Fábio Oseias dos Reis Silva
Ramon Ivo Soares Avelar
Ana Flávia Freitas
Doutores, professores e pesquisadores – Itac/Epamig de Pitangui (MG)
Tecnologias promissoras na eficiência nutricional estão sendo produzidas dentro do conceito dos “fertilizantes inteligentes” permitindo uma liberação lenta e/ou controlada dos nutrientes para as plantas (Figura 1).
Figura 1: Funcionamento geral dos fertilizantes de liberação controlada.
O uso dos adubos de liberação controlada para abacateiro requer a adequação de doses nos diferentes sistemas de produção, visando otimizar os insumos e garantir a viabilidade econômica na cadeia produtiva da cultura.
Trabalhos com fertilizantes de liberação controlada têm sido realizados na cultura do abacateiro mostrando excelentes resultados. Adicionado a isso, testemunhos de produtores corroboram com os resultados encontrados nas pesquisas realizadas com diversas frutíferas.
Entenda
O abacateiro é uma planta perene, ou seja, cultivada por vários anos em campo. Em função da sua longevidade, é necessário ser muito criterioso em relação a um dos principais pilares no cultivo dessa frutífera, que é a obtenção de mudas de qualidade.
As mudas devem possuir excelentes qualidades nutricionais e fitossanitárias para que haja um bom desenvolvimento após o seu plantio. Assim, as chances de obtenção de excelentes resultados aumentam de maneira significativa.
Na produção de mudas, observa-se em muitas situações que o uso de fertilizantes tradicionais/convencionais vem incorrendo em erros na nutrição das plantas, visto que as frequentes irrigações exigidas pelas mudas de abacateiro em conjunto com substratos com pouca retenção água e nutrientes têm favorecido a lixiviação dos elementos essenciais, com consequentes deficiências nutricionais.
Para suprir as necessidades nutricionais na produção de mudas de abacateiros, os parcelamentos na adubação aumentam consideravelmente, elevando, em contrapartida, o custo com mão de obra e fertilizantes.
De maneira geral, o uso desses fertilizantes tem aumentado ao longo dos anos não só em frutíferas, mas também em outras culturas perenes. De acordo com pesquisas, o uso dessa tecnologia tem sido uma alternativa na adubação de mudas frutíferas permitindo a disponibilização contínua e lenta dos fertilizantes para a planta e reduzindo as perdas por lixiviação.
No entanto, em seus trabalhos, os mesmos pesquisadores alertam que se deve usar a dosagem correta no momento correto para não ocorrer a salinização do solo ou substrato.
Técnica
Para a utilização dos fertilizantes de liberação controlada no abacateiro, deve-se adotar as práticas de implantação da cultura, como preparo das covas ou sulcos de plantio, uso de corretivos de solo, como a calagem e gessagem quando necessário, para garantir a disponibilidade dos nutrientes presentes nos fertilizantes para as plantas durante todo o período de liberação.
Antes de realizar a adubação, com número de parcelas reduzidas em relação à adubação convencional, deve-se realizar um estudo detalhado com os resultados encontrados na análise do solo para que não haja erros na aplicação ou redução no aproveitamento dos nutrientes.
Outro fator importante é adequar as dosagens de acordo com a exigência da cultivar, principalmente com a utilização de mudas enxertadas.
Detalhes
Na produção de mudas de abacateiro, os fertilizantes de liberação lenta são aplicados junto ao substrato na dosagem recomendada pelo fabricante e de acordo com a análise do solo. É recomendado misturar o fertilizante com o substrato comercial para que se obtenha um substrato final bastante homogêneo e enriquecido com os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta.
O abacateiro pode ser cultivado em diferentes tipos de solo, entretanto, é importante dar preferência a solos bem drenados, profundos, com ausência de camadas compactadas e com bastante matéria orgânica.
Nesse último caso, a matéria orgânica, além de disponibilizar macro e micronutrientes vai manter umidade, que favorece consideravelmente a disponibilização de nutrientes dos fertilizantes de liberação lenta.
O plantio do abacateiro geralmente é realizado em covas com profundidade de aproximadamente 40 a 50 cm. Após a implantação do pomar, torna-se difícil fornecer nutrientes nas camadas subsuperficiais, principalmente de micronutrientes de baixa mobilidade no solo.
Dessa forma, os fertilizantes de liberação lenta misturados junto à terra na cova de plantio poderão favorecer a nutrição do abacateiro, com disponibilidade ao longo do desenvolvimento das plantas.
Mais eficiência
O plantio das mudas de abacateiro é realizado no início do período chuvoso. Entretanto, a implantação com o uso de hidrogel pode manter a umidade do solo por um período mais prolongado, o que facilita o pegamento das mudas e pode aumentar a eficiência dos fertilizantes inteligentes, sobretudo nos períodos mais secos do ano.
Para a adubação de plantio são utilizadas doses de fósforo e potássio por cova de acordo com as necessidades encontradas no solo. Nas lavouras adultas, aplica-se somente uma dose no início do período da chuva, tendo em vista que não é necessário aumentar as parcelas de aplicação de N e K, pois nesse método as perdas por lixiviação são reduzidas.
Investimento x retorno
O uso de nutrição inteligente tem proporcionado um ótimo custo-benefício. Quando comparado com fertilizantes convencionais, o investimento inicial em fertilizantes de liberação lenta é maior, contudo, quando se leva em consideração o melhor aproveitamento pela cultura, redução do uso de maquinários, redução em custos com transporte e armazenamento, tem-se um produto de utilização viável.
Em culturas perenes, o uso de fertilizantes de liberação lenta é ainda mais rentável e vantajoso, quando comparado com culturas anuais. Fazendo-se um paralelo com a cultura do cafeeiro, de acordo com um estudo, constatou-se que o maior lucro bruto por hectare foi obtido quando utilizados fertilizantes de liberação lenta, o que torna a utilização da nutrição inteligente extremamente rentável ao produtor.
Há economia de 20 a 30% quando comparado a um fertilizante convencional, mantendo o mesmo rendimento do cultivo usando menos produto. Por meio da sincronização de liberação, os fertilizantes de liberação controlada melhoram a absorção de nutrientes pelas plantas, reduzem perdas por lixiviação, volatilização, entre outros benefícios.