Rafael Simoni
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
rafaelsimoni@gmail.com
A volatilização se dá pela transformação química, em que o nitrogênio se transforma em amônia e é liberado para a atmosfera. Esse processo varia de acordo com condições climáticas, o pH do solo e a quantidade de matéria orgânica no solo.
Já a lixiviação é a perda de nitrogênio pelo carreamento da água. Nessa situação, o nitrogênio, por ser solúvel, é transportado para as camadas inferiores do solo, deixando a zona radicular.
O processo de lixiviação, além de suprimir o nutriente da região radicular, polui o lençol freático e cursos de água, gerando ou intensificando um problema ambiental.
Erros fatais
Para evitar a volatilização, o recomendado é fazer a aplicação momentos antes da irrigação, para assim a água da irrigação carrear o nutriente para a camada ligeiramente abaixo.
Outra recomendação é não fazer aplicação superficial. Hoje o mercado disponibiliza diversos modelos de adubadoras-sulcadoras para os mais variados tamanhos de hortas. Quanto aos métodos para evitar a lixiviação, podemos destacar medidas de proteção do solo, tais como:
• Manter o solo com um bom suprimento de matéria orgânica, mas sem excessos. Pode ser feita cobertura com palhada, uso de mulching, bem como serrapilheira.
• Fazer uso correto da irrigação, evitando molhar o solo além do necessário. Isso evita que o excesso de água carregue os nutrientes para camadas inferiores.
• Parcelar a aplicação de ureia durante o desenvolvimento da cultura. Uma recomendação que está sendo bem aceita é fazer o parcelamento da seguinte forma: 20% da ureia recomendada é aplicada 15 dias após o transplante das mudas, 30% é aplicado sete dias após a primeira aplicação e 50% aplicado sete dias após a segunda aplicação.
• Fazer uso de aplicação de ureia via foliar, na razão de 1,5 grama por litro de calda. Essa prática ajuda a otimizar a absorção de nitrogênio, pois devido a sua alta solubilidade, a planta consegue rapidamente absorver e assimilar o nutriente pela folha.
Essas medidas são recomendadas para evitar a perda excessiva de nitrogênio do solo, e não significa que não haverá perdas.
Em campo
Na prática, cada produtor tem resultados muito satisfatórios, mesmo com métodos e aplicações diferentes entre si, desde que observados os cuidados necessários na aplicação.
Os resultados mais expressivos, porém, são aqueles em que o produtor adota práticas racionais de aplicação e com a observância dos cuidados descritos anteriormente.
A adoção de práticas conservacionistas do solo, a distribuição via solo parcelada em doses de acordo com o estágio de desenvolvimento, o manejo correto no momento da aplicação, a associação de aplicação em solo com aplicação via foliar, dentre outros, são ações cujos resultados são superiores, quando comparados às aplicações feitas sem esses critérios.
Custo envolvido
Em relação aos custos, a ureia continua sendo a opção de melhor custo-benefício para a maioria dos produtores. Com exceção dos casos onde o produtor tem disponibilidade próxima de adubos na forma de esterco animal, a ureia é a que apresenta o menor custo por tonelada.
Relembrando que o esterco é relativamente muito barato, mas se faz necessário a aplicação de uma enorme quantidade para garantir o suprimento de nitrogênio e deve ser considerada a distância entre o ponto de venda e o local onde a horta está instalada, sendo um fator de grande impacto nos custos de transporte.
A ureia, bem como a maioria dos adubos nitrogenados, tem sofrido uma considerável oscilação de preço, devido às pressões de mercado internas e externas, bem como os fatos de impacto geopolítico que o mundo vem sofrendo desde a chegada da covid-19.
Até o fechamento desta edição, o preço por tonelada da ureia varia entre R$ 4.000,00 e 5.200,00. Para a recomendação de suprimento mínimo, em média o produtor usa 230 a 260 kg por hectare, ou seja, algo em torno de R$ 1.200,00 por hectare com ureia, para o suprimento mínimo exigido pela alface.