Mancha de ramulária no algodão x fungicida protetor com multissítio

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Crédito Ademir Torchetti

Ana Caroline Scoparo

Produtora rural e graduanda em Agronomia – Centro Universitário de Ourinhos (Unifio)

agroscoparo@gmail.com

Vinicius Alves dos Santos

Graduando em Agronomia – Unifio

vini_santos2008@hotmail.com

Adilson Pimentel Júnior

Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e professor – Unifio

adilson_pimentel@outlook.com

A ramulária, também chamada de falso-oídio, é causada pelo fungo Ramularia areola, e ocorre principalmente em áreas úmidas e sombreadas. No Cerrado, por conta da alta umidade, é o maior foco das infestações, onde está concentrada mais de 90% da produção de algodão nacional, podendo ser um dos fatores responsáveis por aumentar os custos de produção.

É disseminada através do vento e se manifesta na parte abaxial e adaxial das folhas. Suas lesões são anguladas, variando de 1,0 a 3,0 mm, separadas pelas nervuras das folhas, as quais têm a coloração branca. Quando a infecção avança, essas lesões tornam-se amarelas e com aspecto empoeirado, principalmente na face abaxial.

Ataques mais graves levam a desfolhas e podem causar o apodrecimento das maçãs no baixeiro da planta, podendo chegar a 70% de perda de produtividade. Plantas sem o devido obtiveram 45% menos produtividade em relação às que receberam tratamento químico.

Como controlar a doença

Para um bom manejo, devemos usar várias técnicas de controle, dentre as quais o manejo químico e cultural, quando os níveis de dano forem economicamente viáveis para realizar o controle.

Como combinação podemos associar os fungicidas sistêmicos (sítios-específicos) e multissítios, que atuam em dois ou mais sítios do metabolismo do fungo. É necessário o monitoramento diário e a identificação do patógeno e seus sintomas.

Ao se verificar o fungo nas folhas do baixeiro (mais velhas), pode-se iniciar as aplicações. Portanto, as lesões devem atingir 5% da área foliar sem alcançar o terço médio.

São recomendadas três aplicações com intervalo de 15 dias e sempre alternando os modos de ação, para evitar a resistência do patógeno e otimizar a aplicação. Para controle cultural, recomendam-se cultivares tolerantes/resistentes disponíveis na região. Sempre devemos eliminar os restos culturais para o patógeno não se hospedar.

A utilização de um mesmo grupo químico de fungicidas para o controle do patógeno pode resultar na criação de resistência do mesmo em relação ao mecanismo de ação. Ao aplicarmos um fungicida sítio específico de ação repetidas vezes, estaremos realizando uma pressão de seleção.

Para que que essa resistência não aconteça, é indispensável a alternância dos grupos químicos de fungicidas visando a redução dos riscos de um surgimento, em curto período, de populações resistentes do patógeno.

Alternativas

Como prevenção dessa doença, podemos adotar algumas práticas além da química, como rotação de culturas a fim de quebrar o ciclo do patógeno, e a eliminação dos restos culturais.

Outra prática que pode ser adotada no combate da ramulária é a utilização de cultivares resistentes, como o transgênico BRS 371 RF da Embrapa, que possui resistência à ramulária e é tolerante ao herbicida glifosato.

O uso adequado do regulador de crescimento, adoção de menor número de plantas por hectare e um maior espaçamento entre linhas, consequentemente, vai causar uma maior aeração no inferior das plantas de algodão. Essas são algumas das possíveis medidas de controle que devem ser adotadas para evitar grandes prejuízos que essa doença pode trazer.

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