e desenvolvimento dos vegetais, eles podem ser fontes de contaminação quando não descartados de forma irregular. Exemplificando, o efluente descartado no esgoto e no solo com grande quantidade de fósforo e de nitrogênio inorgânicos pode contaminar o solo, o lençol freático e os corpos hídricos.
A presença no ambiente aquático de compostos ricos em N, P e metais pesados causa sérios problemas de eutrofização e de intoxicação nos seres vivos, degradando a qualidade da água.
Como evitar
Uma das alternativas para evitar ou minimizar esses inconvenientes econômicos e ambientais durante a produção de hortaliças é a reposição periódica dos nutrientes. Apesar de ser um grande desafio, esse manejo possibilita um manejo racional e sustentável, evitando o despejo de contaminantes nos corpos hídricos e no solo.
Além disso, essa técnica contribui para o bom crescimento e desenvolvimento dos vegetais, já que fornece constantemente os nutrientes essenciais ao bom desempenho das plantas, podendo resultar em maior produção devido ao equilíbrio diário da solução fornecida aos vegetais.
Consequências do descarte incorreto
Geralmente, os adubos e fertilizantes utilizados na agricultura possuem na sua composição grandes concentrações de nitrogênio e fósforo, os quais são elementos com grande potencial de poluição dos corpos hídricos, visto que as enxurradas carreiam para os rios os fosfatos e nitratos e as altas concentrações desses nutrientes nesses ambientes aquáticos causam contaminação ambiental.
Outra maneira desses elementos atingirem os mananciais de água é através da infiltração no solo, chegando ao lençol freático e, posteriormente, aos corpos hídricos. Com esse enriquecimento do ambiente aquático as plantas e o fitoplâncton ficam bastante nutridos e multiplicam-se rapidamente, principalmente as algas, e essa grande quantidade de organismos absorve o oxigênio da águam causando o anacrobismo do meio.
Em consequência, ocorre a morte de plantas e animais que, ao entrarem em decomposição, provocam odor e sabor desagradável da água, aumentando a poluição do ambiente.
Alerta
Outra problemática do descarte incorreto da solução nutritiva é a salinização do ambiente, pois as altas concentrações de sais nesse efluente pode salinizar os solos, tornando-os impróprios para a agricultura.
Além disso, é importante salientar a presença de metais pesados na água e nos efluentes liberados no ambiente, que quando são descartados em locais impróprios podem contribuir para o aumento da poluição dos corpos hídricos. Como consequência, pode gerar problemas para a vida aquática.
Por sua vez, esses elementos são cumulativos, como níquel, cobre, zinco, molibdênio e nitrato ao longo da cadeia eutrófica e podem produzir efeito tóxico e induzir mudanças teratogênicas em plantas, animais e em seres humanos. Além do mais, permanecem nos sedimentos, sendo liberados na água receptora final.