Givago Coutinho – Doutor em Fruticultura e professor – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado) – givago_agro@hotmail.com
Na implantação do pomar de mangueira, os atributos do solo são essenciais para uma boa produtividade. Solo com boa estrutura física, aeração e permeabilidade adequadas são os mais indicados, pois permitem a penetração das raízes.
Para a mangueira, o solo considerado ideal é do tipo areno-argiloso, rico em matéria orgânica, com profundidade efetiva superior a 1,2 m, topografia plana a levemente ondulada, com o lençol freático abaixo de 3 m, o mesmo também não deve apresentar problemas de salinização.
Neste contexto outro fator é essencial na implantação e condução da produção das mangueiras: a amostragem do solo. A amostragem é o primeiro passo para um bom programa de adubação. Por meio dela é possível avaliar a fertilidade para efeito de adubação e identificar a ocorrência de possíveis barreiras químicas que possam impedir o desenvolvimento radicular, além de possibilitar a identificação de deficiências como o cálcio e também se há excesso de alumínio.
Inovações no manejo nutricional
Uma prática interessante aos produtores é a utilização algumas espécies que são capazes de promover a fixação biológica do nitrogênio atmosférico em formas assimiláveis pelas plantas. Essa utilização pode ser feita no sistema de consorcio entre as culturas. No caso da mangueira, cujos espaçamentos são geralmente grandes, há a possibilidade de utilização da área disponível com o consorcio com culturas de porte médio a baixo.
Neste caso, o produtor pode optar por plantas que promovam a fixação biológica de nitrogênio (FBN). Dentre as culturas ideais para realizar o consorciamento e que são FBN, estão o feijão, o amendoim.
Além destas, outras culturas que não são FBN também podem ser utilizadas no consórcio com a mangueira, sendo o arroz de sequeiro, o milho, a melancia, o melão e o abacaxi os mais recomendados.
O consórcio entre diferentes culturas traz benefícios ao produtor, como a amortização dos custos de implantação do pomar, além de contribuir para a conservação e melhor aproveitamento do solo.
Benefícios proporcionados
Um condicionador importante que tem ganhado espaço na agricultura e na fruticultura é o gesso agrícola. Sua fórmula química (CaSO4) não causa alterações no pH do solo, mas reduz o teor de alumínio (Al) no perfil em profundidade, pela formação de sulfato de alumínio (Al2(SO4)3), além de fornecer cálcio (Ca) e enxofre (S).
No caso da mangueira, o Ca possibilita melhorias ao desenvolvimento do sistema radicular em profundidade, além de melhorar a qualidade dos frutos por reduzir a incidência do distúrbio conhecido como colapso interno dos frutos.
Do plantio à colheita
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A mangueira, por se tratar de uma planta perene, requer adubação de plantio, formação e produção. A adubação da mangueira segue a seguinte recomendação, de acordo com Fonseca et al., (2010):
Adubação de plantio:
Nitrogênio (N): 20 litros de esterco de curral bem curtido, podendo ser caprino, ovino ou bovino, por cova. Em casos solos arenosos e de baixa fertilidade, pode-se aumentar essa quantidade.
Fósforo (P): a recomendação de aplicação de fósforo deve ser feita com base na análise química do solo e recomendada por meio de fontes como o superfosfato simples (18% de P2O5, 20% de Ca e 11% de S), ou ainda o superfosfato triplo (42% de P2O5 e 14% de Ca).
Potássio (K): recomendação feita com base na análise química do solo, sendo a fonte mais utilizada o cloreto de potássio (58% de K2O e 45% de Cl), podendo ser empregado o sulfato de potássio (50% de K2O e 16% de S).
Micronutrientes: o boro (B) e o zinco (Zn) são considerados os mais importantes dentre os micronutrientes para a cultura da mangueira. Neste caso, é recomendável a utilização de fertilizantes que contenham os nutrientes, além de outros possíveis micronutrientes que possam causar deficiência a planta.
Adubação de formação: é recomendada com base nos resultados da análise química do solo e folhas. Realizada a partir do segundo ano, caso haja intenção de se fazer indução floral após 30 meses de idade das plantas.
Adubação de produção: para a adubação de produção, a recomendação quanto às quantidades de adubos deve baseada na produtividade esperada e nos resultados da análise química de solo e folhas.
Recomendações
A amostragem incorreta, a interpretação do laudo de análise de solo e a utilização de fontes incorretas de adubos e corretivos podem ser entraves ao desenvolvimento de um bom programa de adubação, devendo ser cuidadosamente analisados e interpretados para alcance do melhor resultado possível.
Na implantação do pomar, alguns critérios devem ser observados na amostragem de solo. É recomendável que seja coletada aproximadamente seis meses anteriormente ao plantio. A amostragem deve ser feita tendo por base o agrupamento das amostras pelas características do solo, como cor e textura da área, como vegetação predominante, relevo e histórico de utilização.
Em cada grupo de solo devem ser retiradas em torno de 20 a 25 subamostras em profundidade de 0 a 20 cm e também de 20 a 40 cm. Feito isso, a partir de cada conjunto de subamostras deve ser retirada uma amostra de aproximadamente 0,5 kg. Essas subamostras devem ser todas misturas para compor a amostra composta, será encaminhada ao laboratório.
Em pomares já instalados, as recomendações também devem ser seguidas. No caso de pomares em formação e em produção, a amostragem deverá ser realizada entre a extremidade da projeção da copa e 1,50 m do tronco de plantas adultas.
É recomendável a coleta de 50% das amostras na projeção da copa e 50% além do raio da copa, em cerca de 20 plantas. Neste caso, as profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm são essenciais. Em todos os casos, as amostras podem ser retiradas utilizando-se um trado, enxadão ou cavadeira.
Correção de solo
A aplicação do calcário na área de implantação, quando recomendada pela análise química do solo, deve ser realizada em área total com no mínimo 30 dias antes do plantio das mudas. Para fins de análise de solo, visando a calagem após a implantação, a amostragem do solo deve ser feita a cada dois anos.
É importante ressaltar que a época de adubação deve corresponder ao período de maior consumo pela planta, ou seja, nos meses de agosto, outubro, dezembro e fevereiro, visando à reposição dos nutrientes retirados do solo.