Autores
Mikael Wigor Coutinho Gomes – Graduando em Agronomia pela Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF, Garça – SP) – mikael.wcoutinho@gmail.com
Marcelo de Souza Silva – Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor do curso de Agronomia – FAEF – mrcsouza18@gmail.com
O Brasil vem assumindo posição de destaque no ranking dos países produtores de grãos. A busca por melhorias na qualidade e uma maior produtividade são listadas como as novas metas a serem estabelecidas e cumpridas pelos produtores brasileiros nos próximos anos. Segundo levantamento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o Brasil ocupa a 2º posição entre os países que mais exportam milho no mundo, ficando atrás apenas do Estados Unidos.
A melhoria na cadeia produtiva deste cereal para alcançar os melhores números no cenário internacional parte do lançamento de novos híbridos com alto desempenho produtivo, a fim de conseguir atender a necessidade de alta produção.
Os híbridos de alto desempenho reúnem diversos fatores, como a proteção do sistema radicular, contra o ataque da larva-alfinete (Diabrotica speciosa) e proteção até da espiga contra ataques de lagartas da parte aérea, além de ser tolerante ao glifosato e proporcionar maior flexibilidade no manejo de plantas daninhas, fatores que contribuem com o aumento da produtividade.
Vale destacar que a tecnologia embargada vem de melhorias no material genético, na biotecnologia e grandes avanços nas técnicas de manejo (implantação e condução) das lavouras.
Alto potencial
Os híbridos disponíveis para os produtores estão cada vez mais resistentes às especificidades de cada microrregião, como estresse hídrico e pressão de pragas e doenças. Várias empresas pioneiras têm dedicado esforços voltados à entrega de materiais com potencial aumento de produtividade, que possuem em seu portfólio híbridos de milho com alta performance.
Os híbridos disponíveis atendem as variadas necessidades dos produtores, tanto para milho grão quanto para silagem. Para tal, alguns exemplares se enquadram devido ao alto potencial produtivo com estabilidade, tolerância a doenças foliares, adaptação a regiões subtropicais altas e baixas; precocidade da safra, uniformidade na arquitetura, boa sanidade para grãos ardidos, entre outras características.
Manejo
Para alcançar bons índices de alto desempenho, é necessário integrar uma sequência de técnicas e fatores para garantir os resultados. Não basta apenas adquirir os híbridos de alta performance, mas realizar de forma correta todo o processo, desde a correção do solo que antecede o plantio, uma boa semeadura e a aplicação de tratos culturais e colheita adequados.
Dentre os princípios de correção do solo, não basta elevar o pH a 6,5 e saturação por bases (V%) a 70%, mas também disponibilizar cálcio (Ca) e enxofre (S), além dos micronutrientes necessários, assegurando uma boa adubação de cobertura que garantirá os bons resultados.
Vale destacar que, além da química do solo, é muito importante trabalhar o perfil do solo, técnica que utiliza o sistema de rotação de culturas para melhorar a constituição física do mesmo, melhorando, consequentemente, o teor de matéria orgânica, microbiota e ciclagem de nutrientes.
Opções
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Dentre as opções de plantio, tem-se o sistema convencional e o realizado direto na palhada. Por mais tecnológico e excelentes que sejam os benefícios que o plantio direto proporciona, ainda existem produtores que optam pelo plantio convencional, tendo como justificativa a não adaptação de suas máquinas e implementos, ou até mesmo pela comodidade de ser mais fácil trabalhar o plantio convencional.
A cultura do milho, por sua vez, sofre grande influência de falhas durante o plantio, visto que altas porcentagem de erros podem acarretar prejuízos significativos. Recomenda-se realizar a semeadura do milho de forma homogênea e sem falhas, ou seja, executar uma boa “plantabilidade”, melhor explicando, distribuir as sementes equidistantes uma da outra, na distância e profundidade correta.
Para isto, durante o uso das semeadoras mecânicas, deve-se manter uma velocidade média de deslocamento entre 3,5 e 4 km h-1. Já em semeadoras pneumáticas, a velocidade pode chegar a até 5 km h-1, sendo este o primeiro fator técnico que o produtor deve se atentar.
Pensando em falhas ocasionadas pelo plantio, um cálculo simples: considerando o espaçamento entre linhas de 0,5 m; 1,0 hectare possui 20.000 metros lineares; se tivermos uma falha por metro = 20.000 plantas a menos no estande.
Considerando que uma planta produza uma espiga de 150 gramas de grãos (20.000 x 150 g = 3.000 kg = 50 sacas), o produtor terá uma quantia de 50 sacas de milho a menos por hectare apenas pela falha de plantio.
Após a semeadura, os tratos culturais também são de grande importância, e devem ser realizados da melhor forma possível. Para que a tecnologia dos híbridos sejam expressadas, os produtores também devem realizar os tratamentos indicados pelas empresas – as pulverizações com herbicidas e inseticidas, a fim de que os mesmos não venham a causar danos à cultura, mesmo que elas sejam resistentes.
