Vanessa Junia Machado
Carlos Henrique Eiterer de Souza
Engenheiros agrônomos, doutores e professores do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
O nitrogênio figura entre os nutrientes mais limitantes à elevação dos Ãndices de produtividade em cultivos agrícolas, uma vez que é o mais requerido e extraÃdo pelas plantas cultivadas. Na planta, o nitrogênio possui as mais variadas funções, participando como componente desde as vitaminas até as moléculas de clorofila.
O fertilizante nitrogenado mais utilizado nas áreas sob cultivo tem sido a ureia, principalmente devido a sua concentração e ao baixo custo unitário. No entanto, também é a que apresenta maiores possibilidade de perdas, principalmente pela volatilização de amônia (NH3), processo que diminui a eficiência do fornecimento de N para as plantas quando utilizado esse fertilizante.
Volatilização de NH3
O fenômeno de volatilização de N-NH3 muitas vezes pode ser pequeno, totalizando de 01 a 15%, ou atingir valores extremamente altos, maiores que 50% do N aplicado. Baixos teores de matéria orgânica, reduzida capacidade de troca de cátions e baixa umidade no solo, assim como altas doses de N aplicado, alta temperatura, valores elevados de pH e maior presença de cobertura vegetal favorecem a volatilização da NH3 a partir da aplicação de alguns fertilizantes nitrogenados na superfície do solo.
Novas tecnologias em fertilizantes nitrogenados utilizando como base a ureia podem reduzir suas perdas por volatilização, o que pode proporcionar maior eficiência na aplicação, disponibilidade e absorção de N pelas plantas, acarretando maior desenvolvimento delas e maior produtividade.
Atualmente, existem várias possibilidades de escolha da fonte de nitrogênio (N) a ser utilizada. Em geral, para a escolha do fertilizante nitrogenado o produtor baseia-se, geralmente, no custo da unidade de N, na disponibilidade e na eficiência da fonte aplicada. Porém, durante o processo de escolha da fonte nitrogenada deve-se atentar para a forma de aplicação que confere o melhor desempenho.
Fertilizante organomineral
Fertilizante organomineral é a mistura física de fontes orgânicas e minerais de nutrientes, que contenham concentrações mÃnimas de macronutrientes primários, secundários ou micronutrientes e carbono orgânico. São aqueles produtos resultantes da mistura física ou combinação de fertilizantes minerais.
Apresenta potencial químico reativo menor que o fertilizante mineral, podendo sua solubilização ser gradativa, de forma que as reações com N podem ser retardadas, permanecendo o nutriente por mais tempo no solo.
A fabricação do fertilizante organomineral é feita partindo-se de uma ou mais matérias-primas orgânicas consideradas como bom fertilizante orgânico e a elas juntando-se corretivos e, quando for o caso, macronutrientes primários e secundários, bem como micronutrientes, segundo cada formulação.
Eficiência agronômica
Estudos têm mostrado a eficiência dos fertilizantes organominerais em relação à ureia, visto que o organomineral tem apresentado redução na volatilização de até 40%.A redução nas perdas de nitrogênio por volatilização pode se converter em maior quantidade deste nutriente disponível no solo para as plantas e, consequentemente, maior quantidade de nutriente disponível para absorção radicular, o que se converte em aumento de produtividade.
Outro fator importante é o tempo que o fertilizante fica no solo com capacidade de liberação do nutriente. Pesquisas demonstram volatilização da amônia de fertilizantes organominerais aplicados em cobertura com até 30 dias após a aplicação, indicando que o pellet conseguiu reter o nitrogênio por mais tempo, o qual será liberado gradativamente no solo.
Em comparação com a ureia, o pico de volatilização, ou seja, de perdas de nitrogênio, gira em torno do segundo ao sexto dias após a aplicação.
Em milho, tanto nas condições de sequeiro como irrigado, tem-se obtido resultados satisfatórios com a aplicação de fertilizante organomineral nitrogenado, observando-se redução de volatilização de até 60% em condições de sequeiro e de 40% em lavoura de milho irrigado. A diferença se dá pelo fato de a irrigação ajudar na incorporação dos fertilizantes, podendo reduzir a perda por volatilização.
Em lavouras cafeeiras irrigadas por gotejo, tem-se observado redução de perdas por volatilização de até 20%, quando comparado à adubação feita com ureia. Essa redução de perdas significa economia de até 10 kg de N para cada 100 kg de fertilizante aplicado, aumentando a eficiência do fertilizante, melhorando a nutrição da lavoura e reduzindo custos.
A adubação com fertilizantes organominerais se torna um bom negócio, tanto para o produtor quanto para o meio ambiente, visto que formas mais eficientes de fertilizantes garantem melhor nutrição das plantas e menor contaminação do meio ambiente.