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Manejo biológico: Eficiência contra o psilídeo-de-concha

Autores

Flavia Galvan TedescoEngenheira florestal e doutoranda em Proteção de Plantas – UNESP/FCA flaviagtedesco@gmail.com

Jéssica Emiliane Rodrigues Gorrigorrijer@gmail.com

Roque de Carvalho Diasroquediasagro@gmail.com

Engenheiros agrônomos e doutorandos em Proteção de Plantas – UNESP/FCA

Diego Arcanjo do NascimentoEngenheiro florestal e doutorando em Ciência Florestal – UNESP/FCA diegoacj22@gmail.com

Folhas de Eucalipto _ Créditos: Dalva Luiz de Queiroz

O psilídeo-de-concha Glycaspis brimblecombei (Hemiptera: Aphalaridae) é de origem australiana, e foi relatado pela primeira vez no Brasil em 2003, no Estado de São Paulo. Trata-se de um inseto sugador, que causa grandes prejuízos à cultura do eucalipto, como desfolha, fumagina e seca dos ponteiros.

Ainda hoje o psilídeo-de-concha é considerado uma das principais pragas exóticas do eucalipto no País. Os adultos têm coloração variada entre cinza-alaranjada e amarelo-esverdeada. As ninfas possuem coloração amarelada e ficam protegidas por uma concha branca, que justifica o nome popular de psilídeo-de-concha.

Manejo

O controle biológico com Psyllaephagus bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae) para controle do psilídeo-de-concha é adotado em muitos países onde existe a presença da praga. A presença deste parasitoide primário foi detectada no País logo após a identificação da praga.

Estudos realizados em 2007 afirmam que com liberações frequentes do parasitoide em áreas infestadas por psilídeo-de-concha, a porcentagem de parasitismo pode aumentar, principalmente em meses com temperaturas mais amenas, conseguindo porcentagens de parasitismo de 73 e 79% em temperaturas de 22,73 e 26,16°C, respectivamente.

Prejuízos

Os psilídeos possuem preferência por folhas novas e brotação ao se alimentarem, os quais sugam a seiva dessas estruturas. Altas infestações deste inseto podem ocasionar redução da área foliar, com consequente diminuição na atividade fotossintética das plantas, afetando o desenvolvimento e a produção.

Esta espécie caracteriza-se, ainda, pelo descoloramento das folhas e típico secamento dos ponteiros.

Além dos danos diretos causados pelo psilídeo, as plantas tornam-se suscetíveis a outros fatores, como: estresses nutricionais, doenças e ataque de pragas secundárias, sendo que os excrementos liberados pelo psilídeo, “honeydew”, podem atrair fungos saprófitas que também irão comprometer a produção de fotossíntese da planta.

De acordo com alguns estudos, em espécies consideradas suscetíveis ao ataque de psilídeos, altas infestações podem levar à morte das plantas. Estima-se que pode chegar a 15% de mortalidade de plantas no primeiro ano e até 40% no segundo ano, se não adotadas medidas prévias de controle.

Manejo adequado

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O manejo adequado para se evitar problemas com o psilídeo-de-concha em plantios de eucalipto se dá pela realização de um monitoramento adequado. No Brasil, todas as empresas florestais utilizam um sistema de monitoramento para pragas, e o psilídeo-de-concha é uma delas. Cada empresa adota seu próprio sistema de monitoramento, mas o princípio de todas é basicamente o mesmo, com a utilização de armadilhas adesivas amarelas.

Estas armadilhas possuem dimensões de 10 × 12 cm, as quais são instaladas a 1,5 m do solo entre árvores. Uma armadilha é utilizada para cada 200 ha (variando de acordo com cada empresa), sendo que estas permanecem no campo cerca de 30 dias. Após, são retiradas, plastificadas e enviadas para análise, onde serão realizadas contagens tanto do inseto-praga quanto do seu inimigo natural.

Técnicas e produtos inovadores

No Brasil, diferentes formas de manejo podem ser adotadas para o controle do psilídeo-de-concha, dentre eles o controle químico e controle biológico com Psyllaephagus bliteus, fungos entomopatogênicos, ou ainda com a utilização percevejos predadores.

Controle químico

De acordo com o Ministério da Agricultura, no Brasil existem três inseticidas químicos liberados para o controle de psilídeo-de-concha, sendo um neonicotinoide, um éter difenílico e um neonicotinoide + piretroide.

Inseticidas de contato não são utilizados para controle deste inseto, pois, devido à concha que formam para sua proteção, os produtos só terão efeito sobre ninfas que estiverem fora da concha e adultos.