Um outro fator muito importante, e que deve ser respeitado pelos produtores, é a área de refúgio, que deve corresponder a 20% da área destinada ao plantio, algo que não é difícil de ser implantado, pois as empresas que possuem a tecnologia de híbridos também disponibilizam essas sementes em seu pacote.
Adubação de cobertura
Outro fator determinante é a adubação de cobertura, que vai influenciar diretamente na produtividade. Vale destacar que na adubação nitrogenada de cobertura deve-se respeitar sempre a análise química do solo e considerar a produtividade estimada.
Dentre as opções de fontes de nitrogênio (N), tem-se a ureia (45%-N), sulfato de amônio (20%-N e 22%-S) e nitrato de amônio (33%-N). E qual usar? Esta é a dúvida de muitos, porém, os resultados podem variar muito em função da forma de aplicação. Este nutriente deve ser aplicado a lanço ou incorporado?
É importante mencionar que as máquinas disponíveis na propriedade mudam também a estratégia de qual produto comprar, além da necessidade da cultura e o valor do produto, que na maioria das vezes os produtores optam pelo mais barato no mercado, sem considerar se é de fato o adubo com quilograma de nitrogênio mais barato.
A fase mais indicada para adubação ocorre em um intervalo muito curto, uma vez que a planta possui um período de maior eficiência no uso do nitrogênio, correspondente aos estádios fenológicos V4 a V8.
Além do nitrogênio, o uso de adubos, como potássio, elemento essencial para a cultura do milho, deve ser considerado no momento da adubação, podendo-se optar pelas formulações de N-P-K com teores elevados de nitrogênio e potássio.
Colheita
No momento da colheita, para evitar o fator perda, os produtores devem atentar-se às condições do maquinário, em que o conjunto como um todo deve estar bem regulado e adequado para as condições da lavoura. Todos os fatores citados são de grande importância para que o máximo da tecnologia seja expressada, em que cada técnica empregada possui sua função específica, não bastando só apenas o híbrido de milho realizar sua função, mas todo o conjunto das técnicas de manejo para que se tenha o alto desempenho.
Produtividade
Com a utilização desta tecnologia, os benefícios, cada um com suas especificidades, para suas devidas regiões, como resistência ao estresse hídrico, a patógenos, doenças e vírus, resultam em maior produtividade de 30 a 40%, quando bem empregada, pois seus benefícios são possíveis após toda a implantação do pacote, híbrido e condução da lavoura. Assim, ao contabilizar os custos reduzidos com operações e mão de obra, o lucro acaba se tornando mais atraente para o produtor.
Lavouras implantadas no campo experimental da faculdade FAEF, localizada na cidade de Garça, no interior de São Paulo, mostraram resultados significativos em campo, onde o desempenho inicial do híbrido BM 709 VTPRO2 foi satisfatório.
O mesmo teve uma excelente germinação, enfrentando alguns dias de veranico no mês de janeiro, quando não foram relatados prejuízos por tal fato. A faculdade conduz em seu campo, lavouras de milho, sendo elas em safra e safrinha, onde os resultados de produtividade têm suprido as expectativas, chegando a uma média 38 toneladas de silagem por hectare, e lavouras destinadas à produção de grãos com uma média de 110 sacas por hectare.
Erros
Os erros mais cometidos na implantação da tecnologia estão relacionados à não adequação ao conjunto de técnicas exigidas pelos híbridos. O plantio fora da época recomendada é um fator que gera dificuldade na condução da lavoura, assim como a semeadura realizada sem o dimensionamento de população de plantas por área, falha no estande de plantas, pulverizações em condições adversas, sem respeitar as recomendações da bula dos produtos. Seguir as recomendações exige maior atenção por parte dos produtores, afim de assegurar a lucratividade na colheita.
Para evitar estes erros é importante respeitar os limites de todas as operações, como a época de plantio correta, o dimensionamento e a velocidade de plantio adequada, realizar as aplicações a fim de evitar os danos por pragas e sempre respeitar os períodos de reentradas e carências dos produtos.
Vale destacar que o acompanhamento técnico, com profissional habilitado, é uma boa forma de reduzir os erros e perdas durante o processo, além de assegurar altas produtividades com estabilidade.
VELOCIDADE DE PLANTIO
Para semeadoras mecânicas, deve-se manter uma velocidade média de deslocamento entre 3,5 e 4 km h-1. Já em semeadoras pneumáticas, a velocidade pode chegar a até 5 km h-1.
FALHAS NO PLANTIO
Espaçamento entre linhas de 0,5 m; 1,0 hectare possui 20.000 metros lineares; se tivermos uma falha por metro = 20.000 plantas a menos no estande.
Considerando que uma planta produza uma espiga de 150 gramas de grãos (20.000 x 150 g = 3.000 kg = 50 sacas), o produtor terá uma quantia de 50 sacas de milho a menos por hectare apenas pela falha de plantio.