A Embrapa Agroenergia, uma das 43 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Brasília-DF, assina três novos Acordos de Cooperação Técnica e Financeira para a criação de tecnologias para a produção de biomassa para fins industriais e de insumos biológicos. Os contratos estão sendo assinados com os parceiros Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Carbom Brasil Fertilizantes Ltda. (Carbom), e Satis Indústria e Comércio Ltda. (Satis). Os projetos contam com o apoio da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
No modelo Embrapa-Embrapii-Empresas privadas, foi assinado o contrato de codesenvolvimento de bioprodutos com a Carbom Brasil, empresa que tem sede em Formosa-GO. O acordo foi assinado no estande da Embrapa na feira AgroBrasília e o projeto tem por premissa obter insumos biológicos (biofungicidas), a partir de fermentados de macrofungos para o controle de fungos fitopatogênicos que acometem algumas culturas vegetais importantes para o agronegócio brasileiro (soja e feijão). O projeto está sob coordenação do pesquisador Félix Siqueira, da Embrapa Agroenergia, com a cooperação da Embrapa Arroz e Feijão.
De acordo com Siqueira, “espera-se com essa parceria de codesenvolvimento e inovação aberta entre a Embrapa-Embrapii-Carbom obter ativos tecnológicos para formulação de bioinsumos multifuncionais para aplicação nas diferentes culturas agrícolas brasileiras”.
O acordo de cooperação técnica com a empresa CTC, que tem sede em Piracicaba-SP, será assinado nesta quinta-feira (25), na cerimônia de aniversário de 17 anos da Embrapa Agroenergia. O contrato tem como objeto a execução do projeto de pesquisa intitulado “Traits para aumento da concentração de sacarose e tolerância ao alumínio em cana-de-açúcar”, sob a liderança do pesquisador da Embrapa Agroenergia Adilson Kobayashi.
As tecnologias que serão avaliadas podem reduzir custos de manejo de solo e aumentar a produtividade, além de outros benefícios que serão investigados.
“O projeto foi desenhado para melhorar dois traits distintos, a tolerância ao alumínio e aumento do acúmulo de sacarose, por meio de ferramentas de biotecnologia molecular”, como explica Rodrigo Fragoso, pesquisador da Embrapa Agroenergia que faz parte dos estudos.
Com a empresa Satis, sediada em Araxá-MG, o contrato também será assinado nesta quinta-feira (25), durante o aniversário da Embrapa Agroenergia. O acordo prevê a cooperação técnica para evoluir no desenvolvimento de um produto com ação bioestimulante. Trata-se de segunda etapa de desenvolvimento tecnológico de produto obtido em projeto anterior, também com fomento da Embrapii.
“A parceria tem como objetivo produzir células e sobrenadantes microbianos com características adequadas para ação como bioestimulante para soja”, disse Mônica Damaso, pesquisadora da Embrapa Agroenergia e líder do projeto. O projeto também conta com colaboração da Embrapa Cerrados e da Embrapa Milho e Sorgo.
O resultado esperado com o desenvolvimento desta parceria, que tem duração estimada de 36 meses, é uma mistura bioestimulante contendo células e sobrenadantes de linhagens isoladas de biomas brasileiros, caracterizada para a finalidade de aumento de produtividade do cultivo de soja.
Inovação Aberta
Os contratos de parcerias foram firmados na lógica de inovação aberta, adotada pela Embrapa Agroenergia desde 2017, quando o foco passou a ser a geração de ativos pré-tecnológicos e tecnológicos para inserção no mercado de inovação.
Os projetos de inovação aberta com o setor produtivo têm como base o modelo da Embrapii e têm foco na cocriação e no codesenvolvimento de produtos mediante a contrapartida dos parceiros do setor privado.
Em julho de 2021, a Embrapa Agroenergia foi recredenciada pela Embrapii para desenvolver projetos em Bioquímica e Química de Renováveis, com a finalidade de atuação ampliada para parcerias na área de Tecnologia da Biomassa. O novo convênio tem vigência até maio de 2026, com valor estimado para investimentos em novos projetos de cerca de R$22 milhões.
“A Embrapa Agroenergia vem trabalhando em parceria do setor produtivo há alguns anos, com o objetivo de desenvolver projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) para a geração de tecnologias para o setor agro (industrial) e para a sociedade. Somos credenciados, desde 2016, como Unidade Embrapii, e, com isso, temos uma ferramenta ágil e flexível para a contratação de projetos de inovação com o setor industrial”, disse Patrícia Abdelnur, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia.
Segundo a gestora, esses contratos permitem a realização de projetos que promovem a inovação, seja disruptiva ou incremental, nas empresas, e, consequentemente, na criação ou no codesenvolvimento de novas tecnologias, sejam produtos ou processos.
“A transferência da tecnologia é mais assertiva, pois o parceiro está envolvido desde o início do projeto, ajudando na evolução do nível de maturidade tecnológico dos produtos e dos processos (TRL/MRL), e, normalmente, a comercialização é realizada pela empresa parceira.
A Embrapa Agroenergia possui mais de 20 projetos/contratos de PD&I com o setor produtivo, totalizando cerca de 35 milhões de reais, sendo que os mais recentes estão divulgados nesta matéria”, concluiu Abdelnur.