Tema foi abordado no segundo dia de palestras da Abertura
Oficial da Colheita do Arroz em Capão do Leão
O ciclo de palestras da 32ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz teve
continuidade nesta quinta-feira, dia 17 de fevereiro. No início da tarde o tema
abordado foi “Pecuária como aliada na melhor eficiência do sistema produtivo”.
Foram palestrantes Frederico Wolff, da Wolf Agricultura e Pecuária de Dom
Pedrito (RS), e Clarissa Lopes Peixoto, do Grupo Pitangueira, de Itaqui (RS),
com moderação do pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Danilo Sant’Anna, que
ressaltou a importância de debater uma das pautas principais do evento,
buscando mais sustentabilidade nas terras baixas no sul do país.
Clarissa destacou em sua fala que o Grupo Pitangueira está baseado em três
pilares: gado Braford, lavoura de arroz e lavoura de soja, que está em fase
inicial de implantação. Salientou que a rotação destas culturas já é uma
realidade com o objetivo de buscar uma sustentabilidade de fato. “Conseguimos
perceber uma melhora na parte química, física e biológica da terra, um melhor
uso das áreas marginais. Essa reciclagem natural dos nutrientes é o que nós
buscamos nessa integração”, observou, destacando também uma melhora financeira
com um menor uso de defensivos agrícolas.
O Grupo Pitangueira recebeu o Selo Ambiental dentro da lavoura de arroz o que,
conforme Clarissa, confere à empresa o bem estar social e as melhores práticas
de manejo do solo. “Nós procuramos agregar valor em toda a produção, desde a
semente até o consumidor final. Procuramos fazer um arroz com rastreabilidade.
Acreditamos em tecnologia e em fazer um produto com qualidade”, pontuou.
Clarissa ressaltou que da mesma forma no gado, a empresa conquistou títulos em
exposições, como melhor criador de Braford e maior vendedor de touros Braford
do Brasil. “Procuramos fazer o melhor desde a porteira até o consumidor. Então
temos a carne pitangueira ainda em nível regional, mas com a intenção de
aumentar esta abrangência”, informou, lembrando que um dos desafios da empresa
é a mudança de cultura. “É fundamental mostrar que realmente vivemos de um todo
e uma atividade complementa a outra”, colocou.
A crise hídrica enfrentada na fronteira do Estado também foi abordada por
Clarissa. Segundo ela, é preciso mostrar a importância da integração da lavoura
com a pecuária nestes momentos, em especial na parte financeira. “Tenho dito
que é preciso ter um foco no presente, mas sempre com um olho no futuro. É
necessário dar continuidade à empresa independentemente da atividade que
exercer”, finalizou.
Frederico Wolf iniciou sua fala traçando um pequeno histórico do negócio desde
seu avô. Destacou que, hoje, trabalha com uma das irmãs e o cunhado, como
sócios, e que o negócio da família reflete o meio ambiente onde estão
inseridos. “Temos tido mais sucesso quando conseguimos identificar onde estamos
e como aquele local ou ambiente pode nos oportunizar”, disse ele. Apesar de
trabalhar com arroz, soja, milho e o gado, o empresário não esquece que a
pecuária já estava na região quando a agricultura chegou. “Ela estava ali antes
de nós. Tudo isso é ambiente do gado e temos que explorar este ambiente sempre
em acordo com ele”, afirmou.
Antes de encerrar sua palestra, Wolf lembrou de um amigo, já falecido, a quem
destacou como um homem de grande sucesso em sua jornada como agropecuarista.
“Ele dizia que temos que ter uma vaca no campo para cada hectare plantado, como
uma poupança”, concluiu.
Danilo Sant’Anna, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, que moderou os painéis,
brincou que não houve fala combinada, mas que os dois palestrantes seguiram uma
linha muito similar. “Ao falarem sobre integração, ambos destacaram a
necessidade de se olhar para o negócio como um todo”, afirmou. Ele ainda fez
uma provocação aos palestrantes, perguntando se não estava na hora de traçar o
caminho em mão dupla, não só com a agricultura levando avanços tecnológicos à
pecuária, mas com a pecuária trazendo estas mudanças para a agricultura.
A 32ª edição da Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas
segue até amanhã, sexta-feira, na Estação Terras Baixas, da Embrapa Clima
Temperado, em Capão do Leão (RS), em formato híbrido com atividades presenciais
e on-line. A organização é da Federarroz com correalização da Embrapa e
patrocínio Premium do Irga e do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Informações podem ser obtidas pelo aplicativo Colheita do Arroz
ou no site www.colheitadoarroz.com.br.
Foto: Paulo Rossi/Divulgação
Texto: Rejane Costa e Ieda Risco/AgroEffective