18.5 C
Uberlândia
domingo, novembro 24, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosFlorestasDesrama de árvores para serraria; Até onde ela vai?

Desrama de árvores para serraria; Até onde ela vai?

 

Eduardo Stehling

Biólogo responsável pelo projeto de melhoramento do Cedro Australiano da BV Florestal

pesquisa@belavistaflorestal.com.br

 

Créditos Bela Vista Florestal
Créditos Bela Vista Florestal

Todos já ouvimos a informação de que árvores que passaram pela operação de desrama valem mais que árvores não desramadas. Fato ou mito? Neste texto continuarei discutindo a questão da desrama em árvores para produção de madeira serrada.

Conhecer a finalidade da madeira antes de iniciar um projeto florestal é fundamental para o sucesso. Existem usos no qual a desrama agrega valor e usos que não.

Na madeira usada em movelaria, forros e acabamentos para construção civil a desrama é necessária. Florestas destinadas à produção de celulose e energia já não necessitam de desrama. É muito importante pesquisar se quem comprará a madeira pagará a mais pelo diferencial. A desrama, por exemplo, não influencia a qualidade ou preço da madeira serrada para paletes e embalagens.

Corte preservando as estruturas colar e crista dos galhos, menor ferimento e regeneração mais rápida
Corte preservando as estruturas colar e crista dos galhos, menor ferimento e regeneração mais rápida

Desrama

Muitos clones de eucalipto apresentam um fenômeno conhecido como desrama natural, que trata da mortalidade dos galhos formados na estação de crescimento anterior. Este termo frequentemente engana o silvicultor, que acha que pelo fato dos galhos terem morrido, não precisa retirá-los, já que ocorreu uma “desrama natural“.

Como já discutido no artigo anterior, estes galhos mortos devem ser urgentemente removidos, pois são eles que formarão nós na madeira. Nas madeiras de alto valor agregado, como cedros, mognos, teca, etc., a desrama é imprescindível devido à finalidade que a madeira terá e não deve faltar no planejamento.

Colar e crista do galho, 7 mm de espessura
Colar e crista do galho, 7 mm de espessura

Custo

O custo da desrama está ligado à cultura utilizada, pois cada espécie tem seus pré-requisitos. Realizar a desrama do chão com um extensor de alumínio reduz os custos, o risco operacional e simplifica muito a operação.

Florestas seminais oferecem maior dificuldade e custo, enquanto em florestas clonais a uniformização otimiza muito o processo. Algumas espécies, como a Teca e um tipo de mogno africano (Khaya senegalensis), apresentam madeira muito dura e com muitos galhos de grande diâmetro na inserção do tronco, sendo esta uma desrama de maior dificuldade.

Outras, como o cedro australiano (Toona ciliata) e o mogno africano (Khaya ivorensis), apresentam madeira mais leve, o que facilita a operação. O eucalipto é uma espécie com grande exigência de desrama, pois possui muitos galhos finos para serem podados.

Créditos Bela Vista Florestal
Créditos Bela Vista Florestal

Como fazer a desrama

O cedro australiano é uma espécie com necessidade média de desrama, mas que é simplificada devido à madeira macia e à uniformidade de brotações que os clones proporcionam. Mas onde podar os galhos, afinal? É rente ao tronco? Deixo um “cabide“? Tem uma espessura certa?

Cada caso com suas particularidades, usarei como exemplo o cedro australiano. A regra básica é nunca exceder 35% do volume de copa (massa de folhas), se não quiser mortalidade de raízes na planta. Plantas que têm a copa suprimida tendem a superbrotar após o evento de poda drástica.

Muitas espécies possuem estruturas bem visíveis na base dos galhos, conhecidas como crista e colar. Em galhos mais velhos e que já não contribuem tanto para a planta, a crista e o colar se desenvolvem num processo de antecipação da perda do galho.

Deixar cabides, nem pensar! Já o corte muito rente remove estas estruturas, atrasando muito a cicatrização dos ferimentos, o que pode prejudicar a madeira produzida. O correto é deixar pelo menos metade delas, pois o ferimento é menor e se recupera mais rápido.

Recomendações

São necessários, em média, três anos para desramar o cedro australiano para obter um fuste comercial de 7 m livre de galhos. O normal é que neste período ocorram pelo menos três operações de poda.

Deve-se realizar a poda leve de condução do cedro, especialmente entre seis e 11 meses de idade. A segunda e terceira poda são mais pesadas, e devem ocorrer aos 18 e 30 meses, sempre de baixo para cima e respeitando o limite de 35% de volume da copa, mantendo nas plantas os galhos jovens e recém-formados para que ela continue com o crescimento.

É muito discutida a questão de até onde deve ser realizada a desrama no fuste. Isso depende do uso que a madeira terá e da forma como ela será cortada. Sugiro sempre que na condução da árvore sejam considerados 10 cm de toco e entre 10 e 15 cm de janela de corte com a motosserra, representando partes que serão perdidas nas plantas no momento da colheita.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro/março da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira a sua para leitura integral!

 

ARTIGOS RELACIONADOS

Experiência gastronômica sem igual

Entre as variedades de hortaliças especiais plantadas estão 22 opções para atender sempre com excelência seus clientes, como cinco tipos de baby alface Salanova e as mini folhas de alface, rúcula, radicchio e agrião, além dos temperos hidropônicos disponibilizados tanto em brotos quanto em maços.

Nova armadilha de feromônios para monitoramento de percevejo marrom

Miguel Borges Doutor em Entomologia e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Raul Laumann Doutor em Entomologia e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Maria...

Os benefícios da nutrição foliar para os pepinos

AutoresBruno Novaes Menezes Martins Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Horticultura - FCA/UNESP brunonovaes17@hotmail.com Letícia Galhardo Jorge Bióloga e mestranda em Botânica - IBB/UNESP leticia_1307@hotmail.com...

Controle da corda-de-viola em lavouras cafeeiras

Arthur Henrique Cruvinel Carneiro Técnico em Agricultura e Zootecnia, graduando em Agronomia na Universidade Federal de Lavras (UFLA), membro do Grupo de Estudos em Herbicidas,...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!