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Mecanização na cafeicultura de montanha

A mecanização na cafeicultura de montanha, tradicionalmente considerada um desafio devido ao terreno íngreme e acidentado, tem se tornado cada vez mais viável.

Crédito: Fábio Moreira

Mauro Scigliani Martini
Consultor – Agricaffè – Soluções em Cafeicultura
maurosmartini@hotmail.com

Terrenos íngremes podem trazer dificuldades quanto ao manejo das lavouras, colheita e até mesmo para o plantio, além de ter uma maior probabilidade de erosão quando manejado de forma irregular e um risco de acidentes aumentado em relação à cafeicultura em terrenos mais planos.

A movimentação de máquinas agrícolas convencionais é prejudicada, sendo até não recomendada em grandes declividades devido aos riscos de deslizamentos, erosão e acidentes. Estradas sinuosas e difícil acesso também são fatores prejudiciais para a mecanização nessas áreas.

Geralmente é necessário criar ou adaptar infraestruturas específicas para a mecanização, elevando seus custos sensivelmente, assim como investir em maquinário e/ou equipamentos especializados para montanha podem ter um alto investimento inicial.

Inovações tecnológicas

Diversas inovações vêm sendo desenvolvidas, especialmente para a cafeicultura de montanha, como tratores e maquinários compactos e de maior tração, colheitadeiras com uma maior capacidade de trabalho em declives maiores, com maior estabilidade e segurança.

Também tem se observado o desenvolvimento contínuo de variedades de café de baixo e médio porte, com alta produtividade, que ajudam no manejo e na colheita da cafeicultura de montanha, diversos equipamentos portáteis, como derriçadoras e pulverizadores, sistemas automatizados de irrigação e fertirrigação controlada por sensores e, até mesmo, a utilização de drones para monitoramento das lavouras, identificação de pragas e doenças e aplicação de defensivos.

Benefícios para toda a cadeia

 As máquinas especializadas contribuem principalmente com a redução dos custos associados ao manejo manual da cafeicultura de montanha, que engloba desde o plantio até a colheita dessas áreas.

Sendo assim, quando se possibilita a mecanização em qualquer fase do ciclo do café, a redução dos custos é sensível ao produtor, trazendo uma maior eficiência econômica para a propriedade.

Além disso, a mecanização possibilita um trabalho mais rápido, atingindo maiores áreas em menor tempo, possibilitando um melhor planejamento de toda uma safra e, no caso de colheita mecanizada, como o processo é muito mais rápido do que o manual, o momento ideal da colheita, com maiores percentagens de grãos maduros, é mais facilmente atingido, trazendo grãos com maior qualidade, maior tamanho e peso, melhorando a produtividade da propriedade e o retorno financeiro.

Equipamentos portáteis

Há diversos tipos de equipamentos, não necessariamente tratores ou grandes máquinas, que contribuem e podem ser usados para a mecanização da cafeicultura de montanha. Entre eles podemos citar os derriçadores portáteis, já bem conhecidos e que vieram adaptados da colheita de azeitona na Europa.

São leves e fáceis de usar, reduzem a mão de obra, o esforço físico e aumentam a velocidade e eficiência da colheita.

Temos também os equipamentos manuais motorizados, que ajudam em diversas fases do manejo da propriedade, como podas, pulverização, controle de plantas daninhas e até mesmo adubações, melhorando a precisão e aumentando a eficiência do trabalho, e assim como citado anteriormente, também reduzem custos associados à mão de obra.

Inovações

Atualmente, podemos citar a utilização de drones como uma grande ferramenta para auxiliar na cafeicultura de montanha, ainda com muitas utilizações e funções a serem pesquisadas e desenvolvidas.

Os drones vêm trazendo bons resultados, principalmente quando utilizados para monitoramento e identificação de problemas nas lavouras. Podem, também, ser utilizados para pulverização, no entanto, mais pesquisas e uma atenção especial ainda deve ser dada a esse aspecto para uma maior eficiência final.

Crédito: Fábio Moreira

Mecanização x qualidade do café

A mecanização traz maior precisão e eficiência, tanto nos tratos culturais como fertilizações, plantio, pulverizações, podas, etc., quanto na colheita, reduzindo o tempo necessário para tal, a mão de obra, o risco de acidentes e os custos associados a toda a safra.

Em relação especificamente à qualidade de café, a precisão da aplicação dos insumos durante todo o período contribui para um maior enchimento de grãos e sanidade da lavoura, trazendo maiores produções, maiores e melhores grãos, consequentemente influenciando positivamente na qualidade final.

No caso da colheita mecanizada, por essa ser mais rápida e podendo atingir grandes extensões da propriedade, o momento ideal da colheita, aquele em que os cafezais apresentam a maior porcentagem de grãos maduros, pode ser atingido mais facilmente, melhorando o rendimento, a qualidade e a produção geral da propriedade.

Para se obter a eficiência máxima de um sistema mecanizado é necessário planejamento e treinamentos constantes dos operadores em suas respectivas áreas e tarefas, além de, obviamente, um sistema de manutenção confiável e funcional.

Exemplos de sucesso

Propriedades cafeeiras de montanha geralmente iniciam a mecanização de forma parcial e conforme suas necessidades principais, sendo mais facilmente implementada a utilização de equipamentos motorizados portáteis, que têm um menor custo de implantação e manutenção.

Nesses casos, é comum atingir resultados como redução de 20 a 30% nos custos de mão de obra, alta na produtividade e eficiência em torno de 20%. Para os casos onde é possível a mecanização total dos tratos culturais e colheita, resultados como redução entre 50 e 70% dos custos de mão de obra são comuns, assim como aumento na produtividade na casa dos 30%.

E os custos?

Os custos associados à implementação de mecanização em cafeicultura de montanha são, assim como na cafeicultura extensiva em áreas planas, principalmente relacionados à aquisição dos equipamentos e maquinários, que podem ser altos, dependendo da extensão e do planejamento da propriedade.

Após o primeiro investimento, os custos se baseiam principalmente na manutenção e treinamentos periódicos dos equipamentos e mão de obra.

No entanto, os benefícios em longo prazo são expressivos, trazendo economia e redução de custos com mão de obra, eficiência produtiva, melhoria na qualidade final, diminuição de desperdícios, etc.

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