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quarta-feira, abril 24, 2024
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Morango semi-hidropônico: como funciona o cultivo suspenso

Sistema semi-hidropônico, em bancadas suspensas, ganha cada vez mais adeptos em SC

Em Santa Catarina, os pés de morango estão saindo do chão. O cultivo em túneis baixos, que demanda maior mão de obra e cuidados com pragas e doenças, vem dando espaço ao sistema semi-hidropônico, em bancadas suspensas. Mais fácil de manejar, adequado para pequenas áreas e com alta densidade econômica, esse modelo de cultivo é uma boa opção para a agricultura familiar.

As vantagens de tirar as plantas do solo formam uma lista. E o primeiro item não tem a ver com o morango, mas com o produtor: o conforto de trabalhar em pé, ao abrigo da chuva e da umidade. “Vários produtores aqui da região vinham tendo problemas de coluna por trabalharem muito tempo abaixados nessa atividade”, conta o extensionista Miguel André Campagnoni, da Epagri de Águas Mornas. Além disso, é possível fazer o cultivo próximo de casa. Com o manejo facilitado, a redução de mão de obra é de 30% a 40% em comparação às mesmas tarefas executadas em campo.

Cultivo suspenso facilita o trabalho dos produtores

Plantas sadias e produtivas

Nas plantas, que ficam protegidas das intempéries, abrigadas da umidade e mais arejadas, a incidência de pragas e doenças é significativamente menor, o que reduz o uso de agrotóxicos. Em uma cultura que já é famosa pela contaminação com produtos químicos, a queda na aplicação de agrotóxicos pode chegar a 80% por conta das características favoráveis do sistema. “Como há menor incidência de doenças, o uso de agrotóxicos pode ser reduzido ou substituído por práticas culturais, uso de agentes de controle biológico e produtos alternativos, sem afetar a rentabilidade, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade nutricional da fruta”, explica o pesquisador Francisco Gervini de Menezes Junior, da Estação Experimental da Epagri de Ituporanga.

Sem contato com a terra, os frutos são mais bonitos, uniformes e de boa qualidade. “Eles são colhidos em bancadas afastadas do solo, o que reduz a possibilidade de contaminação microbiológica e permite estender o período de colheita por mais de dois meses”, diz Gervini. A produtividade nesse sistema também é melhor: fica em torno de 80t/ha, enquanto a média no cultivo no solo é de 60t/ha. Embora no sistema semi-hidropônico a produção por planta seja menor, o plantio mais adensado permite elevar a produtividade.

Os frutos são de qualidade, com menor incidência de pragas e doenças

Como funciona

As diferenças do sistema semi-hidropônico em relação ao cultivo no solo começam pela estrutura. Dentro de um abrigo protegido por lona plástica, são construídas bancadas, geralmente de madeira, com cerca de 70 centímetros de altura. Sobre elas ficam os slabs (sacos plásticos preenchidos com substrato) onde as mudas são plantadas. Essa estrutura precisa ser forte e durável e o local deve estar protegido dos ventos fortes.

A composição do substrato onde as plantas desenvolvem as raízes varia bastante, mas os materiais mais comuns são casca de arroz carbonizada, húmus de celulose, casca de pinus compostada, turfa e fibra de coco. “Normalmente, os materiais são misturados em formulações de dois ou três componentes em diferentes proporções”, diz o extensionista Miguel.

O engenheiro-agrônomo explica que um bom substrato deve ter estabilidade, baixa densidade, baixo teor de sais, ser livre de pragas e doenças, reter água de modo que esteja disponível para as plantas, proporcionar troca de gases adequada e servir de reservatório para os nutrientes.

Em abrigos de lona plástica, a irrigação e a fertilização das plantas são feitas por sistema de gotejamento

Irrigação por gotejamento

Como a planta não está no solo, o agricultor precisa fornecer a ela uma solução nutritiva completa. Por isso, a irrigação e a fertilização são feitas por um sistema de gotejamento, com adubo diluído na água. “São usados fertilizantes de alta solubilidade, como nitrato de cálcio, nitrato de potássio, fosfato monopotássio, sulfato de magnésio e um mix com micronutrientes”, detalha Miguel.

O manejo da irrigação exige cuidado. A quantidade de fertilização e de regas diárias depende de fatores como o estágio de desenvolvimento da planta, o clima e as características do substrato em relação a maior ou menor retenção de água. “Frequentemente se deve medir o drenado que pinga dos slabs”, orienta Miguel. Essas gotas são preciosas para fazer a medição da condutividade elétrica e saber se a solução está fornecendo adequadamente os nutrientes para as plantas.

Mudas de qualidade são fundamentais para o sucesso da atividade e devem ser substituídas a cada dois anos. Elas normalmente são adquiridas de viveiros especializados do Chile, da Argentina e da Espanha. A variedade San Andreas é a mais plantada no sistema semi-hidropônico no Estado, mas a escolha do cultivar depende das características de cada região.

Produção de morango semi-hidropônico oferece alto retorno econômico

Conhecimento e custo

Por se tratar de um sistema especializado, o plantio semi-hidropônico exige bastante conhecimento da cultura e da tecnologia empregada. “Não se recomenda produzir sem antes adquirir um conhecimento mínimo sobre o manejo da planta e do sistema, bem como ter alguma experiência na atividade agrícola”, aconselha o extensionista Miguel André Campagnoni.

O custo de implantação também deve ser estudado, pois costuma ser o dobro da instalação de um cultivo no chão. Por outro lado, o retorno econômico é alto, e em cerca de um ano e meio é possível recuperar o valor investido.

Morango em SC

Santa Catarina conta com cerca de 800 produtores de morango

De acordo com a Epagri/Cepa, 800 produtores catarinenses colheram 8,6 mil toneladas de morango em 254 hectares na safra 2017/18. O Valor Bruto de Produção (VBP) alcançou R$15,92 milhões. A produção está distribuída por todo o Estado e o interesse na cultura vem aumentando devido ao rápido retorno econômico. Em 2019, a Epagri assistiu 2,9 mil famílias em produção de morango.

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