Autor
Givago Coutinho
Doutor em Fruticultura e professor do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
givago_agro@hotmail.com
A melancieira [Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum & Nakai], comumente chamada de melancia, pertence à família Cucurbitaceae, a mesma que engloba as abóboras e morangas (Cucurbita spp.), o pepineiro e o meloeiro (Cucumis spp.), o chuchuzeiro [Sechium edule (Jacq.) Sw.], dentre outras importantes espécies de olerícolas.
Sua origem é relatada em regiões com predominância de temperaturas elevadas do continente africano, sendo considerada atualmente como cosmopolita, por ser cultivada em todo o mundo.
Esta espécie possui grande importância no agronegócio brasileiro e representa uma importante fonte de renda, desde o pequeno ao grande produtor, e pode ser cultivada de diferentes formas, como o cultivo irrigado ou de sequeiro.
Contudo, os cultivos não são diversificados somente em relação às formas e técnicas de cultivo, mas também pela ampla gama de cultivares que são empregadas pelos produtores. A utilização de maneira conjunta do manejo correto e da cultivar adequada garante o sucesso na produção, bem como possibilita o retorno financeiro adequado ao investimento realizado na produção.
Assim, a escolha do material adequado para o cultivo deve ser criteriosamente analisada, com base nas exigências de cada cultivar em relação ao clima, solo, irrigação e tratos culturais. Dessa forma, evitam-se perdas e previnem-se riscos potenciais que possam prejudicar a produção futura.
Melhoramento genético
Atualmente, os produtores utilizam largamente cultivares de melancia híbrida, ou seja, cultivares obtidas pelo cruzamento de dois materiais genéticos diferentes oriundos de programas de melhoramento, obtendo híbridos que possam apresentar características como resistência às principais pragas e doenças, alta produtividade, excelentes características comerciais e até mesmo maior qualidade nutricional, em alguns casos.
Variedades
Nos últimos tempos vêm ocorrendo rápidas mudanças na cultura com a introdução de cultivares híbridas que apresentam certas vantagens em relação às comerciais, como: plantas mais vigorosas, resistência a um maior número de doenças, ciclo mais precoce para colheita, maior número de flores femininas para colheita, maior número de flores femininas, alta uniformidade nas plantas e nos frutos e maior produtividade de frutos aptos ao comércio.
Contudo, atualmente, a mais utilizada ainda é a cultivar Crimson Sweet e tipos semelhantes. De origem americana, esta cultivar, que não é híbrida, responde por mais de 90% do total produzido para consumo no mercado interno. No mercado externo a preferência é por frutos sem sementes e de menor tamanho, tendência apresentada pelos mercados americano, japonês e europeu.
Demanda
A Crimson Sweet está inserida no grupo de melancias que apresentam frutos do tipo globular, de maior preferência pelo mercado consumidor. Porém, nos últimos tempos, programas de melhoramento e produtores de sementes têm dado atenção especial ao desenvolvimento de plantas híbridas, o que se justifica pelo fato de serem lançadas diversas cultivares com esta característica em todo o mundo, com maior retorno comercial proporcionado aos programas de melhoramento.
Assim, a maior proporção de cultivares lançadas no mercado nos últimos tempos é proveniente de polinização controlada. Os híbridos podem ser diploides, triploides ou tetraploides, em relação às cultivares de polinização aberta ou tradicionais.
Exigências de cultivo
De maneira geral, a melancia é uma espécie pouco tolerante a baixas temperaturas, alcançando desempenho adequado em regiões de clima quente. A espécie não suporta eventos adversos, como frio e geadas. Tais ocorrências climáticas causam prejuízos ao cultivo, principalmente em fases correspondentes à germinação e emergência de plântulas.
A produção em épocas com predominância de clima quente e seco proporciona frutos com teores mais elevados de açúcares, portanto, de melhor qualidade comercial.
Opções
Segundo Filgueira, (2013), podemos agrupar as cultivares de melancia plantadas no País em quatro grupos principais, de acordo com o formato dos frutos, presença ou ausência de sementes e outras características:
► Grupo globular: a cultivar típica desse grupo é a Crimson Sweet, de origem norte-americana e que produz frutos de formato globular ou globular alongado e pesa entre 10 e 13 kg. Os mesmos são de coloração esverdeada, variando entre claro e escuro, casca rajada e apresentam polpa de boa qualidade.
► Grupo das mini-melancias: as cultivares desse grupo apresentam frutos de menor tamanho (entre 02 e 03 kg) e melhor qualidade, inclusive para exportação, devido à maior firmeza da polpa, além de maior precocidade de produção, por serem plantas mais compactas.
► Grupo sem semente: as cultivares desse grupo são híbridas e autoestéreis, exigindo assim a presença de outras cultivares que possam atuar como polinizadoras, além da presença de agentes polinizadores, como as abelhas. Seus frutos não apresentam sementes, têm polpa de coloração vermelho intenso, peso variando entre 05 e 08 kg e casca de cor verde mais escuro ou rajada.
► Grupo alongado: a principal característica dos frutos das cultivares desse grupo é o formato alongado, sendo a Charleston Gray a cultivar mais difundida. Os frutos são grandes, pesando entre 12 e 15 kg e apresentando casca verde-clara e finas estrias de coloração mais escura.
Como escolher
O principal critério a ser adotado na escolha da cultivar é o tipo de fruto preferido pelo mercado consumidor, sua resistência ao transporte, a adaptação da cultivar à região, a tolerância a doenças e a distúrbios fisiológicos.
De maneira geral, a preferência dos brasileiros é por frutos grandes e que apresentem polpa vermelha intensa, com alto teor de açúcar. A característica de polpa avermelhada dos frutos se dá devido à presença de uma substância denominada licopeno.
Escolha feita, o manejo também representa um passo importante no sucesso da produção, pois atua de maneira conjunta com a cultivar escolhida na busca por alta produtividade.
É bom lembrar que a melancia constitui uma hortaliça-fruto muito apreciada e de grande relevância no agronegócio brasileiro. Na busca por alta rentabilidade na cultura, o produtor deve observar todos os aspectos inerentes ao sistema, como a cultivar ideal para a região, um fator primordial na busca por altas produtividades.
Com base no conhecimento técnico adequado, a redução de riscos é possível, evitando-se perdas na produção.