Walter Ferreira Becker
Anderson Fernando Wamser
JanaÃna Pereira dos Santos
Janice Valmorbida
janicevalmorbida@epagri.sc.gov.br
Anderson Luiz Feltrim
Leandro Hahn
Fernando Pereira Monteiro
Pesquisadores da Epagri/Estação Experimental de Caçador
Leandro Luiz Marcuzzo
Professor do IFC/Campus Rio do Sul
No dia 09 de novembro de 2016 foram aprovadas, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), as Normas Técnicas EspecÃficas (NTEs) para a Produção Integrada de Tomate Tutorado, por meio da Instrução Normativa nº 42.
Complementarmente, foi lançado no dia 06 de setembro de 2017 o livro “Sistema de produção integrada para o tomate tutorado em Santa Catarina“. Estes dois eventos são o resultado final do projeto desenvolvido desde 2004 pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e liderado pela equipe de pesquisadores da Estação Experimental de Caçador (SC).
O objetivo do projeto foi desenvolver e adaptar tecnologias que viabilizassem o Sistema de Produção Integrada de Tomate Tutorado (Sispit), pioneiro e único no Brasil.
O Sispit é um sistema de cultivo que envolve todas as etapas da produção de tomate tutorado – Crédito Ana Maria Diniz
O que é
O Sispit é um sistema de cultivo que envolve todas as etapas da produção de tomate tutorado e preconiza o uso de boas práticas agrícolas que busquem a conservação dos recursos naturais e a minimização dos efeitos inconvenientes decorrentes da atividade agrícola.
As NTEs do tomate também abrangem todos os processos conduzidos na produção agrícola, do preparo do solo à pós-colheita dos frutos, totalizando dezessete áreas temáticas.
As normas permitem o controle de todo o processo produtivo por parte do produtor, da assistência técnica e da certificadora, possibilitando a implantação da rastreabilidade do produto, tendência crescente no mercado consumidor de tomate.
O uso da rastreabilidade na cadeia produtiva, aliada à aplicação das boas práticas agrícolas previstas nas NTEs e aos novos padrões de exigência do consumidor, podem se tornar um forte aliado do tomaticultor na oferta de um produto diferenciado e com valor agregado.
Espera-se, assim, que estas Normas Técnicas EspecÃficas (NTEs) possam auxiliar os produtores, técnicos e demais integrantes da cadeia produtiva do tomate tutorado em suas atividades como uma alternativa eficaz e sustentável de produção, colocando à disposição do consumidor produtos seguros.
A adesão ao Sispité voluntária e o produtor se compromete a seguir as orientações contidas nas Normas Técnicas EspecÃficas do Tomate Tutorado, transcrever para o Caderno de Campo as ações executadas e permitir a Verificação de Conformidade, de acordo com as auditorias.
O projeto foi apoiado pelo MAPA, Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Apoio à Pesquisa CientÃfica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc).
Principais recomendações
ðLocal do cultivo: escolha a área respeitando a legislação ambiental. A declividade deve ser inferior a 12%, o local de fácil acesso e com disponibilidade de água. Evite áreas frias, sombreadas e úmidas. Conheça o histórico da área (cultivo nos últimos três anos), evitando aquelas com históricos de solanáceas (tomate, tabaco, batata, pimentão, berinjela, etc.).
O Sispitrecomenda plantio direto sobre a palhada. A época de coletar o solo para análise deve ser feita obedecendo a época de plantio em sua região. Recomenda-se coletar o solo oito meses antes do plantio do tomate.
ðAdubação e fertirrigação: de posse da análise do solo, corrija e adube o solo com base na recomendação oficial. Dê preferência à adubação orgânica compostada. Com teor de fósforo na análise muito baixo e baixo, a adubação fosfatada deverá ser aplicada 50% no plantio da cobertura de inverno e 50% no plantio do tomate.
Quando os teores de P estiverem acima de médio, aplique todo o P no plantio, juntamente com 03 a 05 kg/ha de boro, 10% da necessidade de nitrogênio e 5,0% de potássio. Os adubos de cobertura (90% de N, 95% de K e micronutrientes) podem ser dissolvidos na água de irrigação e aplicados parcialmente, de acordo com a curva de crescimento da planta.
ðIrrigação: dar preferência para a irrigação por gotejamento. Para determinar a quantidade de água aplicada, utilizar dados com base no solo e clima. O equipamento para aferição da umidade do solo é o tensiômetro, que determina o momento da irrigação. A estimativa da evapotranspiração determina a quantidade da água a ser aplicada em cada irrigação.
ðEscolha da cultivar: ao escolher a cultivar, deve-se levar em consideração a aptidão edafoclimática, adequação do fruto ao mercado consumidor, resistência a insetos-pragas, doenças e ao transporte, alta produtividade e sementes de origem idônea.
Estão disponíveis no mercado cultivares dos grupos Santa Cruz, Salada e Saladete de crescimento indeterminado ou semideterminado, com frutos tipo Longa Vida e Extra Firme. Recomenda-se que as mudas sejam adquiridas de produtores especializados e idôneos, com certificação fitossanitária. Identificar cada talhão com a respectiva cultivar, data de plantio e registro no caderno de campo.
ðEspaçamento e tutoramento das plantas: a condução das plantas é preferencialmente no sistema vertical. Os espaçamentos entre sulcos (fileiras) de plantio podem variar de 0,8m a 2,20m e os espaçamentos entre as plantas na fileira de 0,40 a 0,70m.
O espaçamento entre fileiras depende, principalmente, do sistema de pulverização que se queira adotar. Caso se use pulverizador, barra vertical ou turbinado, acoplado ao trator, se recomenda fileiras duplas de 0,8 a 1,0m e de 2,0 a 2,2m entre cada conjunto de fileiras duplas.
Deve-se lembrar que é entre cada conjunto de fileiras que passará o trator com o pulverizador para aplicar as caldas com fungicidas e inseticidas. Quando a aplicação dos agrotóxicos é feita com canetas de pulverização acopladas à motobombado trator, então as fileiras podem ficar expostas em linhas individuais espaçadas entre elas de 1,25 a 1,50m.