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Hormônio com micronutrientes no feijoeiro

Aldeir Ronaldo Silva
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP
aldeironaldo@usp.br
Diogo Capelin
Engenheiro agrônomo e doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP
diogocapelin@alumni.usp.br

O feijão é amplamente cultivado em todas as regiões brasileiras, em destaque nos Estados do Paraná, Minas Gerais e Bahia, com uma produção que equivale em torno de 50% da produção nacional.
Esta é uma cultura que desempenha importância social e econômica em função da mão de obra durante o cultivo. Mundialmente o cultivo de feijão apresenta como os maiores produtores Mianmar, Índia e Brasil, que correspondem a 44% da produção mundial.
Dessa forma, altas produtividades no Brasil são oriundas de manejos eficientes, em destaque na parte nutricional, associado ao uso de bioestimulantes, aminoácidos e hormônios. Uma vez que a cultura do feijão apresenta o sistema radicular pouco desenvolvido, influencia na disponibilidade de água e nutrientes para planta, como também no estabelecimento da cultura.

Técnica

Os hormônios vegetais podem ser compreendidos como compostos químicos produzidos nas células das plantas, que modulam diversos processos na planta (Taiz et al. 2017). Quando associado a micronutrientes, permite o aumento na eficiência da planta durante as fases vegetativa e reprodutiva.
Os hormônios podem promover ou inibir o crescimento da planta, o que varia em função da concentração. Dessa forma, a alta concentração de auxina e citocininia contribui para o aumento da divisão celular e crescimento vegetativo do feijoeiro, enquanto a giberelinas atua no alongamento das células, sendo importante nas fases vegetativa, formação e enchimento das vagens.
Os micronutrientes são importantes em diversos processos da planta, em destaque no feijoeiro, como no caso do ferro, elemento esse que participa na fixação do N2, processos da respiração e fotossíntese. Outro micronutriente importante para o feijão é o molibdênio, constituinte das enzimas nitrogenase e nitrato redutase.
O zinco e o manganês são importantes elementos para a fotossíntese, atuando como cofator enzimático e no processo de quebra da molécula da água. A associação entre hormônio e micronutriente possibilita aumento da atividade de grande número de processos fisiológicos e bioquímicos, resultando no maior desenvolvimento das plantas de feijão.

Benefícios

Em geral, os benefícios proporcionados pela técnica resultam em ganho de produtividade, menor incidência de doenças e pragas, e maior tolerância a estresses abióticos (déficit hídrico, salinidade, altas temperatura, luminosidade e elementos tóxicos).
Os benefícios indiretos provêm de melhoria quanto ao maior desenvolvimento das raízes, permitindo maior capacidade de absorção de nutriente e água, relacionado aos níveis de auxina, giberelina, citocininas e teor de fósforo.
O aumento na disponibilidade de nutrientes como zinco, ferro, molibdênio, boro e cobre promove o aumento na produção de fotoassimilados, sendo que grande parte desses nutrientes são cofatores de reações enzimáticas, incluindo a fotossíntese. Além disso, também são constituintes de proteínas e composto secundário de defesa, promovendo maior acúmulo de fotoassimilados, que resultam em maior número de flores, vargens e peso dos grãos.

Manejo

Para implementação da técnica, é recomendável realizar análise de fertilidade do solo com teores de macro e micronutrientes para um manejo de adubação eficiente. Além disso, a análise possibilita a correção de teores de nutrientes que estão com teores abaixo do exigido para a cultura do feijão.
É recomendável o acompanhamento de um profissional capacitado para decidir as fontes mais adequadas de micronutriente e hormônio, dosagem, forma e época de aplicação, com o objetivo de promover a máxima eficiência da técnica, toxicidade e redução do custo de produção. Em geral, as principais fontes de micronutrientes estão disponíveis na forma líquida para aplicação via foliar, sendo que algumas fontes granuladas de Zn, Mn, Cu têm eficiência reduzida. Com relação à dosagem, pode variar de acordo com a necessidade do feijão.
Já em relação ao hormônio, assim como os micronutrientes, grande parte das fontes no mercado nacional está disponível na forma líquida. Em destaque o ácido indolbutírico (IBA), ácido 3-indolacético (AIA), ácido naftalenoacético cinetina (ANA), (Kt), ácido giberélico (GA3), ácido 2-cloroetilfosfônico (Ethephon).
Com relação à dosagem, pode variar de acordo com o hormônio. Alguns produtos no mercado nacional têm em sua composição hormônios vegetais e micronutrientes. Todavia, o profissional pode recomendar a aplicação em conjunta de ambos, e neste caso é importante a escolha adequada das fontes e concentrações para evitar efeito tóxico.
Em geral, a aplicação é realizada via foliar durante a fase vegetativa ou reprodutiva na cultura do feijão. É recomendável a aplicação em dias com temperaturas não elevadas e baixa velocidade do vento. Além disso, dependendo da composição da fonte de micronutriente ou hormônio vegetal, pode gerar efeito tóxico, quando aplicado com produtos químicos.

Vamos à prática

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Em geral, o uso de hormônios vegetais associados a micronutrientes promove ganho em produtividade na cultura do feijão em função dos vários benefícios supracitados neste artigo. Além disso, trabalhos realizados em campos corroboram para o efeito de elevação da produtividade.
Como exemplo está o trabalho realizado no Estado de Tocantins, com a aplicação de manganês, que promoveu o incremento no ganho de biomassa da parta aérea e raiz (Mota et al., 2018). Em outro trabalho avaliando plantas de feijão sob paclobutrazol, foi observado o aumento do peso de 100 grãos, além do aumento do número de vagens e produtividade.

Não se engane

Entre os erros mais recorrentes estão a aplicação de produtos sem garantias quanto à composição. Além disso, outro erro muito comum está na aplicação dos produtos sem a realização da análise de macro e micronutrientes, podendo ocasionar toxicidade das plantas e redução na produtividade. Outro erro é a aplicação em condições ambientais não adequadas, como por exemplo a aplicação em horários com alta temperatura, durante período de chuvas intensas ou em dias com alta velocidade do vento.
Todos esses fatores podem levar à perda de eficiência da técnica e aumento do custo de produção do feijão.

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