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Tamara Pereira Felicio
Doutora em Produção Vegetal e professora do curso de Agronomia da UNOESC ” Campos Novos
Sandra Dalla Pasqua
Mestranda em Agronomia – UFTPR ” Pato Branco
EriveltonZanon
Engenheiro agrônomo
Nas últimas safras tem crescido a incidência de míldio na lavoura de soja, com perdas significativas. Um dos fatores que tem provocado o ataque dessa doença secundária é o desequilíbrio nutricional, que prejudica a capacidade de defesa das plantas.
O míldio ocorre principalmente na fase vegetativa da cultura, ou seja, nas folhas mais jovens. Inicia com sintomas na forma de pontuações amarelas, evoluindo em diâmetro, podendo atingir até 5 mm. Após a doença evoluir ocorre a necrose no local atingido, impossibilitando e reduzindo a fotossíntese da planta e, consequentemente, prejudicando o desenvolvimento e produção do máximo potencial da cultura.
Condições para o ataque
As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença são temperaturas amenas, que variam de 20 a 22°C, e umidade relativa elevada, principalmente na fase vegetativa.
Prevenção
A resistência genética representa um método de controle do míldio da soja, porém, essa resistência não faz parte dos programas de melhoramento no Brasil. Isso ocorre pelo fato de doenças como a ferrugem asiática e o oÃdio estarem à frente como principal alvo para o manejo fitossanitário da cultura.
Outra alternativa para os produtores é a aquisição de sementes livres deste patógeno, pois elas representam uma forma de disseminação da mesma. Desta forma, ressalta-se a importância do uso de sementes certificadas, apesar de testes de patologia de sementes não serem obrigatórios para a comercialização delas. Assim, não há como saber se há ou não a presença do patógeno na semente.
Solução
Como os fungicidas utilizados normalmente para o controle das demais doenças fúngicas não possui efeito no controle de míldio, pois o mesmo é um oomiceto, tornam-se necessárias novas alternativas que potencializem o manejo da doença.
O fosfito é uma alternativa para auxÃlio no manejo da doença, pois, além de contribuir nutricionalmente com a planta, induz mecanismos de defesa.Devido a pouca importância destinada à doença, o controle específico para o míldio não é citado na cultura da soja, entretanto, alguns autores relatam perdas de aproximadamente 12%.
Pelo fato de o fosfito induzir mecanismos de defesa da planta, é necessário que as aplicações sejam antecipadas, sendo essencial que a primeira aplicação seja realizada antes do fechamento da linha para que o produto consiga atingir as folhas baixeiras da planta, protegendo-as também.
Eficiência
Os melhores resultados em relação à severidade do míldio foram obtidos com os tratamentos contendo apenas fosfito e o tratamento de fungicida + fosfito (dose recomendada), os quais proporcionaram redução na severidade em até 37% em relação ao tratamento com apenas fungicida.
Já o tratamento onde foi utilizado o fungicida + fosfito (dose duplicada) reduziu em até 66% a severidade em relação ao tratamento com apenas fungicida.Em relação ao rendimento da cultura, o tratamento fungicida + fosfito na dose recomendada aumentou 264 kgha-1 e o tratamento fungicida + fosfito na dose duplicada proporcionou aumento de 350 kg ha-1, ambos em relação ao tratamento contendo apenas o fungicida.
Quando aplicar
A aplicação do fosfito deve ocorrer juntamente com as aplicações do fungicida convencional. No caso deste estudo, as aplicações foram realizadas nos estádios fenológicos: V8, R1 e R5.
A dosagem utilizada poderá variar de um fabricante para o outro, sendo que cada um possui a sua recomendação adequada de acordo com seu produto. Neste estudo utilizamos a dosagem de 0,3 g ha-1 do produto comercial.
Custo
Como o míldio é uma doença que não pode ser controlada por fungicidas tradicionais e não existe nenhum produto recomendado para ele, o uso de fosfito torna-se uma alternativa interessante. O custo do produto pode variar de um fabricante para outro.
Custo do uso do fosfito (três aplicações na dose recomendada) = aproximadamente R$ 85,00/ha.