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quarta-feira, abril 24, 2024
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Formação de mudas de repolho: Técnica exige cuidados

Autores

Herika Paula Pessoa
Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
herika.paula@ufv.br 
Ronaldo Machado Junior
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Genética e Melhoramento – UFV
ronaldo.juniior@ufv.br
Crédito: Shutterstock

O repolho (Brassica oleracea L.) pertence à família Brassicaceae. É uma espécie herbácea que possui como característica distintiva o encaixe das folhas, formando o que é designado como uma “cabeça” compacta. Outras plantas da mesma espécie são a couve, a couve-rábano, a couve-flor e o brócolis.

Existe grande variabilidade em relação ao seu formato (cabeça pontuda, achatada, redonda e oval) e coloração (branca e roxa), sendo que existem dois grupos principais de cultivares – o de folhas lisas (Brassica oleracea grupo capitata) e o de folhas crespas (Brassica oleracea grupo sabauba).

Exigências climáticas

Com relação às exigências climáticas da cultura, o repolho é uma hortaliça de clima frio, sendo que algumas variedades podem sobreviver mesmo quando a temperatura chega a -10°C por curtos períodos de tempo.

Contudo, o produtor já tem à sua disposição algumas variedades cultivadas de repolho adaptadas a climas mais quentes que toleram temperaturas mais altas. No momento da escolha da variedade que será cultivada, o agricultor deve atentar-se para a escolha de uma variedade de acordo com o clima local e a época do ano em que ocorrerá o plantio.

Cultivares

Existem cultivares de inverno e de verão, e o plantio de uma variedade inadequada pode gerar prejuízos, uma vez que, a depender da variedade, longos períodos com temperaturas muito altas ou muito baixas podem induzir plantas bem desenvolvidas a florescer precocemente.

Ainda com relação à escolha da cultivar, sempre que possível recomenda-se optar por materiais híbridos, uma vez que estes apresentam uniformidade superior, além de características de interesse, como maior durabilidade pós-colheita. Além disso, os híbridos apresentam homeostasia, são precoces e altamente produtivos.

Local de plantio

Solos argilosos, de textura média, soltos, profundos e ricos em matéria orgânica localizados em área bem ensolarada, com boa disponibilidade de água e em local que não tenha sido cultivadas outras brássicas são considerados ideias para implementação da lavoura.

O plantio é feito por meio de sementes, as quais podem ser semeadas diretamente no local definitivo ou em sementeiras. Para o plantio de 1,0 ha são necessários, em média, 100 g de sementes. A profundidade da semeadura pode ser de 1,0 a 2,0 cm e a germinação normalmente ocorre em menos de uma semana.

Mudas

A produção de mudas vigorosas e sadias, com sistema radicular bem desenvolvido, é um fator importante no sucesso da cultura. As mudas serão transplantadas quando possuírem quatro a seis folhas definitivas, ou 10 a 15 cm de altura, entre 25 e 30 dias após a semeadura.

O espaçamento recomendado entre plantas varia de 30 a 60 cm, dependendo da variedade cultivada e do tamanho da cabeça que se deseja colher. Dentro de certos limites, quanto maior o espaçamento, maiores poderão ser as cabeças formadas.

Irrigação

Com relação ao manejo da cultura, o repolho é cultivado sob sistemas de irrigação, cuja função essencial é propiciar à cultura um suprimento regular de água, de maneira que as demais operações agrícolas possam atingir seus máximos benefícios.

A irrigação deve ser feita em todos os estágios da cultura, contudo, o agricultor precisa atentar-se às irrigações próximas à colheita, pois estas predispõem a planta a um florescimento precoce.

MIP

O manejo integrado de plantas daninhas deve ser muito bem realizado pelo produtor, uma vez que o repolho apresenta baixa capacidade de competição com as mesmas. Nesse sentido, na presença de plantas daninhas, por possuírem sistema radicular mais robusto, estas apresentam ampla vantagem na absorção de água e nutrientes. Além disso, algumas plantas daninhas podem ser hospedeiras de insetos nocivos ao repolho.

Colheita

A colheita do repolho é realizada entre 85 e 130 dias após o transplantio, de acordo com a variedade plantada, estação de crescimento e tratos culturais. No momento da colheita as cabeças apresentam-se bem compactadas, fechadas, com bom tamanho e as folhas superiores começam a enrolar para trás, expondo as folhas mais claras abaixo destas.

A produtividade média mundial é 20 e 25 t/ha, contudo, nossas condições climáticas permitem uma produtividade superior a essa média (30 a 35 t/ha), sendo observados picos de produção de até 55 t/ha, geralmente no outono, quando as cabeças são maiores. O repolho roxo e crespo possui menor capacidade de produção.

Consumo e comercialização

Em relação ao consumo e comercialização, estudos apontam que o custo de implantação da cultura é de aproximadamente R$ 30.000/ha, sendo 30 a 50% deste valor destinado à aquisição de fertilizantes e defensivos agrícolas.

