Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Nutrição Mineral de Plantas ” UFRRJ
Everaldo Zonta
Doutor em Agronomia – UFRRJ
Elisamara Caldeira do Nascimento
MSc. em Fitotecnia pela UFRRJ
O controle biológico é uma realidade na agricultura e, gradativamente, vem se tornando uma opção viável para os produtores hidropônicos. Entretanto, para este tipo de controle existe a necessidade efetiva de monitoramento da incidência de pragas e doenças de possível ocorrência no ambiente de cultivo protegido.
Este monitoramento se dá pelo manejo integrado de pragas e doenças. Assim, o controle biológico assume um papel fundamental como técnica aplicável nos programas de manejo integrado, uma vez que esta possui características diferenciadas quando comparadas ao controle por uso de defensivos agrícolas.
Destacam-se como características: são pertencentes ao grupo toxicológico IV (baixa toxicidade), custo/benefÃcio, assim como se caracterizam por serem produtos de fácil aplicação e de manejo simplificado, conferido simplicidade de aplicação.
Porém, muito ainda deve ser pesquisado para uma melhor precisão nos tratamentos com defensivos alternativos. Este panorama fica mais notório por ser este tipo de controle promissor devido ao seu grau elevado de sustentabilidade frente ao controle com defensivos agrícolas.
Entretanto, o “tratamento químico“ ainda se faz necessário na agricultura, sempre que for constatado um nível de dano econômico elevado a muito elevado e, com baixa possibilidade de retorno ao nível aceitável econômico em um cultivo comercial.
Assim, infere-se que na hidroponia atual existe um consorciamento entre a aplicação de defensivos biológicos (estes assumindo gradativamente um maior percentual no manejo fitossanitário) e o controle químico, que tende a ser reduzido tanto pelo manejo de pragas e doenças quanto pelas características do ambiente de cultivo, que favorecem a um efetivo controle massal.
Reeducação ambiental
Vale ressaltar que para uma maior efetivação no uso de defensivos naturais toda a cadeia produtiva deve se reeducar, uma vez que o conceito básico é a manutenção da praga e doença abaixo do nível de dano econômico e não a eliminação de 100% das pragas e doenças do sistema em uma avaliação mais ampla.
Este tipo de controle pode induzir ao fato “desagradável“ da aquisição de uma hortaliça com a presença tanto do organismo prejudicial ao crescimento da planta quanto do seu inimigo natural.
Atualmente, este tipo de situação não é aceita no mercado de HF. Assim, a adoção, por parte do produtor, de métodos alternativos pode ser um fator desfavorável à comercialização do seu produto, infelizmente.
Por outro lado, o setor privado deve investir cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento de defensivos alternativos, fato este notório ao longo desta década, com maior efetivação nestes últimos cinco anos.
Concomitantemente, o governo deve desburocratizar o registro destes produtos, que pode demorar cerca de 10 anos, dependendo do caso, para a obtenção do registro, em um processo moroso e oneroso para cada produto a ser lançado com fins de biopromoção na resistência das plantas cultivadas, dentre elas as hortaliças.
Vantagens do controle biológico para HF
O tipo de controle efetivamente utilizado em hidroponia caracteriza-se por ser aplicado, ou seja, com a interferência do homem, visando alterar os níveis populacionais entre praga e inimigo natural, cujo objetivo é o de se elevar um processo de antagonismo, com favorecimento ao inimigo natural.
As vantagens principais são: menor impacto ao meio ambiente, gerando sustentabilidade e menor quantidade de resíduos no sistema, reduzida contaminação do aplicador, sendo este o agente mais prejudicado na cadeia, porém, mesmo com o uso de defensivos alternativos os equipamentos de proteção individual são obrigatórios. Além disso, o controle biológico visa a não ocorrência de resistência de pragas no cultivo protegido.
Desvantagens
As desvantagens, que foram amplamente discutidas ao longo dos anos, são o custo elevado e a dificuldade de aquisição dos produtos.Porém, estes fatores são minimizados ao longo dos anos em função de uma escala de produção, principalmente para os produtos Bacillussubtilise a Azadiractina, ambos produzidos por multinacionais, e da amplificação da cadeia de distribuição.
O Bacillussubtilis e a Azadiractina
Bacillussubtilis é um micro-organismo que se destaca pela capacidade antagônica, afetando de forma significativa os patógenos das plantas cultivadas. Favorece, assim, o biocontrole, a partir da síntese de substâncias que afetam o desenvolvimento dos patógenos, processo denominado antibiose, assim como a promoção do crescimento, a partir da disponibilização de N e outros nutrientes e do seu papel como regulador de crescimento.
Já a Azadiractina atua como um coadjuvante ao controle de pragas, assim como reduz a resistência das pragas, afetando diretamente o mecanismo de alimentação e reprodução dos ácaros, tripes, pulgões, lagartas, larvas minadoras e cochonilhas.