Alasse Oliveira da Silva
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia – ESALQ/USP
alasse.oliveira77@usp.br
Liliane Marques de Sousa
Engenheira agrônoma e mestranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
liliane.engenheira007@gmail.com
Walleska Silva Torsian
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – ESALQ/USP
walleskatorsian@usp.br
Atualmente, o dilema da produção agrícola é aumentar a produtividade das culturas e reduzir os custos de produção. Logo, práticas como a adubação devem ser eficientes, sendo necessário entender a quantidade de nutrientes requeridos para as plantas para que aumente a produtividade sem aumentar os custos de produção, visto que vem sendo falado muito sobre o aumento do preço dos fertilizantes.
As hortaliças, em geral, se caracterizam por apresentarem ciclo rápido de produção e acúmulo de matéria seca em poucos dias. Isso demonstra que a nutrição mineral é um dos principais fatores limites de produção das hortaliças, em que, em alguns casos, os fertilizantes podem representar até 25% dos custos totais de produção.
O caso da beterraba
A cultura da beterraba (Beta vulgaris) pertence à família das Quenopodiaceas, em que a parte comestível é o tubérculo, ou seja, o intumescimento do caule, que possui ciclo curto, com sistema radicular pouco profundo e com alta demanda por nutrientes.
A absorção de nutrientes pelas raízes ocorre de forma contínua até os 40 dias após a semeadura e fica mais intensa após os 60 dias devido ao maior incremento de massa. Devido ao ciclo de cultivo de hortaliças ser rápido e intenso na mesma área, são realizados diversos tipos de adubações no solo, com o objetivo de aumentar o teor de nutrientes, principalmente do fósforo.
É notado que a beterraba possui baixa resposta à aplicação de fósforo, porém, algumas pesquisas científicas vêm comprovando que a aplicação de fósforo para a produção de matéria fresca e seca da beterraba vem crescendo à medida que a quantidade de fósforo está disponível no solo.
Sem fósforo
Na ausência do fósforo, a principal parte afetada é a comercializada, ou seja, os próprios tubérculos, ficando com tamanho reduzido, inviáveis para comercialização, além das folhas apresentarem coloração arroxeada, caracterizada como sintoma de deficiência.
A adubação com fonte de fósforo proporciona à cultura da beterraba incrementos significativos para a sua produtividade mas, se manejada de forma inadequada, tanto pelo excesso quanto pela falta, acarretará problemas como distúrbios fisiológicos afetando a produtividade da cultura e causando prejuízos para o produtor rural.
Na grande parte dos solos brasileiros, os nutrientes disponíveis não são capazes de atender às exigências das culturas, por isso, é necessário a complementação com adubos minerais. Os solos tropicais são chamados de solos profundos, por reterem baixa capacidade de troca catiônica (CTC) pela alta intemperização.
Nesses solos, predominam o tipo 1:1 de minerais de argila e óxidos de ferro e alumínio e pequena quantidade de fósforo na camada de 0 – 20 cm de profundidade, que é onde a maioria das hortaliças se desenvolvem.
Também são conhecidos por serem solos ácidos com grande adsorção de fósforo nas cargas positivas dos óxidos de ferro e alumínio, tornando o fósforo indisponível para a absorção de nutrientes feita pelas plantas.
Os ânions fosfitos (H2PO3-, HPO3-2) são formas reduzidas de fósforo (P). No mercado existem inúmeras formulações, sendo esses produtos vendidos como sais de metais alcalinos com produção a partir do ácido fosforoso (H3PO3). Os mais produzidos e comercializados são o fosfito de potássio, de cálcio, de sódio e de amônio.
Essas soluções têm sido recomendadas como fungicida ou suplemento de fósforo nas lavouras. Na agricultura brasileira, os fosfitos são vendidos principalmente como formulações de fosfito de potássio, que são registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como fertilizantes para aplicação foliar ou via solo.
Manejo
A principal forma de assimilação do elemento fósforo pelas plantas é pelos fosfatos. No caso do fosfito, este é convertido em fosfato, sendo oxidado lentamente no solo. Em virtude de seus aspectos químicos, os fosfitos são altamente solúveis em água e de rápida absorção, sendo absorvidos entre três a seis horas.
Quando absorvido pela cultura, o íon fosfito possui distribuição crescente, desde os brotos até os pontos de crescimento, e descendentes dos brotos até os pontos de crescimento do sistema radicular das plantas, conferindo assim completa proteção das plantas contra as doenças fúngicas.
Pesquisas com fosfitos
Os fosfatos são considerados de baixa mobilidade e disponibilidade no solo, baixa solubilidade em água e sua absorção é feita apenas pelas raízes e folhas. Ao contrário, os fosfitos são altamente móveis e disponíveis no solo e com alta solubilidade em água, sendo que sua absorção é realizada por raízes, tronco, folhas e frutos, possuindo alto carreamento de nutrientes e com ação preventiva e curativa contra fungos, características que não ocorrem no fosfato.
Estudos indicam que as plantas levam em torno de cinco dias para absorção de 50% dos fosfatos depois da aplicação em campo. Por outro lado, 10% dos fosfitos são absorvidos pelas plantas entre 16 horas e 90 a 98% ocorre entre três a 20 horas após a aplicação.
Além do mais, os vegetais gastam menos energia para fazer a absorção e assimilação dos fosfitos, os quais são transportados rapidamente das folhas e raízes para as regiões de dreno.