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Plantios tardios de cedro australiano e adequação ao clima

Para melhor utilizar as janelas de plantio tardio e garantir seu bom desenvolvimento e sucesso, a adequação ao clima é fundamental, pois dependem diretamente dos agentes climáticos (como o regime de chuva, incidência de radiação solar e temperatura).

Crédito Eduardo Stehling

Cibelle Amaral Reis
cibelleareis@gmail.com
Daniela Minini
daniminini16@gmail.com
Kyvia Pontes Teixeira das Chagas
kyviapontes@gmail.com
Engenheiras florestais, mestras em Ciências Florestais e doutorandas em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)

A precipitação é o principal fator para determinar janelas de plantios florestais. Entretanto, apenas a ocorrência de chuvas, às vezes, não garante sucesso no estabelecimento das mudas.
Conhecer e saber usar técnicas adicionais para um bom resultado no plantio tem sido determinante em tempos de variações climáticas. Desde o viveiro de espera até o uso do hidrogel e protetores de mudas, falaremos um pouco sobre as vantagens de se fazer plantios de cedro após o mês de fevereiro.
As janelas de plantios (ou seja, épocas mais indicadas para plantio de espécies florestais) variam de acordo com a região e as condições climáticas locais. De modo geral, a janela será determinada pelo período em que condições climáticas são mais favoráveis para o plantio, desde que levado em consideração as condições ambientais locais e da espécie plantada.
Em regiões mais úmidas, a janela é geralmente na estação chuvosa, enquanto em regiões mais secas ela pode ser determinada pela disponibilidade de água durante o período de estiagem.
As características edafoclimáticas de um local, como por exemplo, o solo e seus nutrientes, percentual de insolação, quantidade de chuvas e sua distribuição ao longo do ano, são elementos essenciais para o crescimento das florestas plantadas.

Origem

O cedro australiano (Toona ciliata var. australis) é proveniente de regiões com precipitação mínima de 1.500 milímetros, porém, possui bom desenvolvimento em áreas com precipitação anual entre 800 e 1.800 milímetros (com limiar máximo de 4.000 milímetros), e com dois a seis meses de seca.
Além disso, a temperatura média anual ideal para a cultura varia em torno de 20 a 26°C, contudo, suporta temperaturas mínimas próximas a 0ºC, podendo até suportar geadas.

Condições ideais

O cedro australiano tem melhor desenvolvimento em solos bem drenados, profundos e eutróficos (com elevado percentual de nutrientes e matéria orgânica), podendo se desenvolver também em solos calcários.
Contudo, o plantio em solos argilosos compactados, arenosos e pobres deve ser evitado. No caso de solos compactados, a subsolagem é necessária, com uma profundidade mínima de 60 a 70 cm.
Além disso, deve ser realizada a análise de solo nas profundidades de 0 – 20 cm e de 20 – 40 cm para o conhecimento de sua composição e uma correta prescrição para sua correção (acidez e nutrição) e adequada preparação do solo para o estabelecimento das mudas.

Plantio direto

É recomendado o plantio direto, sem revolvimento do solo e manutenção da camada superficial de matéria orgânica para evitar a erosão hídrica e eólica, assim como para promover a manutenção da umidade superficial do solo.
O controle de plantas invasoras, combate às formigas e cupins deve ser iniciado antes do plantio e deve ser mantido até 1 ano e meio após o plantio. Além desses cuidados, não são recomendados espaçamentos menores que 9,0 m² por planta e maiores que 13 m²/planta, e as covas devem ter dimensões mínimas de 40 x 40 x 40 cm (altura x largura x comprimento). Em áreas de declive, o plantio deve ser realizado em curvas de nível para evitar a erosão do solo.
Portanto, a escolha de um bom material genético e seleção de mudas de qualidade, aliado a técnicas apropriadas de plantio e manutenção da área, possibilita garantir o sucesso no estabelecimento das mudas e o desenvolvimento da floresta plantada.

Plantio tardio de cedro australiano

O plantio das mudas após o mês de fevereiro (cultivo tardio) é uma boa oportunidade porque, nessa época do ano, as condições climáticas são favoráveis para o crescimento das mudas, visto que a partir de fevereiro a época de chuvas já começa a diminuir em algumas regiões, evitando que as mudas fiquem encharcadas e desenvolvam doenças.
Plantar as mudas depois de fevereiro permite que elas se desenvolvam quando os níveis de radiação são muito mais baixos, assim como a temperatura e a evaporação de água nos solos, diminuindo o risco de queima de coleto.
Apesar da irregularidade das chuvas, o potencial hídrico do solo normalmente está em níveis ótimos, acelerando o crescimento e ajudando a garantir que as mudas se estabeleçam bem no solo antes da chegada do inverno.
Em resumo, o plantio de cedro australiano após o mês de fevereiro pode ser uma boa oportunidade, porque oferece um ambiente mais favorável para o crescimento das mudas e ajuda a maximizar as chances de sucesso do plantio.

