Mercado de remineralizadores cresce no Brasil

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O conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e o recente lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes impulsionaram esse mercado e colocaram a tecnologia como a opção para a crise dos insumos químicos. Esse cenário possibilitou um momento histórico para o mercado de remineralizadores.

Saulo Brockes é agrônomo e mestre em fertilidade do solo e nutrição das plantas, atuando com os remineralizadores há seis anos e garante que nunca tinha visto algo parecido. “Acompanho de perto esse mercado e é impressionante como os pós de rochas se tornaram uma alternativa para o produtor. Vimos mineradoras que já comercializaram toda a produção do ano nos primeiros quatro meses de 2022”, conta ele.

O especialista afirma que, sem dúvidas, as altas dos fertilizantes, que chegaram a triplicar, e a falta de produto no mercado colaboraram para este cenário. “Os produtores passaram a buscar mais informações e alternativas de produção, visando retomar as produtividades agrícolas com custos menores. Por utilizarem essa ferramenta de manejo, observaram que, além da melhora na produção agrícola, há também melhorias no solo, que passou a ter mais minerais jovens, menos salinos, o que colaborou para a atividade biológica dos solos”, analisa ele.

Para fomentar ainda mais o uso dessas tecnologias, órgãos de pesquisas como a Embrapa, universidades e representantes da cadeia têm se unido para levar o assunto aos quatro cantos do País. “Inclusive, no último mês a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) debateu a utilização de remineralizadores como alternativa a fertilizantes na agricultura. Nessa audiência foi pedida a aprovação da Lei Geral do Licenciamento Ambiental para simplificar o licenciamento ambiental na instalação de novas mineradoras que produzem o insumo”, diz o especialista.

Planejamento para a safra

Segundo Saulo, um levantamento entre as mineradoras de Goiás mostra que a produção de remineralizadores mais que dobrou em 2022. “Mesmo assim, não é possível suprir a necessidade de consumo do mercado, que exige mais de 80 milhões de toneladas ano. Só para ter ideia, a Embrapa calcula que, em 2021, foram comercializadas três milhões de toneladas de pós de rochas, e sem dúvidas esse número pode dobrar esse ano”, diz ele.

Com a alta demanda, o planejamento passa a ser um ponto importante no agronegócio. O economista e CEO da Tratto Agro, Daniel Antunes, lembra que planejar permite ao produtor o plantio dentro da janela, sem se preocupar com as oscilações de preço ou falta de insumo. “Para isso, é necessário planejar o volume necessário de insumos, os prazos de recebimento destes e outros itens que todo produtor deve ter na ponta do lápis”, orienta ele.

Daniel cita como exemplo o Fino de Micaxisto (FMX), um remineralizador derivado de uma rocha silicática. A produção deste pó de rocha dobrou neste ano e para 2023 a expectativa é que o crescimento continue. “Esperamos para o próximo ano uma alta de mais de 50%. Para conseguir acompanhar o mercado e atender a demanda dos produtores, estamos investindo em pesquisas e desenvolvendo uma linha de produtos. Tudo isso comprova que os remineralizadores vieram para ficar e transformar a agricultura brasileira”, pontua ele.

Os remineralizadores são regulamentados pela Lei 12.890/2013 e pela Instrução Normativa 5/2016 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Além disso, o produto também já consta no Plano Nacional de Fertilizantes, que é o planejamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos (até 2050), promovendo o desenvolvimento do agronegócio nacional.

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