Fabio Olivieri de Nobile
Doutor, professor e pesquisador do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos ” UNIFEB/SP
A dificuldade de se adubar no momento certo está no planejamento da safra. Atualmente, grandes produtores têm acesso a excelentes profissionais (engenheiros agrônomos) que possuem grande conhecimento da fisiologia da planta e sabem o momento exato de maior exigência do vegetal em nutrientes e a época ideal da aplicação dos fertilizantes.
Mesmo não havendo o planejamento da aplicação no momento de maior exigência pela planta, temos os fertilizantes de liberação lenta, que vão fornecendo nutrientes de forma gradual ao longo do ciclo da cultura.
Em termos de manejo de adubação de plantas, no entanto, o tipo de produto utilizado é de menor importância do que a forma como ele está sendo utilizado. A adubação adequada só pode ser feita avaliando-se o que a planta necessita e o que o solo oferece. Das necessidades de várias espécies já se tem uma boa ideia, mas o que o solo oferece só a análise química pode dizer. Por melhor e mais moderno que seja o fertilizante, sua aplicação inadequada só poderá trazer problemas.
Prejuízos que podem ser evitados
Tanto o excesso com a falta de fertilizantes pode causar prejuízo ao desenvolvimento das plantas. Hoje damos ênfase ao famoso NPK, mas aos poucos os agricultores estão aceitando que as plantas necessitam não só do NPK, mas também dos micronutrientes, todos de forma balanceada.
A toxidez (excesso de fertilizante) ou a deficiência (falta de fertilizante) causará um estresse no metabolismo da planta, com reflexo negativo no seu desenvolvimento e,consequentemente, queda de produtividade. Nessas condições, as plantas nunca vão expor seu potencial produtivo e todo o investimento na safra será perdido.
Assim, o manejo correto do solo é fundamental para uma boa safra. Realizar a adubação e a calagem dentro da quantidade necessária e aplicar de maneira bem feita influenciam diretamente na produção final.
Na hora certa
O primeiro passopara não errar na adubação é conhecer a fertilidade do solo por meio da análise química. A análise vai fornecer subsÃdio para recomendar não só os fertilizantes, mas também os corretivos, como calcário e gesso, dependendo da condição e, também, verificar como está a disponibilidade dos principais nutrientes manejados na cultura, como fósforo, potássio, enxofre e micronutrientes.
Entretanto, a principal etapa para se chegar à análise química de solo e a sua amostragem no campo é a coleta do solo, que começa com a separação da propriedade em áreas homogêneas, levando em consideração o tipo de cultura, a textura e cor do solo, a topografia do terreno, a drenagem da área e os históricos de adubação. Assim teremos subsÃdio para criar áreas homogêneas de 20 a 30 hectares.
Feita a separação das áreas, realizamos a coleta de forma manual, com trados, ou motorizada, com quadriciclos adaptados para este fim. Coletamos 20 amostras simples dentro da área e em cada coleta caminhamos em zigue-zague de um ponto a outro. As amostras simples são misturas, e dessa homogeneização armazenamos em torno de 250 a 300 gramas de solo por área, que serão encaminhados para os laboratórios de fertilidade do solo.
Em cima dessa análise do solo, a assessoria técnica poderá recomendar a dose a ser aplicada, tanto na adubação de manutenção como de cobertura. O produtor tem que ter ciência que cada colheita que ele retira da propriedade, os nutrientes estão saindo com os grãos.
O segundo passo é o conhecimento sobre as exigências nutricionais da cultura a ser instalada.Hoje temos acesso total às pesquisas científicas e boletins de recomendação, o que nos indica de forma precisa quanto, como e quando aplicar.
Análise foliar
Outra técnica que permite ao produtor avaliar se a adubação foi correta é a análise foliar. O método pode ser um termômetro para o agricultor avaliar a adubação corretamente. É uma tecnologia importantÃssima para validar se a adubação foi correta e se a lavoura está sendo bem conduzida. A planta é o melhor sensor que se tem com relação à fertilidade e ao manejo da cultura como um todo.
Investimento
No mercado existem empresas especializadas que fazem toda a programação de coleta do solo e análise química para fins de fertilidade. Entretanto, podemos fazer um cálculo rápido do investimento na análise química do solo.
Em média, uma análise química completa (pH, MO, P, K, Ca, Mg, Al, H+Al, Cu, Zn, Fe e Mn) custa, em média,R$ 60,00, isso porque teremos uma amostra para cada 20 a 30 hectares. Portanto, o custo médio da análise química do solo por hectare pode variar de R$ 2,00 a R$ 3,00, um investimento Ãnfimo para uma lucratividade de alguns milhares de reais em fertilizantes.
Â