21.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 14, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioNotíciasE se o Brasil produzisse 100 milhões de toneladas de grãos a...

E se o Brasil produzisse 100 milhões de toneladas de grãos a menos?

por Eliane Kay, farmacêutica-bioquímica e diretora executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

Plantação de soja – Crédito shutterstock

Em plena pandemia do novo coronavírus, mais uma excelente notícia vem do campo. A safra brasileira de grãos que acaba de ser colhida foi recorde, atingindo 251,9 milhões de toneladas. Essa fantástica produção explica porque a oferta de alimentos mantém-se absolutamente normal num momento de extremo desafio para o país. Não só a disponibilidade interna segue no ritmo esperado, como as exportações do agronegócio continuam batendo recordes.

O que a sociedade não sabe é que essa colheita poderia ter quebra de 100 milhões de toneladas! Isso sem contar os prejuízos à produção de café, cana-de-açúcar, frutas, legumes, flores e outras culturas, que despencariam na mesma proporção.

Por trás do excepcional resultado da agricultura brasileira está um imenso desafio: o combate a diversas pragas, sempre à espreita de oportunidades para atacar os cultivos agrícolas. A deficiência no tratamento pode ser desastrosa, já que o exército de fungos, bactérias, ácaros, vírus, plantas daninhas, nematoides e insetos é forte, resistente e difícil de vencer.

Estudos da ONU (Organização das Nações Unidas) indicam que as plantações sem proteção correta podem ter perdas de até 40% na produtividade.

À disposição dos agricultores brasileiros para combater esses males estão os defensivos agrícolas modernos e eficientes – devidamente analisados e aprovados por três instituições federais (Ministério da Agricultura, Pecuária e Agricultura/MAPA; Agência Nacional de Vigilância Sanitária/ANVISA e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/IBAMA) –, que protegem as plantas e grãos armazenados com eficiência e controlam as implacáveis pragas que assolam as mais diferentes culturas.

Recente estudo do CEPEA/USP oferece números ainda mais dramáticos na produção agrícola, caso os cultivos não contassem com a proteção dos defensivos. A renomada instituição analisou os prejuízos advindos da ausência de agroquímicos contra três terríveis pragas: ferrugem asiática (soja), lagarta (milho) e bicudo (algodão). Conclusão: os sojicultores precisariam investir R$ 33 bilhões para obter a mesma produtividade e o custo interno da soja subiria 22,9%. Quanto ao milho, o gasto adicional para atingir a mesma produção atingiria R$ 25,3 bilhões e o custo no mercado doméstico seria 13,6% superior. Com o algodão não seria diferente: seriam necessários investimentos de R$ 2,53 bilhões para chegar à mesma produção e os preços no país aumentariam 5,5%. Juntas, as três culturas causariam impacto de praticamente 1% na inflação oficial.

Os dados do CEPEA/USP corroboram conclusões de dezenas de instituições nacionais e internacionais que mostram que os defensivos agrícolas controlam pragas e plantas daninhas, protegem os cultivos e contribuem para o aumento da produtividade com eficiência e segurança. Com a oferta maior de alimentos, os preços caem. Além disso, mais produção por área evita a ampliação de área de cultivo, agregando o fator de sustentabilidade ao campo.

Nunca é demais lembrar que as pragas são inimigos terríveis, que atacam os cultivos, e grãos armazenados, provocando doenças e reduzindo a capacidade de produção. Com essa ação implacável de pragas e doenças, cai dramaticamente a oferta de grãos, fibras e energia para o consumo das pessoas. Ou seja: na prática, as pragas competem com os seres humanos pelos mesmos alimentos. E sem o uso de defensivos as pragas venceriam essa batalha.

Também é importante destacar que a combinação entre temperatura elevada e umidade, próprios do clima tropical, é ideal para a proliferação das pragas. Em outras palavras: o Brasil é o habitat perfeito para elas.

Por outro lado, o clima tropical possibilita ao Brasil ter, em algumas culturas, até três safras por ano. Essa realidade ajuda a explicar o boom da nossa agricultura nas últimas décadas, que ajudou o Brasil a deixar de ser importador para ser um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas. Em 2019, o agro exportou US$ 96 bilhões.

O fato é que, ao contrário do que vem sendo mal propagado, o Brasil é um dos países que menos usam defensivos por área. Não obstante, estamos entre os maiores produtores agrícolas do planeta.

Outra boa notícia é que os defensivos agrícolas estão ganhando a batalha contra as pragas e plantas daninhas.

Por isso, fique à vontade para consumir alimentos agrícolas produzidos no Brasil. Com a ajuda dos produtores, técnicos, insumos, distribuição, agroindústria, logística e varejo, a agricultura está fazendo a sua parte.

ARTIGOS RELACIONADOS

Café: uniformidade do grão

Impactada pela bienalidade negativa e também por más condições climáticas, a safra de café 2021 ...

Trigo de safrinha

A fronteira agrícola para as culturas de safrinha no Cerrado tem o tamanho, no mínimo ....

Oportunidade de safrinha sem riscos

O crambe é uma planta da família das crucíferas, com boa tolerância a variações climáticas,...

Safra de batata 2021

A estimativa de safra de batata para 2021 prospecta um aumento de 3,5%, de acordo com ...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!