Autor
Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e proprietário da Vermelho Natural
vermelhonatural@hotmail.com
A nutrição das plantas de morangueiros pode ser dividida em sistemas no solo e fora do solo, por gotejamento. Nos sistemas no solo, a primeira etapa é uma análise de solo, que deve ser feito no mínimo 90 dias antes do plantio, período que deve proceder a eliminação da vegetação nativa, utilizando, de preferência, herbicidas.
Esta análise servirá para corrigir as deficiências iniciais de solo. O procedimento de correção de solo inicia primeiramente corrigindo o pH, com a adição de calcário, que deve ser incorporado a 30 cm de profundidade utilizando arado, que permite uma maior incorporação.
Após, utiliza-se uma grade para nivelar o solo. Deve-se aguardar 30 dias para que o calcário reaja e também que o material da vegetação nativa decomponha. Após, são feitos os canteiros com enxadas rotativas, respeitando-se as declividades do terreno para evitar erosões.
Cuidados
Este trabalho de encanteiramento deve ser feito nas condições adequadas de umidade de solo e repetido várias vezes até que o solo fique destorroado. Os torrões não permitem uma boa distribuição da água na fertirrigação, causando a perda de água e dos adubos para o lençol freático.
Os adubos de correção devem ser aplicados nos canteiros e incorporados com uma enxada rotativa. Antes do plantio deve-se molhar o solo para que os canteiros assentem e fiquem com na altura definitiva. Após o plantio o solo deve ficar constantemente molhado para permitir o desenvolvimento da planta.
Após o desenvolvimento de três folhas são feitas as fertirrigações com adubos especializados para estas funções, os quais possuem a capacidade de diluição em água. Ao misturar adubos, deve-se tomar cuidado com a compatibilidade entre eles. De forma geral, deve-se diluir em água antes de misturar, e se for aplicado na tubulação adubos concentrados, verifique a compatibilidade entre eles.
Uma forma prática e menos elaborada é a seguinte: não se misturam nitratos, sulfatos e fontes de fósforo no mesmo recipiente de adubos concentrados.
Dicas
Uma forma de fazer as fertirrigações é promover três aplicações semanais de solução nutritiva e intercalar com aplicações de água. Estas aplicações de água variam conforme o desenvolvimento das plantas e as condições climáticas. No caso das relações de nutrientes a serem usados na fertirrigação, também variam conforme as condições climáticas, o estado fenológico da planta e a variedade utilizada.
Deve haver alguns cuidados na fertirrigação, tanto para sistemas no solo como em substratos, a saber:
þ Não promover a salinização e contaminação do solo ou substrato, tais como excesso de nitrogênio total, metais pesados, patógenos e outros produtos tóxicos;
þ Cuidados ao usar resíduos de explorações animal;
þ Não armazenar e manipular fertilizantes em contato direto com o solo;
þ Fazer as análises qualitativas das águas utilizadas para irrigação, avaliar se estão dentro dos níveis qualitativos toleráveis conforme as recomendações da cultura e, caso necessário, corrigir a fertirrigação conforme as características da água;
þ Na diluição, respeitar a solubilidade de cada fertilizante;
þ Os fertilizantes devem estar devidamente ordenados, identificados e separados fisicamente em embalagens fechadas.
Os equipamentos de fertirrigação devem levar em consideração os seguintes fatores, tanto para sistemas no solo, como em substratos:
þ Serem adequados e dimensionados para garantir as corretas vazões e pressões de funcionamento.
þ Serem adequados e dimensionados para permitir a distribuição uniforme da solução nutritiva;
þ Deve se encontrar em bom estado, com a manutenção adequada para assegurar o correto funcionamento e evitar vazamentos acidentais.