Adequação ao clima

Para melhor utilizar as janelas de plantio tardio e garantir seu bom desenvolvimento e sucesso, a adequação ao clima é fundamental, pois dependem diretamente dos agentes climáticos (como o regime de chuva, incidência de radiação solar e temperatura).
A janela de plantio tardio é o período em que 50% do volume de chuvas anual já ocorreu, restando dias de chuva e volume de precipitação limitados e mal distribuídos. A adequação do plantio ao clima pode ser feita de várias maneiras, incluindo a escolha do local e da variedade mais adequados, a preparação do solo e o manejo das mudas.

Escolha da variedade

Em relação à variedade, é importante selecionar aquelas que sejam mais adaptadas ao clima da região. Como o cedro australiano é nativo da Austrália, as condições climáticas mais adequadas são as semelhantes às do seu habitat natural.
Por exemplo, em áreas com invernos rigorosos, é necessário escolher variedades que foram adaptadas para maior resistência ao frio.

As mudas

O planejamento do local de plantio também é importante para garantir que as mudas recebam a quantidade adequada de luz solar, água e nutrientes, além de fatores como a topografia do terreno e condições de solo.
Assim, vale relembrar que a preparação do solo também é crucial para garantir um ambiente adequado ao crescimento das mudas, sendo necessário análises para determinar se há deficiências de nutrientes e se é preciso realizar adição de fertilizantes e correção de solo.
Além disso, o manejo das mudas também é importante para garantir que elas se desenvolvam adequadamente. Isso inclui práticas como irrigação apropriada, a poda de galhos danificados e controle de ervas daninhas, pragas e doenças.
Essa adequação também pode ser realizada por meio de técnicas adicionais de plantio que podem garantir o sucesso de sua produção, ao reduzir ou eliminar fatores estressores, contribuindo para um adequado desenvolvimento das plantas, e assim, para uma produção de melhor qualidade e menores taxas de mortalidade.

Técnicas

Para garantir o sucesso do plantio, pegamento e desenvolvimento das mudas, reduzindo assim a taxa de mortalidade do cedro australiano após o mês de fevereiro, diversas técnicas adicionais podem ser utilizadas com finalidades distintas.
A primeira é o viveiro de espera, local onde as mudas são mantidas por um período antes de serem plantadas em seu local definitivo. Essa prática é muito comum na silvicultura e pode contribuir para o sucesso do plantio de diversas maneiras.
Uma das principais vantagens é permitir que as mudas se desenvolvam adequadamente, antes de serem transplantadas para o local definitivo, visto que durante esse período as mudas são cuidadas e recebem os nutrientes necessários.
O emprego desta técnica impacta positivamente as chances de sobrevivência das plantas no novo ambiente e melhora seu desenvolvimento. Além disso, o viveiro de espera pode ajudar a controlar pragas e doenças que podem afetar as plantas, pois as mudas são mantidas em um ambiente controlado, o que permite inspeções regulares e intervenções precoces e precisas.
Outas duas técnicas são o uso do hidrogel e dos protetores de mudas. O hidrogel é um polímero com capacidade de retenção hídrica e de liberação lenta, se tornando uma fonte constante de umidade, auxiliando na redução do estresse hídrico e melhorando a sobrevivência das plantas.
Por sua vez, os protetores de mudas são geralmente tubos de plástico ou de papelão que são colocados ao redor da muda para protegê-la dos danos causados pelo vento, pela chuva ou por herbívoros.
Assim como a anterior, essa técnica também contribui para criar um microclima favorável para o crescimento das mudas, ao reduzir a evaporação e a temperatura em torno das raízes, assim como manter a umidade no local por um período maior.
Isto ocorre, pois o protetor reduz a incidência de radiação solar excessiva, tanto no solo como no coleto, o que, consequentemente, previne a queima e ressecamento desta estrutura vegetal. Por fim, os protetores evitam o afogamento por movimentação de terra em período de chuvas intensas.
Uma técnica simples e de fácil aplicação é o mulching, uma barreira física que consiste na cobertura total do solo em torno das mudas utilizando uma camada de matéria orgânica ou filme plástico fino contínuo nas fileiras das mudas, mantendo este local coberto.
O objetivo da técnica é prevenir ervas daninhas, controlar a troca de umidade e calor entre a atmosfera e o solo, assim como evitar pragas.

Água

A disponibilidade de água é o fator mais limitante para a implantação e sucesso de um plantio e, portanto, deve ser priorizada no planejamento e condução do desenvolvimento das mudas de cedro australiano.
Portanto, a irrigação é uma tecnologia que deve ser empregada para suprir a necessidade hídrica, especialmente em plantios tardios.

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