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terça-feira, maio 7, 2024
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Falta de magnésio e correção do solo

A falta de magnésio no solo pode comprometer o crescimento das plantas, mas há solução

Risely Ferraz Almeida
Doutora e professora – MBA Agronegócio USP/ESALQ
risely.ferraz@gmail.com

Alguns fatores interferem na disponibilidade do magnésio para as plantas, como o pH da solução do solo, teor de argila e o balanço dos demais nutrientes, fundamentais para o desenvolvimento da planta.
Para identificar a carência de magnésio, é necessário observar sintomas, como a clorose (amarelecimento) em nervuras de folhas mais velhas.

Macronutrientes

O magnésio (Mg), juntamente com o cálcio (Ca) e o enxofre, são considerados macronutrientes secundários, devido à menor exportação pelas plantas, quando comparado com os macronutrientes primários (nitrogênio, fósforo e potássio).
Nas plantas, o magnésio tem uma concentração média variando entre 1 a 10 g kg-1 na matéria seca da parte aérea, considerada uma concentração inferior ao nitrogênio, fósforo e potássio, assim como uma concentração inferior ao cálcio.
Os teores adequados de magnésio variam entre 3,0 a 5,0 g kg-1 para o desenvolvimento normal das plantas.

Composição

No solo, o Mg está presente na constituição dos minerais (exemplo, dolomita: CaCO3.MgCO3, e magnesita: MgCO3) que pode formar rochas sedimentares e/ou metamórficas (exemplos de sedimentares: calcário e dolomito).
Na solução do solo, o magnésio é encontrado na forma catiônica (Mg2+), que pode estar adsorvido de forma trocável (ligação iônica, fraca) na superfície coloidal do solo (argila e/ou matéria orgânica) ou livre na solução do solo.
Na ordem de afinidade entre os cátions com a superfície coloidal do solo, o magnésio tem uma menor afinidade, comparado com o cálcio, devido ao maior raio iônico do Mg+2, que promove uma menor adsorção, podendo ser lixiviados na camada arável do solo.

Disponibilidade de magnésio

Os solos brasileiros, caracterizados como tropicais com alto intemperismo, geralmente em condição natural, apresentam baixa disponibilidade de magnésio devido ao processo de lixiviação e, portanto, uma menor quantidade de magnésio no solo em relação à disponibilidade de cálcio.
Além disso, outros fatores podem contribuir para as perdas de Mg no solo, como a alta umidade que promove a lixiviação do Mg+2, principalmente em solos arenosos, devido à menor quantidade de cargas.
Na planta, o Mg é considerado bastante móvel no xilema e floema, com um transporte e redistribuição na forma iônica (Mg2+). O Mg é parte constituinte do centro da clorofila (a e b), com a função de manutenção da configuração esférica da clorofila.
Além disso, na planta o Mg atua nas ligações com ATP em várias reações da fotossíntese, sendo um importante ativador de várias enzimas na planta (exemplo, ativador das ATPases que atuam no complexo Mg-ATP) .

Deficiência

Os sintomas de deficiência de Mg ocorrem nas folhas velhas, devido à alta mobilidade na planta, demonstrando clorose internerval em forma de “V” invertido. Além desses sintomas, as plantas podem apresentar uma redução de produtividade e tamanho dos frutos, com a queda das folhas, ocasionalmente.
Em geral, as plantas apresentam sintomas de deficiência de Mg quando os valores de concentração são inferiores a 3,0 g kg-1.
Na camada arável do solo, os teores de Mg2+ trocável são classificados como baixo quando os valores são menores que 5,0 mg dm-3 (método resina de troca iônica), recomendando valores acima deste para classificar o solo com teores médios e altos de Mg no solo.

Atenção

Na relação do Mg com outros cátions no solo, é importante monitorar a relação entre Mg2+ e K+, pois quando a participação do potássio na CTC do solo for próxima ou superior aà participação do Mg, a planta tende a apresentar sintomas de deficiência de Mg.
Em áreas com aplicação de altas de doses de potássio, observam-se sintomas de deficiência de Mg nas plantas.

Suprimento de macronutrientes

Os macronutrientes secundários, geralmente, são supridos para as plantas via aplicação de corretivos de pH do solo e condicionadores, como calcário (Ca,Mg (CO3)2) e gesso agrícola (CaSO4.2H2O).
A calagem tem a função de neutralizar a acidez do solo e os efeitos tóxicos do alumínio na forma mais tóxica para as plantas (Al+3). O Ca está presente em quase todos os corretivos de solo, no entanto, o Mg vai depender da maior ou menor concentração do elemento no mineral presente no corretivo, como dolomita e magnesita.
O calcário dolomítico apresenta uma maior concentração de Mg na composição, com uma média de 30,4% de óxido de cálcio (CaO), e 21,95% de óxido de magnésio (MgO) e, por isso, se recomenda o uso do calcário dolomítico quando os teores de Mg são baixos no solo.

Fertilizantes solúveis

Nos últimos anos, fertilizantes solúveis contendo Ca e Mg têm sido utilizados na fertirrigação. Essas aplicações adicionais são recomendadas em sistemas de produção produtivos, onde o calcário não é suficiente para suprir a demanda da planta.
A aplicação de formas orgânicas também é apresentada para suprir a demanda de Mg pelas plantas juntamente com a aplicação de um calcário dolomítico, quando necessário.

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