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Fungicida multissítio

Daniele Maria do NascimentoEngenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP

Marcos Roberto Ribeiro Junior Engenheiro agrônomo e doutorando em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESPmarcos.ribeiro@unesp.br

Adriana Zanin KronkaEngenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Fitopatologia e professora – UNESP

Principal hortaliça produzida no País e uma das culturas mais suscetíveis ao ataque de pragas e ocorrência de doenças, o tomate conta com mais um aliado no manejo desta última. O fungicida multissítio protetor Cuprozeb, que reúne os ativos mancozeb e oxicloreto de cobre, controla com eficácia cinco das doenças que vêm representando dores de cabeças aos tomaticultores.

As doenças e como identificá-las no campo

As cinco doenças para as quais Cuprozeb tem eficiência comprovada no controle são: antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), mancha de stemphylium (Stemphylium solani), pinta preta (Alternaria solani), requeima (Phytophthora infestans) e septoriose (Septoria lycopersici).

Com exceção de P. infestans, que é um oomiceto, todos os demais patógenos são fungos. Se não controlados adequadamente, o agricultor irá enfrentar enormes prejuízos econômicos.

Antracnose

A antracnose afeta várias culturas e os danos são maiores em regiões com verões quentes e chuvosos. No entanto, em cultivos de tomate bem manejados, com pulverizações de fungicidas, essa doença não causa maiores prejuízos.

Nos frutos, aparecem lesões circulares e deprimidas, com bordos bem definidos, e o centro com coloração parda clara. Nas lesões, encontram-se acérvulos, estruturas reprodutivas do patógeno.

Em condições de alta umidade, é possível observar ainda uma esporulação alaranjada ou rosada sobre as lesões. Esses esporos disseminam-se facilmente pela água da chuva e pelo vento, atingindo outros frutos ainda sadios na lavoura.

Mancha de stemphylium

Diversas solanáceas, além do tomate, são afetadas por esse patógeno, como berinjela, jiló e pimentão. As perdas são decorrentes da diminuição da área foliar e consequente redução da produtividade. Essa doença é considerada de importância secundária, uma vez que já existem variedades resistentes. Mas, ainda assim, a maioria dos híbridos utilizados é suscetível a esse fungo.

Epidemias severas têm sido observadas em anos chuvosos. Um exemplo foi o verão de 2018/19, quando o maior volume de precipitações levou a maiores incidência e severidade da mancha de stemphylium nas lavouras do Centro-Sul.

Os sintomas podem ser confundidos com os de doenças bacterianas, que possuem medidas de manejo distintas, e com o de outras doenças fúngicas. O patógeno ataca a planta em qualquer estádio de desenvolvimento, e o sintoma mais comum são pequenas lesões foliares, irregulares e de coloração marrom escura. Com a evolução da doença, essas lesões necrosam.

Pinta-preta

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É uma das principais doenças do tomateiro e seu manejo inclui a aplicação preventiva de fungicidas ou logo após aparecerem os primeiros sintomas. As perdas podem chegar a até 78%.

Meses mais quentes (25 a 30ºC) e com alta umidade são altamente favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, que ataca a planta em qualquer estádio. Nessas condições, a área foliar pode ser completamente destruída.

Os sintomas começam nas folhas mais velhas. São lesões pequenas e escuras, que se desenvolvem e adquirem um formato ovoide. O tecido ao redor das lesões torna-se clorótico. Nos frutos, as lesões são escuras e deprimidas, podendo provocar uma podridão seca.

Requeima

Esse oomiceto foi o grande causador da fome irlandesa em 1840, quando dizimou todos os campos de batatas, principal fonte alimentar na época. Ataca diversas culturas, e o tomate é uma delas. Em condições favoráveis (umidade elevada e temperatura em torno de 20ºC), a requeima pode destruir toda a lavoura em poucos dias.

Os sintomas ocorrem em toda a parte aérea do tomateiro. Nas folhas, são observadas manchas aquosas que, posteriormente, necrosam, caracterizando o sintoma de “queima”. Os frutos apresentam deformações e lesões amarronzadas, mas sua consistência continua firme.

Septoriose

A incidência de septoriose em campos de tomate para processamento industrial vem aumentando. As perdas podem chegar a 100%, e o fungo já está disseminado por todas as regiões produtoras de tomate no mundo.

Os sintomas se iniciam por lesões circulares, pequenas e encharcadas, na face inferior das folhas. Essas lesões coalescem com o tempo e apresentam um formato irregular. No centro, podem-se observar estruturas de coloração preta, que são os picnídios (estruturas de frutificação do fungo).

Fungicida

Os fungicidas multissítios são indispensáveis no manejo de doenças. Um dos maiores desafios que os fungicidas convencionais vêm enfrentando é a resistência de patógenos aos principais grupos químicos.

O agente causal da ferrugem da soja, por exemplo, vem adquirindo resistência aos triazois, estrobilurinas e carboxamidas. São vários os fatores que levam à resistência: uso repetido do mesmo fungicida; aplicação de subdoses ou doses superiores às recomendadas pelo fabricante; intervalos longos entre as aplicações, entre outras.

O uso de fungicidas multissítios pode vir a contribuir para uma maior sustentabilidade no manejo, isso porque atuam sobre diferentes sítios do metabolismo dos fungos. Por essa razão também é que conseguem controlar vários patógenos.

Os demais fungicidas, classificados como sítio-específicos, atuam sobre um único sítio e, por isso, são mais propensos a causar resistência.

Uma das recomendações do Cuprozeb é que seja aplicado preventivamente, principalmente se houver condições favoráveis ao desenvolvimento dos patógenos. Como tem uma ação de contato, esse fungicida forma uma camada protetora na superfície das folhas, impedindo a germinação de esporos.

Dicas

Todas essas doenças citadas nem sempre ocorrem ao mesmo tempo e na mesma lavoura, mas ter um único produto que possa combater todas elas é essencial no manejo das principais doenças do tomateiro.

Além de todas as demais medidas de controle, como rotação de cultura com plantas não hospedeiras, eliminar restos culturas após a colheita, bem como plantas daninhas, entre outras, priorizar as aplicações preventivas de fungicidas irá minimizar os sintomas de eventuais patógenos que possam estar presentes na área.

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