Duas novas estirpes de Azospirillum brasilense, a HM 053 e HM 210, receberam liberação do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) para o mercado brasileiro. As novas estirpes foram identificadas e isoladas pelo Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), um dos grandes centros mundiais de pesquisa com esta bactéria, e cedidas para a Associação Nacional de Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) para que fossem realizados estudos de viabilidade de eficiência de uso agrícola, *conforme artigo 5° da IN do MAPA Nº 13, de 24 de março de 2011. Após a viabilidade comprovada, o registro do MAPA aconteceu neste mês de novembro.
Solon Cordeiro de Araújo, conselheiro fundador da ANPII, explica que a entrada de novas estirpes de Azospirillum, que possuem um potencial de maior liberação de nitrogênio para o sistema solo-planta, significa a oportunidade de maior escolha de inoculantes biológicos, de acordo com suas peculiaridades. Isso é essencial para o crescimento do mercado, uma vez que microrganismos têm uma maior ou menor afinidade com determinados solos, climas e material genético das plantas.
Solon enfatiza que o Azospirillum é uma bactéria de amplo espectro, chamada de multifuncional, pois além de fixar o nitrogênio, também produz hormônios para o crescimento vegetal, em especial das raízes, e desempenha papel relevante na solubilização do fósforo. “Desde 2009 o Brasil conta com duas ótimas estirpes de inoculante para gramíneas, com resultados expressivos no milho, trigo e na coinoculação da soja. Mas em um país do tamanho do Brasil, com grande variedade de solos e climas, é necessário que o agricultor conte com uma maior variedade de material microbiológico para suas culturas. Por isso esse novo registro é tão positivo”, afirma.
Larissa Simon, assessora executiva da ANPII, destaca que as empresas associadas participaram ativamente do processo de investigação de viabilidade das novas estirpes, por meio de uma aliança tecnológica estratégica pioneira, que uniu os Departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento dessas empresas em um projeto único. Por meio desta união de esforços, desenvolveu-se uma formulação comum do bioinsumo, chegando a um produto-base que foi levado a campo para ser testado.
“Esta colaboração foi essencial para fins de registro, dividindo os investimentos e trabalhos entre as empresas associadas, visando disponibilizar aos agricultores uma nova tecnologia de coinoculação para soja”, explica Larissa, que ressalta ainda a parceria com entidades oficiais contratadas para os ensaios de campo, gerando um único laudo que serviu de base para o registro de todas as empresas associadas.
A partir da autorização do MAPA, as empresas poderão desenvolver a produção em larga escala, bem como estruturar as condições de entrada no mercado. Os próximos passos serão testes deste mesmo material para diversas outras culturas, ampliando o leque de ofertas para o mercado agrícola.
Parceria para pesquisas – Em 2019 a ANPII firmou uma parceria público-privada com a UFPR, que tem sido essencial para o desenvolvimento do mercado de inoculantes. E já há outras duas parcerias firmadas para desenvolvimento de novos produtos. “Acreditamos ser o grande diferencial da Associação o desenvolvimento conjunto, ou seja, somos empresas concorrentes fora da ANPII, mas aqui dentro trocamos experiências e ideias com o objetivo único de fortalecer e melhorar o setor, sempre levando ao campo soluções biológicas de melhor qualidade”, finaliza a assessora executiva da ANPII.