Camila Queiroz da Silva Sanfim de SantAnna
Engenheira agrônoma – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
agro.camilaqs@gmail.com
Paulo Henrique Santarosa
Engenheiro agrônomo – ESALQ/USP
santarosa.pauloh@gmail.com
Dentre as frutíferas largamente produzidas pelo mercado brasileiro, o mamão se destaca em escala mundial de produção, sendo bastante requerido para consumo in natura. O Brasil é um dos maiores produtores dessa fruta e seu cultivo ocorre em todas as partes do País, com destaque para os Estados do Espírito Santo, Bahia e Ceará.
Devido ao seu notório e expansivo mercado e dentro de uma cadeia de produção cada vez mais competitiva, técnicas de cultivo que possibilitem agregação de valor ao produto, melhor produtividade e custo-benefício são demandadas.
Exigências do mamão
A cultura do mamoeiro requer alta demanda hídrica, fertilizantes e matéria orgânica a fim de atingir seu potencial de produção. Tais fatores contribuem para a infestação do solo por plantas daninhas e, consequentemente, implicam em efeitos negativos sobre a cultura, como perdas na semeadura direta, alta competição com as mudas transplantadas e alto custo com controle ao longo de seus estádios de desenvolvimento.
O período crítico que consiste na interferência prejudicial ocasionado pelas plantas daninhas à cultura deve ser levado em conta antes e depois da prática de amontoa, assim como o sistema de plantio ou tipo de irrigação optado pelo produtor.
Na literatura, ressalta-se, ainda, a dificuldade na exatidão quanto à descrição desse período para o mamoeiro. Geralmente, no cultivo comercial, entre o terceiro e quarto mês (período que corresponde ao intervalo entre transplantio e sexagem), predominam as capinas manuais.
Após a sexagem, com a realização da amontoa, emprega-se o controle químico com o uso de herbicidas não seletivos de pós-emergência para o controle das daninhas.
Mulching
A utilização de práticas de manejo alternativo que visam à otimização de recursos naturais concomitantemente à redução de custos de produção é bastante requerida quando o assunto é produção vegetal. Neste contexto, a técnica conhecida como mulch ou mulching, a qual consiste no uso de alternativas para recobrimento do solo, tais como folhas secas, cascas, pedriscos, palhas ou mantas plásticas, tem expandido seu uso em distintos cultivos.
A escolha dos materiais a serem empregados dependerá de fatores como condições climáticas, época do ano, disponibilidade de matéria-prima e recursos financeiros.
Vantagens
Especificamente as mantas plásticas à base de polietileno têm indicações de benefícios comprovados em inúmeras culturas, dentre os quais podemos citar a dissipação de parte da radiação incidente no solo, reduzindo a perda de água do solo por evaporação.
São, ainda, barreira física no controle das plantas daninhas; promovem maior aproveitamento dos fertilizantes, uma vez que minimizam a perda de água do solo e a manutenção dos mesmos; reduzem os efeitos de crosta formada pela chuva e luz solar e os gastos com o controle de plantas daninhas.
Também diminuem os custos com mão de obra, tanto em capina quanto com aplicação de herbicida.
Opções
O plástico do mulching varia conforme sua coloração – o preto é indicado para regiões mais frias devido ao aumento da temperatura do solo, no entanto, pode implicar na queima foliar baixeira, e de frutos, a depender da região e incidência solar.
O preto e branco já possui maior dispersão da luz, com alta refletividade, promovendo, inclusive, a percepção ascendente da luz no fruto, o que impactará em sua melhor qualidade e uniformidade de desenvolvimento e maturação. E o preto e prata consiste em um intermediário entre o preto e o preto e branco.
Custo
Em termos econômicos, no controle de plantas daninhas com capinas nos três primeiros meses de implantação da cultura do mamoeiro temos os custos médios registrados de R$ 1.200,00/ha.
Já o custo médio do plástico mulching, tamanho 1,60 m x 500 m, a depender da coloração e especificações, e não considerando demais valores como mão de obra para instalação, tem-se um valor médio de R$ 500,00.
Já o controle químico, embora apresente elevada eficácia e custo reduzido em relação às operações de capinas e os custos iniciais na implantação do mulching, possui algumas implicações sob o ponto de vista ambiental, limitações de produtos registrados para a cultura, além da necessidade do conhecimento quanto à seletividade, restringindo as opções no manejo químico.
Ademais, ressalta-se que a cobertura com mulching vai possibilitar outros benefícios além do controle das plantas daninhas, diferentemente do que se espera com as práticas de controle mecânico e químico.
Por fim, caberá ao produtor, diante de sua realidade, definir a melhor alternativa que o possibilite ganhos de produção, oferta de produtos de melhor qualidade e aumento de sua rentabilidade.