Palestrante destacou durante Congresso Nacional de Ensino
Agrícola que descontinuidades de governos dificultam compreensão e dos avanços
nas bases educacionais
O segundo painel do 36º Encontro Estadual de Professores e 8º Congresso
Nacional de Ensino Agrícola tratou da “Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e
das Diretrizes da Educação Ambiental no Rio Grande do Sul”. O painelista foi o
professor Gabriel Grabowski, pesquisador da Universidade Feevale e membro do
Conselho de Educação, da diretoria da Aesufope e Consinos e do Observatório do
Ensino Médio.
Na introdução, o especialista falou sobre a onda jovem que se tem no Brasil,
onde essa faixa conta com 50 milhões de indivíduos. Entre as grandes preocupações
deste público estão a inserção no mercado de trabalho, acesso à educação, uma
vida mais segura, em saúde e segurança, em especial a emocional com a pandemia
e, por último, o acesso à cultura.
Neste ponto educacional, entram as mudanças na BNCC, que a própria diretriz diz
que é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver
ao longo das etapas e modalidades da educação básica, de modo que tenham assegurados
seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento em conformidade com o Plano
Nacional de Educação (PNE).
Segundo Grabowski, as novas diretrizes estavam sendo elaboradas desde 2019
ainda pensando no modelo presencial e a partir do advento da pandemia foi
incluída a questão da educação híbrida. “Todo o Estado e escola devem ter sua
política educacional e a BNCC é um documento focado no currículo. Uma coisa é
alinhar outra é se restringir à BNCC, mas ela não representa o universo do
ensino brasileiro, ela é um campo”, destacou
O professor salientou que nas últimas cinco décadas, diversas propostas
ideológicas reformistas foram testadas. Lembrou que a Finlândia faz uma revisão
há cada 40 anos. “Isso impacta nas escolas. No Rio Grande do Sul tem estudo,
inclusive, apontando que nos últimos governos foram quatro políticas diferentes
para o Ensino Médio e cada uma descontinuando as outras. Existem monitoramentos
mostrando que as metas do Plano de 2014 foram descumpridas”, frisou.
A ideologização, conforme o especialista, acaba atrapalhando os avanços da
BNCC. Grabowski mostrou índices de que os investimentos deveriam ser de R$ 50
bilhões na educação, mas serão de R$ 500 milhões. “Existia a proposta de R$ 4
bilhões para colocar internet nas escolas, mas o governo vetou. Tínhamos
dinheiro, tínhamos o fundo e não fizemos. Isto é opção política, salientou.
As mudanças no Ensino Médio preocupam o professor. Colocou que entre as
diretrizes para esta faixa do ensino estão a consolidação e o aprofundamento
dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, a preparação básica para o
trabalho e cidadania do educando, o aprimoramento do educando como pessoa
humana, incluindo a formação ética, autonomia intelectual e do pensamento
crítico e a compreensão dos fundamentos científicos tecnológicos dos processos
produtivos. “Se o Ensino Médio for mal embasado vai repercutir para o resto da
vida”, ponderou.
Sobre a educação ambiental, Grabowski reforçou que as normas do Estado apontam
que toda instituição de ensino deve se constituir como espaço integral de
educação ambiental. Além disso, destacou que as escolas com educação
profissional deverão desenvolver estudos e tecnologias que eliminem os impactos
ao meio ambiente e prejuízos à saúde do trabalhador, e também reforcem as
escolas agrícolas como espaços de educação ambiental. “Gostaria de ver as
escolas agrícolas liderarem e serem referências na questão da educação do
campo, desenvolver projetos, feiras e prêmios na área”, completou.
O evento realizado pela Associação Gaúcha dos Professores Técnicos de Ensino
Agrícola (Agptea) está ocorrendo no Centro de Eventos do hotel Laghetto
Viverone, no município de Rio Grande (RS).
Foto: Larissa Mamouna/Divulgação
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective