Os impactos do fenômeno climático La Niña – marcado por tempo seco e chuvas irregulares – já ameaçam as estimativas da produção do milho verão no Rio Grande do Sul, principalmente na região noroeste do estado, segundo dados da Emater/RS. Para o pesquisador em Entomologia na Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL), Glauber Renato Stürmer, a instabilidade do clima pode ser favorável para a incidência da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).
“Este é um inseto-vetor, ou seja, não ocasiona danos expressivos diretamente, mas de forma indireta. O problema é causado quando a praga, durante o processo de alimentação, desempenha o papel de transmissora dos patógenos causadores dos enfezamentos pálido e vermelho do milho. Os danos podem chegar em até 100% da produção do grão, inviabilizando a lavoura”, ressalta o especialista.
Procurando uma melhora neste cenário e um maior controle da praga na safra 2021/22 de milho, a Bayer desenvolveu o Esquadrão de Combate à Cigarrinha, uma rede colaborativa, entre agricultores, pesquisadores e a agtech Farmbox, para o monitoramento das lavouras do Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. O projeto, iniciado em julho deste ano e finalizado em novembro, impactou 194 cidades do estado, das quais 350 fazendas receberam a instalação de 832 armadilhas para a praga. Durante o período foram realizadas mais de 7.500 visitas para georreferenciamento do talhão e monitoramento.
“Esta iniciativa é a chave para evitar os danos causados pelo inseto. O nosso foco é auxiliar o produtor a resolver esse problema que está impactando significativamente a rentabilidade do milho”, explica o diretor executivo de negócios de milho da Bayer, Rodrigo Nuernberg.
Para coletar as informações que foram utilizadas pelo time de campo, foi feita uma visita de georreferenciamento do talhão e, logo em seguida, da equipe técnica para o monitoramento. As visitas foram realizadas em intervalos de 7 a 10 dias ao longo do ciclo da cultura. “Com a inspeção da lavoura, conseguimos identificar quais pragas estavam no campo e estimar a densidade populacional, os danos causados pelos insetos e a ocorrência do controle natural. Quando a presença da cigarrinha é detectada, o time de campo recebe os dados gerados e aconselha o produtor sobre o manejo mais eficiente no cultivo”, reforça Nuernberg.
Para Stürmer, os dados são cruciais para um maior controle dos riscos, assim como o gerenciamento dos custos durante a safra. “Com este projeto, o agricultor faz um manejo bem mais robusto, com mais aplicações em regiões que mostram maior risco. Desta forma ele consegue se precaver e tomar decisões mais assertivas”, reforça o entomologista da CCGL.
Importância do manejo integrado
Stürmer destaca que os produtores precisam estar conscientes de que a adoção de uma única estratégia de manejo, de modo isolado, não é suficiente. “Para reduzir e prevenir a manifestação da praga nas lavouras, é necessário manejar a cigarrinha do milho praticando o Manejo Integrado de Pragas (MIP), considerando o monitoramento, o uso de híbridos de milho com maior tolerância aos enfezamentos e as medidas de controle químico”, completa.
Como resposta a essa necessidade e a importância de sementes que sejam mais resistentes a diferentes intempéries, seja de clima, pragas e outros, a Bayer lançou o híbrido de milho Agroceres 8701PRO3 (verão tropical). A nova variedade, indicada principalmente para as lavouras dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além de ser tolerante ao complexo de enfezamento, também tem potencial produtivo nos ambientes com produção média e alta, estabilidade nos diferentes ambientes e ciclo precoce. “Ao utilizar um híbrido de milho de maior tolerância, o potencial de dano de uma cigarrinha-do-milho infectada, por exemplo, é reduzido em 30% a 40%”, conclui Stürmer.