Túlio Vieira Machado
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia – ICIAG-UFU
Ernane Miranda Lemes
Engenheiro agrônomo, fitopatologista e doutor em Produção Vegetal
João Ricardo Rodrigues da Silva
Engenheiro agrônomo
Diego Tolentino de Lima
Engenheiro agrônomo e doutorando em Produção Vegetal – ICIAG-UFU
Presente em todo o território brasileiro, o ácaro-rajado (Tetranychus urticae), um aracnÃdeo pertencente à família Tetranychidae, é considerado um dos ácaros de maior importância econômica para diversas culturas agrícolas, como feijão, soja, algodão, mamão, roseiras e orquÃdeas, e é também a principal praga do morangueiro.
Este ácaro vive em colônias na parte inferior da folha do morangueiro, onde se alimenta da folha por meio de raspagem de sua superfície. Nestas colônias o ácaro é encontrado em diferentes estádios de desenvolvimento, desde ovos, que são fixados à folha por meio de suas teias, até adultos.
O ácaro-rajado causa sérios danos às culturas por danificar a folha, que é a fonte produtora de alimento para a planta. Os sintomas iniciais de uma infestação de ácaro-rajado no morangueiro são pequenas pontuações cloróticas na face superior da folha atacada e um bronzeamento na face inferior.
Plantas infestadas apresentam uma perda significativa no vigor, o que se reflete na redução do porte das plantas, amarelecimento e queda prematura das folhas, e a formação de frutos de pior qualidade e menor tamanho, que são malvistos pelo consumidor.
Em condições de alta infestação, o ácaro-rajado pode levar a planta à morte. Prejuízos causados por esta praga podem ocasionar uma redução de até 80% na produção de frutos.
Controle assertivo
Atualmente, os cultivos de morango vêm sofrendo demasiadamente com a grande infestação desta praga, sendo o controle químico uma prática comum que encarece os custos de produção e eleva o impacto ambiental da produção de morangos. Neste contexto, o controle biológico surge como uma alternativa a mais para auxiliar o produtor no combate ao ácaro rajado.
O uso dos ácaros predadores (ácaros das famílias Phytoseiidae, Erythraeidae, Cunaxidae e Stigmaeidae) como controle biológico do ácaro-rajado do morangueiro é uma realidade em vários países da Europa e na América do Norte e está se difundido cada vez mais no Brasil.
A maioria dos produtores de morango no Brasil faz o controle do ácaro-rajado por meio de acaricidas e inseticidas de largo espectro, que matam tanto essa praga como outras que possam estar presentes na área.
Em decorrência disso, dois fatores podem ser destacados. Primeiro, o fato de se fazer uso indiscriminado destes produtos contribui para a eliminação das pragas, mas também elimina os predadores destas – os seus inimigos naturais.
Segundo, o uso frequente destes produtos em intervalos curtos de tempo, e geralmente em doses maiores do que as recomendadas, vem contribuindo significativamente para que esta praga adquira resistência aos acaricidas mais comuns utilizados na cultura. É o que ocorre em algumas áreas com produtos que têm como ingrediente ativo a abamectina, a clofentezina ou o fenpiroximato.
Eficácia
O ácaro-rajado é uma praga com ciclo de vida bastante curto, podendo variar de 5 a 21 dias, de acordo com a temperatura do ambiente, e seu desenvolvimento máximo ocorre quando encontra condições de clima quente e seco (25ºC, e ausência de chuvas), que são condições encontradas em cultivos protegidos de morango.
É uma praga que se espalha rapidamente pela área, e após a seleção dos ácaros resistentes aos acaricidas, sua multiplicação também é extremamente rápida, dando origem a uma nova população resistente.
Os ácaros predadores mais utilizados e que apresentam melhores resultados são o Phytoseiulus macropilis e o Neoseiulus californicus. São ácaros que se movimentam muito rápido pela folha e adquirem a cor das presas, que são seu alimento. O ácaro predador ataca ovos, formas jovens e adultos do ácaro-rajado, mas tem preferência por ovos e chega a se alimentar de até 20 ovos por dia.
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