þ As quantidades, localizações e dimensões dos bicos gotejadores de fertirrigação e dos orifícios de drenagem devem ter a capacidade de manter a capacidade de retenção de água e aeração específicas do solo ou do substrato e impedir possíveis entupimentos no decorrer da sua vida útil;
þ Ter os depósitos de soluções nutritivas fechadas ou protegidos contra intempéries, em bom estado, com a manutenção adequada para evitar vazamentos acidentais;
þ Manter os filtros limpos, monitorar periodicamente os bicos gotejadores, válvulas e possíveis vazamentos para melhorar a eficiência de sistema de fertirrigação;
þ Usar para outros fins os equipamentos destinados para a fertirrigação com exceção do procedimento de desinfecção do substrato, quando utilizado.
Variações
Os sistemas fora de solo em substratos começam pelo própria preparação do substrato e varia conforme o substrato utilizado, alguns necessitam de uma lavagem para remover o excesso de sais e diminuir a condutividade elétrica (parâmetro de medida que mede a quantidade de adubos) e outros necessitam de uma adubação de correção para que o substrato fique estável em relação a sua capacidade de retenção de nutrientes.
A nutrição ocorre por meio da aplicação no substrato de uma fertirrigação por gotejamento de uma solução nutritiva equilibrada (adubos diluídos em água). A relação de nutrientes existentes na solução nutritiva deve ser equilibrada em mmol/litro e irá oscilar conforme as quantidades máximas e mínimas de cada nutriente, conforme as exigências da cultura e as relações entre elas.
Depende, principalmente, do estado fenológico da planta (crescimento, floração e maturação) e da variedade utilizada. Devem ser analisadas, no mínimo, as relações entre nitrato e amônia, potássio e cálcio, potássio e cálcio mais magnésio e a relação entre cálcio e magnésio.
Composição
Como na maioria das vezes o mesmo conjunto de equipamentos fertirrigação atende a diversas variedades e estados fenológicos, neste caso se utiliza uma única solução nutritiva menos elaborada. Os nutrientes diluídos que possuem a solução nutritiva são geralmente compostos pelos íons ou cátions, NO3- (nitrato), NH4+ (amônia), H2PO4- (fosfato biácido), K+ (potássio), Ca++ (cálcio), Mg++ (magnésio), SO4– (sulfato), BO3— (borato), Cu++ (cobre), Zn++ (zinco), Mn++ (manganês) e Fe quelatilizado, podendo conter Ni (níquel).
Deve-se tomar cuidado ao formular a solução nutritiva, porque as raízes, ao absorverem nutrientes de carga positiva, liberam para a solução nutritiva um H+ e ao absorverem nutrientes de carga negativa, liberam para a solução nutritiva um OH–, podendo assim acidificar a solução nutritiva. Geralmente a relação entre amônia e nitrato corrige as acidificações perto do sistema radicular.
Recomendações
A quantidade de adubos recomendada para a cultura do morangueiro medida em condutividade elétrica é de 1 a 1,2 na entrada e não deve ultrapassar 1,5 na drenagem. O pH recomendado é de 5,5 a 6,5, corrigido com ácido fosfórico ou carbonato de cálcio.
A fertirrigação é determinada pelos intervalos de irrigações e o tempo de irrigação. O intervalo de irrigações é determinado para que o substrato fique durante todo o tempo com umidade suficiente para que o sistema radicular faça o menor esforço para absorver a água.
O período de irrigação deve ser o suficiente para suprir a capacidade máxima de retenção de umidade e mais uma porcentagem de perda de drenagem, a qual é importante devido às variações de vigor entre plantas, e serve para garantir que a condutividade elétrica não fique excessiva devido a concentração de nutrientes no substrato.
Caso a condutividade elétrica ultrapasse 1,5, deve-se aumentar a perda de drenagem para corrigir e baixar a condutividade elétrica. Estes controles são feitos geralmente por meio da experiência do operador, mas existe a possibilidade de automação parcial por sensores ou softwares que calculam e corrigem os defeitos da fertirrigação pelo do histórico do dia anterior.