A produtividade média é de 4.000 caixas, para a qual resulta em receita de R$ 75.000,00/ha, verificando-se um lucro médio de R$ 45.000,00/ha. Considerando o preço médio, a relação benefício/custo indica que para cada real investido retornam R$ 2,50.

A cultura do repolho é rentável, ainda mais se considerarmos que seu ciclo é curto, possibilitando múltiplos ciclos anuais. Assim, o repolho se mostra uma excelente opção para a obtenção de receita no curto prazo para os agricultores.


Por dentro do viveiro

O Viveiro Brazplant, localizado em Brazlândia (DF), tem um total de 22 mil metros quadrados de área coberta destinada à produção de mudas de hortaliças em geral. A cultura do repolho representa 20% do total, porém, a de menor rentabilidade, comparada às demais.

Segundo Cinthia Antoniali Vicentini, engenheira agrônoma responsável técnica pelo viveiro Brazplant, toda a área plantada com repolho nos campos brasileiros acontece por meio de mudas, e uma boa parte do transplante é feita com máquinas, “pois normalmente são áreas grandes, e o transplante manual compromete o rendimento da operação”, justifica.

Hoje no mercado, existem sementes híbridas com altos níveis de tolerância aos principais problemas no campo, como Xanthomonas (que é um dos principais problemas no plantio das chuvas) e hérnia das crucíferas (problema de solo que causa perda de produtividade e qualidade do repolho). Portanto, a especialista recomenda que cada produtor escolha sua semente de acordo com a região, mas sempre buscando alta capacidade de produção e resistência, o que se encontra apenas nos materiais híbridos.

Aposta que deu certo

O Viveiro Emilio Mudas, localizado no município de Anápolis (GO), tem 1,5 alqueire, de onde saem uma média de 3 milhões de mudas mensalmente. “A produção de mudas é uma forma de auxiliar o plantio do produtor no campo e diminuir perdas, que podem chegar a 5% de mudas inviáveis. Adquirir mudas de viveiros idôneos tem como principal benefício a redução de perdas e replantio, além de agilidade no campo, pois são utilizadas máquinas para tal. Mudas já formadas em ambientes controlados são mais uniformes, no padrão necessário e adequado para o plantio”, pontua Emilio Rios, proprietário do viveiro.

Entre as inovações, ele cultiva em bandejas de polietileno (material descartável e reciclável), o que diminui a incidência de doenças nas mudas. Ainda, toda a linha de produção é automatizada.

Palavra de quem entende

Segundo Emilio Rios, produzir mudas de repolho compensa, por se tratar de uma planta de fácil manejo, que se adéqua a qualquer condição climática. “Atualmente, a principal forma de produção é em ambiente protegido (estufa), com utilização de bandejas e substratos próprios. Ressalto a importância da qualidade das mudas, visando maior resistência a adversidades climáticas, facilidade no pegamento no solo e planejamento por área plantada”, destaca.

O transplante das mudas é feito com todo o cuidado necessário. Começa pelo preparo do solo, que receberá as mudas com aproximadamente 35 dias da estufa. Emilio alerta para a necessidade de utilizar sementes híbridas na produção de mudas, por se tratar de uma tecnologia que resulta em qualidade no campo, já que são materiais mais resistentes a doenças bacterianas e viróticas, além de pragas. “Com isso, o produtor pode contar com a diminuição da aplicação de defensivos químicos, o que vai de encontro à sustentabilidade”.

Tecnologia dita as regras

O viveiro de mudas Valoriza Sítio, localizado em Patos de Minas (MG), conta hoje com 12 hectares, com produtividade de 100 milhões de mudas/ano, entre HF, café e tomate industrial. “Produzimos um portifólio de mais de 150 variedades de HF, tendo como carro-chefe o repolho Cerox, da Bejo, para região de São Gotardo (MG), o que representa um volume anual de 25 milhões de mudas”, revela Fabio de Melo, gerente de produção do viveiro.

Lá são utilizadas as últimas inovações tecnológicas, como barras de irrigação, controle de biossegurança, equipamento de semeio de ótima qualidade, além manejo nutricional muito equilibrado.

A semeadura acontece com equipamento italiano, em bandejas rígidas de plástico utilizando substrato correto, manejo nutricional e fitossanitário adequado para a cultura. “Hoje o repolho ainda não agrega muito valor, como na Europa e EUA, mas acreditamos na mudança desse cenário. Por isso, investimento também na qualidade das mudas para reduzir riscos de pegamento e mortalidade no campo. As sementes híbridas são de extrema importância para uma germinação uniforme e com uma porcentagem maior, o que significa satisfação do cliente”, destaca.

O transplante das pode ser mecânico, com transplantadoras ou manualmente.

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