Em novembro de 2025, o Japão e o Brasil completam 130 anos da assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. São longos anos de história que transformaram os dois países em bons parceiros de negócios. E mais um capítulo desse bom relacionamento ocorreu no sábado, 4 de maio, no Hotel Intercontinental, na capital paulista, durante o Fórum Econômico Brasil-Japão, quando 31 memorandos e protocolos entre companhias japonesas e brasileiras foram apresentados, com a presença do primeiro-ministro Fumio Kishida e autoridades do governo do presidente Lula. O fórum foi organizado pela Japan External Trade Organization (JETRO), Federação Empresarial do Japão (Keidanren), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O Fórum Econômico reuniu um seleto grupo de 250 convidados, que acompanhou de perto e de maneira bastante atenta às apresentações dos temas “Potencial das Relações Econômicas entre o Japão e o Brasil” (com Hiroyuki Isono, presidente da Oji Holdings Corporation, e Nobuhiko Murakami, presidente do Conselho da Toyota Tsusho Corporation), “Oportunidades de Negócios no Brasil: Expectativas das Empresas Brasileiras com Relação às Empresas Japonesas” (com Alexandre D’Ambrosio, vice-presidente de Assuntos Corporativos e Institucionais da Vale, e Juliana Villano, diretora de Relações Institucionais da Embraer) e o “Fortalecimento da Relação Econômica Entre as Empresas Japonesas e a Comunidade de Descendentes de Japoneses no Brasil” (com Fábio Mizumoto, diretor da Nikkei Empreendedores do Brasil, sócio-fundador da Markestrat Group e Haven Agribusiness School).
A abertura oficial foi feita pelo presidente da JETRO, Norihiko Ishiguro, que veio especialmente ao país para o fórum, seguido posteriormente por saudações de Tatsuo Yasunaga (vice-presidente da Keidanren), Josué Gomes da Silva (presidente da Fiesp) e Ana Repezza (diretora de Negócios da ApexBrasil). O premiê Kishida, bem como o vice-presidente da República Geraldo Alckmin, também falaram rapidamente aos convidados.
Fumio Kishida, acompanhado por executivos de cerca de 40 companhias daquele país trazidas pela Keidanren, visitou o Brasil, entre os dias 3 e 4 de maio, como parte da estratégia de seu governo de estreitar as relações comerciais. O Japão é o 12º maior investidor no Brasil, com estoque de US$ 22,8 bilhões em 2021, especialmente em setores como o automotivo, financeiro e o elétrico, como aponta o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Em 2023, o comércio bilateral entre os dois países registrou volume de negócios de US$ 11,7 bilhões (US$ 6,6 bilhões de exportações e US$ 5,1 bilhões de importações do Brasil).
Investimentos japoneses no país – Um total de 31 memorandos e protocolos de intenções de cooperação foi anunciado, com investimentos em projetos e plantas industriais no país. A Mitsui & Co., por exemplo, vai investir US$ 30 milhões na Atlas Lithiume e assinou um contrato de compra e venda para um total de 315 mil toneladas de lítio concentrado. A Atlas é uma das maiores detentoras de direitos minerais de lítio no Brasil, com potencial significativo de crescimento e expansão. Com a Suzano, a Mitsui & Co. fechou acordo de cooperação conjunta para produção e venda de biomateriais, biocombustíveis e energias renováveis.
Outro memorando assinado tem relação com uma petrolífera brasileira para o fornecimento de embarcações que utilizam a nova tecnologia Cargo Transfer Vessel (CTV), de propriedade exclusiva do grupo, para melhorar a eficiência da distribuição de petróleo bruto e reduzir as emissões de CO2 em cerca de 50%. Atualmente, existem apenas dois navios de CTV no mundo, e a subsidiária da empresa japonesa é proprietária de ambos. A petrolífera brasileira utilizou a embarcação pela primeira vez em setembro do ano passado.
Outro memorando assinado por uma empresa japonesa diz respeito a promover pesquisa conjunta sobre gestão de recursos florestais, através da coleta de informações sobre alterações climáticas e correlatas à natureza, utilizando dados de satélite e criação de novos valores através da agrofloresta, na região Norte do país. Essa mesma empresa também fechou um acordo que prevê o estabelecimento de um método de avaliação eficiente para a regeneração ambiental de florestas e de terras degradadas na região, utilizando tecnologia de satélite considerando um novo modelo de negócio para a regeneração das terras degradadas, agregando valor às informações ambientais.
A Toyota Tsusho Corporation investe no desenvolvimento do Porto Itaqui, no Maranhão, em parceria com o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), com o objetivo de dar suporte à expansão da capacidade do terminal de exportação. O local está recebendo novos armazéns de grãos e instalações para escoar produtos como soja e milho, contribuindo para o fornecimento seguro de alimentos ao Japão.
Startups e educação – A JETRO está ampliando a parceria com a ApexBrasil, a partir da assinatura de um Memorando de Entendimento, com o objetivo de gerar oportunidades para empresas de ambos os países a partir de uma troca mútua de inteligência de mercado, realização de business meetings, seminários e pesquisas. As duas instituições têm atuado na promoção bilateral de inovação e desenvolvimento do ecossistema de startups, venture capital e private equity.
A startup Dreamstock assinou memorandos com o Botafogo do Rio de Janeiro e o Corinthians para promover seletivas nas bases dos dois clubes. A companhia japonesa desenvolveu a maior plataforma de seletivas online do mundo, com o objetivo de oferecer oportunidades contínuas para jovens atletas que sonham em se profissionalizar no futebol em clubes espalhados por vários países.
Pesquisa positiva com empresas nipônicas – De acordo com os resultados da última pesquisa da JETRO com empresas japonesas que operam no Brasil, 68,9% delas pretendem expandir seus negócios nos próximos um ou dois anos, principalmente para atender as necessidades crescentes do mercado local. “Temos o compromisso de ajudá-las a atender essas necessidades e promover negócios entre os dois países em cooperação com os governos locais e instituições relacionadas. Estamos convencidos de que esse fórum foi uma oportunidade para reafirmarmos a importância das relações Brasil-Japão”, disse um executivo da JETRO em sua terceira passagem pelo Brasil.
Uma das multinacionais japonesas que apostam no Brasil é a Oji Holdings, que completou em 2023 seu cinquentenário no país por meio da subsidiária Celulose Nipo-Brasileira SA (Cenibra). A empresa gera 8 mil empregos, produzindo 1,2 milhão de toneladas de celulose anualmente, com exportações para a Europa, Ásia e América do Norte. Cerca de 42% dos 250 mil hectares de florestas da Cenibra são áreas de preservação ambiental. Paralelamente aos negócios florestais sustentáveis, é realizado a gestão de preservação florestal com foco na biodiversidade e manutenção das bacias hidrográficas.
O Fórum Econômico Brasil-Japão foi transmitido pelo Canal JETRO no YouTube. Para assistir, entre em https://www.youtube.com/watch?v=w2PF_8BrSHk.