Dhyene Rayne dos Santos Becker
Engenheira agrônoma e mestra em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA)
drayneagro@gmail.com
A cultura da mamona (Ricinus communis L.) vem conquistando espaço como opção de rotação de culturas, pois melhora o solo e oferece boa rentabilidade ao agricultor. Com suas raízes mais agressivas, as mamoneiras descompactam o solo, permitindo a reciclagem dos nutrientes e a redução de pragas, como nematoides.
Origem
A mamona é uma espécie de origem tropical, cultivada comercialmente em alguns países para extração do óleo de suas sementes.
No Brasil, este é conhecido como óleo de rícino, e apresenta diversas utilidades, como na produção de anticongelantes de combustível de avião, componentes de automóveis, lubrificantes e na produção de biodiesel.
Apesar de em algumas localidades a espécie ser conhecida apenas como uma planta invasora, ela apresenta grande importância comercial, social e ambiental.
A mamona traz diversos benefícios aos produtores, com plantios de baixo custo, manejo sustentável e diversidade de utilização no mercado.
Onde entra a rotação
A rotação de culturas, segundo a Embrapa (2022), é uma prática necessária para evitar o empobrecimento do solo, com redução de pragas e doenças, que são responsáveis pela queda de produtividade e pelo aumento de produção.
A rotação de cultura melhora as propriedades do solo e reduz a ocorrência de plantas daninhas. A opção da mamona para rotação de culturas oferece diversos benefícios ao solo, como redução de nematoides de galhas em culturas como soja e algodoeiro, devido ao seu efeito alelopático, fixação de nitrogênio no solo, melhora na estrutura do perfil, além de proporcionar a ciclagem de nutrientes.
O sistema radicular da espécie é bem vigoroso, do tipo pivotante e profundo. A mamona apresenta forte emissão de radicelas ao longo das raízes, o que confere à planta uma grande área de absorção de água e nutrientes do solo.
As raízes da planta, por terem características profundas, ajudam na descompactação do solo, que como vantagem melhora a estrutura do solo, facilitando a penetração de água e promovendo um ambiente saudável ao crescimento das plantas subsequentes.
As raízes possuem propriedades alelopáticas, ou seja, liberam substâncias alelopáticas que inibem o crescimento de organismos indesejáveis, como nematoides.
Versatilidade
Além das vantagens relacionadas ao solo, a mamona pode proporcionar boa rentabilidade aos produtores por meio da extração do óleo de suas sementes, produção de resíduos (torta de mamona) após a remoção do óleo, que pode ser destinada para produção de biocombustíveis, e outras partes da planta, como caule e folhas, podem ser destinados para alimentação animal e também para produção de adubo orgânico.
A mamona possui um grande potencial como matéria-prima para a produção de biodiesel e uma variedade de produtos industriais, devido às características do óleo da espécie.
O óleo extraído das sementes possui alto teor em ácido ricinoleico (C18:1,-12-OH), que devido às propriedades, proporciona alta peculiaridade, baixa volatilidade e boa estabilidade térmica.
O biodiesel produzido a partir do óleo de mamona apresenta também um baixo teor de enxofre, que é benéfico para redução da emissão de combustíveis fósseis.
Desafios
Apesar de vários pontos positivos, a cultura da mamona apresenta desafios comuns que são enfrentados pelos agricultores, ao introduzir a espécie na rotação de cultura como planta sensível às condições climáticas e manejo dos solos, onde a espécie é muito exigente em fertilidade.
A espécie possui elevadas concentrações de óleos e proteínas, necessitando de uma demanda razoável de nitrogênio, fósforo, cálcio e magnésio, além de preço flutuante no mercado dos produtos.
Para um bom desempenho da cultura, existem algumas orientações específicas que os agricultores devem seguir ao implementar a mamona em seus sistemas de rotação, como preparo do solo, pois a espécie não tolera encharcamento e baixa fertilidade, devendo ser cultivada em perfis profundos e bem drenados.
A planta pode ser cultivada em solos com média e alta fertilidade, evitando os alcalinos e ácidos, que têm efeito negativo no crescimento e desenvolvimento da planta.
A escolha ideal da espécie para plantio também é fundamental quando se trata de manejo contra pragas e doenças, devendo ser utilizado material genético adaptado às condições de implantação e de boas características de desenvolvimento.
Hora da escolha
A comparação da mamona com outras culturas para a rotação de culturas em termos de rentabilidade, adaptação a diferentes condições de solo e clima, e resistência a pragas e doenças, pode variar de acordo com cada região e práticas de manejo e mercado específicas.
A espécie apresenta boas características agronômicas, baixos custos de produção, colheita e processamento, boa adaptação às condições de clima e solo, e boa rentabilidade.
As perspectivas para o cultivo dessa cultura como parte integrante dos sistemas de produção agrícola parecem promissoras, especialmente quando se trata de aspectos relacionados à sustentabilidade, em que a demanda por produtos sustentáveis e alternativas de combustíveis fósseis estão em cadeias crescentes.
Dhyene Rayne dos Santos Becker
Engenheira agrônoma e mestra em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA)
drayneagro@gmail.com