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Qual o diferencial da nutrição inteligente?

Autores

Talita de Santana Matos
Pós-doutoranda – PPG Ciência do Solo – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Elisamara Caldeira do Nascimento
Pós-doutoranda – PPG Agricultura Tropical – Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor e professor – departamento de Fitotecnia – UFMT
glauciogenuncio@gmail.com
Crédito: Shutterstock

O uso de fertilizantes de liberação lenta constitui-se em uma das tecnologias desenvolvidas recentemente para os sistemas de produção. O principal objetivo é oferecer os nutrientes às plantas de forma progressiva por um período determinado, podendo aumentar a eficiência de aproveitamento a fim de reduzir as transformações dos adubos em formas menos estáveis.

E, ainda, facilita a aplicação, tornando a distribuição mais homogênea no solo, e elimina danos causados aos sistemas radiculares pela alta concentração de sais.

Mais que benefícios

No caso dos fertilizantes nitrogenados, o principal benefício é tentar minimizar perdas de nutrientes por lixiviação, volatilização e reduzir a imobilização. Outros benefícios são a facilidade de armazenamento, opções de formulações com períodos distintos de liberação e manter um sincronismo de liberação dos nutrientes com as necessidades de crescimento e desenvolvimento das plantas.

Além disso, a aplicação pode ser realizada de uma única vez, ou seja, no plantio, reduzindo os custos com a adubação.

Tipos

Existem três grupos de fertilizantes de liberação lenta e controlada: os quimicamente alterados, os recobertos ou encapsulados e os peletizados. Todos apresentam uma característica em comum: a liberação gradativa dos nutrientes para a solução do solo, porém, com mecanismos distintos para tal.

Os fertilizantes quimicamente alterados transformam parte dos nutrientes em formas insolúveis que serão disponibilizadas às plantas gradativamente. Os fertilizantes recobertos ou encapsulados são compostos solúveis envolvidos por uma resina permeável à água que irá regular o processo de fornecimento dos nutrientes.

De forma geral, a liberação é dependente de variáveis como a temperatura e umidade do solo, mantendo sua liberação mais acentuada na época de maior exigência pela planta. Os adubos peletizados, por exemplo, variam a sua solubilidade, e alguns dependem da ação microbiana.

Nos fertilizantes recobertos ou misturados a substâncias inorgânicas, o processo de disponibilização progressiva de N é diferente dos fertilizantes recobertos por resinas e derivados de ureia.

Assim, é fundamental o conhecimento por parte dos técnicos e dos produtores rurais sobre as características específicas do fertilizante de liberação lenta utilizado para o sucesso desta prática.

Eficiência

Nos fertilizantes recobertos por resinas e polímeros, a liberação de nutriente é eficiente quando existe disponibilidade de água e a temperatura ideal em torno de 21°C. A taxa de liberação de nutrientes pelos grânulos do fertilizante é diretamente proporcional à temperatura do solo ou substrato, pois a temperatura favorece a ampliação da camada de resina, causando elevação de sua permeabilidade à água.

Esse tipo de fertilizante pode apresentar ganhos agronômicos sobre os fertilizantes convencionais em vários tipos de culturas em diferentes tipos de solo, climas e manejos.

Calcula-se que cerca de 50% do N aplicado aos solos não é aproveitado pelas plantas num primeiro ciclo. As perdas por volatilização e lixiviação podem chegar a mais ou menos 80% do nitrogênio da ureia aplicado.

As emissões de N2O do solo são dependentes de vários fatores, e um deles é a disponibilidade de oxigênio nos poros do solo, o que tem grande influência no processo de desnitrificação.

Mais sustentáveis

Os fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada contêm uma base teórica interessante para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (N2O), bem como para se aumentar a eficiência da adubação nitrogenada, por reduzir as perdas por lixiviação ou volatilização (NH3). No entanto, os resultados serão em função das condições climáticas, tipo de solo e qualidade destes fertilizantes.

Pesquisas

Avaliando a eficiência agronômica de fertilizantes nitrogenados de liberação lenta baseados no uso da ureia, observou-se diminuição da perda de N-NH3 de 20,2 e 22% por volatização, com ganhos de aproximadamente 149% na produção de biomassa seca de parte aérea de braquiária (Matos, 2011).

Outro estudo avaliando a produtividade média de grãos de milho adubados também com fertilizantes nitrogenados de liberação lenta baseados no uso da ureia encontrou valores de 8.523 kg ha-1 em 2011. Contudo, outros experimentos demonstram não haver incrementos em produtividade de grãos, ficando restrito às questões ambientais a vantagem na utilização dos fertilizantes nitrogenados de liberação lenta.

É importante ressaltar que os resultados positivos, com redução de custos devido à diminuição das doses aplicadas, eliminação do parcelamento e consequentemente redução da mão de obra e aumento na produtividade, dependerá das condições climáticas, do tipo de solo, do produto escolhido e da cultivar.

Viabilidade

Além da eficiência agronômica, o fertilizante deve ser economicamente viável. A adubação é realizada para o aumento da produção e do lucro. Quando se avaliam os fatores econômicos da produção agrícola, o fertilizante é considerado um custo, mas quando se avalia a adubação, esta passa a ser fator de maior interesse, visto poder gerar retornos extras (RAIJ, 2011).

Assim, a escolha do fertilizante a ser aplicado deve levar em consideração sua eficiência agronômica e retorno financeiro, seja na redução do volume utilizado, seja no custo de aquisição por ponto de nutriente, seja no ganho em produtividade.

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