A 26ª edição da Expocafé foi aberta ao público nesta quarta-feira, 17 de maio, a partir das 8h, no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) em Três Pontas. O evento, que segue até a sexta-feira (19), tem como atrações exposição de máquinas, palestras e plantões técnicos, dinâmicas de máquinas, Expocafé Mulheres e atividades nos espaços Aroma e Sabores e Produtor Inovador.
A programação técnica da Expocafé teve início nesta terça-feira, com a realização do 12º. Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira. O evento destinado a participantes previamente inscritos antecede a abertura da feira ao público. “Nossa intenção ao escolher a véspera foi, justamente, ter um dia dedicado exclusivamente às discussões técnicas. E optamos pelo tema mecanização, porque esta é a espinha dorsal da feira desde sua criação em 1998”, afirma o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Fábio Moreira, um dos coordenadores do evento.
O coordenador técnico da Expocafé, César Botelho, conta que a programação desta edição buscou agregar temas que atendam a demandas emergentes. “Optamos por assuntos atuais e de relevância para os cafeicultores, que vão além da mecanização”. O diretor de Operações Técnicas da EPAMIG, Trazilbo de Paula, também destacou a atualidade dos conteúdos abordados pelo Simpósio. “Trata-se de um evento prático, que é voltado para a realidade do cafeicultor”.
A diversidade dos temas foi comprovada nas apresentações. O primeiro tema destacado foi ‘Cenários, perspectivas e estratégias para o mercado de café em 2023’, ministrado pelo consultor Safras & Mercado, Gil Barabach. Na palestra o economista alertou para a necessidade de o produtor estar atento às oscilações de mercado e definir estratégias de comercialização e de rentabilidade. “Nos últimos anos, a safra foi menor e o preço das commodities em geral estava em alta, neste ano devemos ter mais café disponível e o cafeicultor deve fazer gestão de riscos e de oportunidades antes da tomada de decisão”.
As ações do Programa de Melhoramento Genético do Cafeeiro liderado pela EPAMIG foram abordadas pela assessora técnica Vanessa Figueiredo que destacou os resultados dos projetos de avaliação do desempenho de cultivares de café para as regiões Sul de Minas e Cerrado Mineiro. Os trabalhos, em parceria com a Embrapa Café, a Cooxupé e a Federação de Cafeicultores do Cerrado, envolveram a coleta de dados de produtividade e qualidade em propriedades particulares de diferentes microrregiões produtoras no quadriênio 2019 – 2022.
“O trabalho de melhoramento constitui no desenvolvimento de cultivares com características especiais como resistência à ferrugem, ao bicho mineiro e a alguns tipos de nematoides, além de variedades mais produtivas e adequadas às necessidades dos cafeicultores”, aponta.
Outros assuntos abordados foram: equilíbrio biológico do bicho mineiro com uso de crisopídeos, nutrição, certificação, melhoria do solo, mecanização para sistemas de cafeicultura sustentável e cafeicultura de montanha. Os participantes também puderam fazer perguntas diretas aos palestrantes.
Exposição de máquinas
Dentre os destaques da feira estão as máquinas de pequeno porte, adaptadas inclusive para o manejo na cafeicultura de montanha ou em lavouras familiares, e os drones voltados para a pulverização. É o que aponta o coordenador técnico da Expocafé, César Botelho. “Neste ano, vejo que os expositores estão bastante preocupados em oferecerem máquinas menores que possibilitem a mecanização mesmo em regiões de alta declividade, o que antes era impensável. Então há equipamentos pequenos que podem ser conduzidos por veículos como motos e utilizados em produções familiares de pequena escala”.
De acordo com o pesquisador, máquinas tradicionalmente grandes, como colhedoras, estão sendo adaptadas para operarem em áreas de pequeno porte, suprindo a falta de mão de obra e possibilitando a mecanização de colheitas de primeira safra, normalmente realizadas à mão. Outro exemplo são os recolhedores de café do chão, que é parte da rotina colheita. “Vemos máquinas menores preparadas para o trabalho em lavouras mais compactas. É importante destacar que são máquinas utilizadas nas várias etapas da produção, desde a adubação, pulverização, controle de mato até a própria colheita”, lembra César.
O pesquisador também cita o crescente uso de drones na cafeicultura, inclusive por pequenos produtores, que têm contratado cada vez mais empresas que prestam serviços com veículos aéreos não tripulados. “Antes o drone era usado apenas para monitoramento e georreferenciamento, mas hoje já observamos outros tipos de aplicação. O uso mais comum tem sido na pulverização, mas também há drones para o controle biológico de pragas e doenças, que realizam a soltura de ovos de predadores naturais, como os crisopídeos, nas lavouras”, completa o pesquisador.