Como o Brasil apresenta grandes maciços florestais de eucalipto, o controle químico do psilídeo-de-concha se torna quase que impraticável devido ao seu alto custo, baixa eficiência e também vai contra as certificações florestais.

Controle biológico

A utilização do controle biológico clássico tem sido a forma mais empregada em todo o mundo para o controle do psilídeo-de-concha, este realizado por meio do parasitoide de ninfas Psyllaephagus bliteus. Trata-se de um inseto muito pequeno, de coloração verde metálica, em que as fêmeas geralmente são maiores que os machos, sendo estes identificados por suas antenas com 10 segmentos de coloração amarelada e as fêmeas por 12 segmentos de coloração marrom.

Este inseto promove o controle de psilídeo-de-concha na fase ninfal, ovipositando de um a quatro ovos por ninfa entre o tórax e o abdômen. As ninfas de psilídeo parasitadas podem estar em segundo, terceiro ou quarto instar, mas o desenvolvimento do parasitoide irá ocorrer apenas quando o hospedeiro atingir o quarto ou quinto instar.

O percevejo predador Atopozelus opsimus (Hemiptera: Reduviidae) também é visto como uma das formas de controle biológico do psilídeo-de-concha, pois consegue predar tanto ninfas quanto adultos do psilídeo. Para se alimentar da fase ninfal, o percevejo utiliza seu rostro como alavanca para retirar a concha e poder inserir seu estilete na ninfa.

A média da alimentação deste percevejo é de 7,0 adultos e 6,0 ninfas, em um consumo médio de 13 indivíduos entre ninfas e adultos. Alguns estudos com controle microbiano a partir de fungos entomopatogênicos também estão sendo realizados para o controle do psilídeo-de-concha, sendo estes previamente testados em laboratório, os fungos que apresentaram melhores resultados no controle foram Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae.

Direto ao ponto

Os erros mais frequentes, quando se trata de controle de psilídeo-de-concha são:

” Não realizar monitoramento;

” Aplicação de inseticidas de contato;

” Aplicação de químicos em épocas chuvosas;

” Aplicação de fungos entomopatogênicos em épocas secas;

” Liberação de parasitoides quando ainda se tem apenas adultos do psilídeo em campo.

Como evitar

Determinações rápidas e precisas dos níveis populacionais do inseto-praga são necessárias e fundamentais. Quando não efetuado corretamente e com a frequência adequada, podem existir riscos na tomada de decisão, a qual pode ser interpretada erroneamente, aplicando-se de forma equivocada ou até mesmo dispensando-a em um momento necessário. Para se determinar o momento correto, a forma ideal é monitorar a área, usando níveis de limiar econômico para a tomada de decisão.

O plantio de espécies resistentes ao ataque de psilídeo-de-concha também pode ser uma alternativa. A resistência de plantas hoje vem se destacando e ganhando espaço quando se trata de espécies resistentes e um determinado inseto-praga. A resistência busca espécies que sejam resistentes ou tolerantes a estes insetos, fazendo com que os danos não sejam tão sentidos pelo indivíduo e que este não seja prejudicado em crescimento e incremento.

Custos envolvidos

Estimativas para combater Estimativas para prevenir/monitorar
1) Controle químico: Grupo químico dos inseticidas sintéticos registrados para a praga: – Neonicotinoides + Piretroide – Neonicotinoide –  Éter Difenílico   Realizar aplicação no início do desenvolvimento e surgimento da praga na cultura. Realizar no máximo 3 aplicações caso seja necessário. Volume de calda para aplicação: 10 a 30 L/ha, dependendo da tecnologia de aplicação empregada.   *Custo de controle = em torno de R$ 85,00/ha.   2) Controle biológico Fungos entomopatogênicos   Beauveria bassiana (produto comercial) 4Kg/ha + 6 Kg/ha de talco (5,0 x 108 conídios/g) (Via polvilhamento)   Aplicações com intervalo de 30 dias, de uma a três aplicações. Aplicar no início da infestação.   *Custo de controle = em torno de R$ 400/ha 1) Armadilha adesiva amarela: Caixa comercial com sete plaquetas (10 x 7,5cm):     – 1 armadilha/200 ha     – Estimativa de monitor e colaborador de campo (severidade, distribuição, presença ou não da praga)   Avaliações e monitoramentos são realizados a cada 30 dias.     *Custo de controle = em torno de R$ 8,02/ha  
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