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Novo “ouro negro”

Biochar remove dióxido de carbono da atmosfera e melhora condições do solo, diz pesquisa.

Mais do que reduzir emissões de gases de efeito estufa, o mundo se volta cada vez mais para soluções que removem dióxido de carbono da atmosfera. Nesse contexto, o biochar começa a ser considerado o “ouro negro” da economia circular. 

Além de reter grande quantidade de carbono no subsolo por centenas de anos, removendo-o da atmosfera, essa biomassa resultante da carbonização da madeira reflorestada agora teve seus benefícios para o solo comprovados em uma pesquisa publicada em março pela Embrapa Meio Ambiente. A presença de biochar aumenta a biomassa microbiana, promove o crescimento das plantas e reduz a severidade de algumas doenças que afetam a produção de hortaliças. 

“Não apenas a abundância, mas também o comportamento de crescimento das raízes pode mudar em resposta à presença de biochar. Com impactos positivos na fertilidade do solo e nos atributos físicos e biológicos, as raízes podem ter melhor desenvolvimento e vigor, contribuindo para a obtenção de produtividades competitivas”, disse o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Cristiano Andrade, em artigo publicado pela instituição.

O uso do biocarvão é uma poderosa alternativa para mitigar as emissões de gases de efeito estufa. Esse poder reside no sequestro do dióxido de carbono que as plantas exalam nos campos através da fotossíntese durante o seu desenvolvimento, e na sua posterior estabilização em carvão quando a biomassa é pirolisada a altas temperaturas (normalmente entre 350 °C e 750 °C). Uma vez aplicado o material no solo, ele é muito estável e permanecerá nos sistemas por séculos, promovendo melhorias relacionadas à fertilidade do solo, física e microbiologia.

Na Aperam BioEnergia, maior produtora de carvão vegetal do mundo, localizada no Vale do Jequitinhonha (MG), esses dois benefícios do biochar estão sendo aproveitados de forma inédita no Brasil. No ano passado, a empresa se tornou a primeira da América Latina a comercializar créditos de remoção de carbono, os chamados CORCs (Certificados de Remoção de Carbono, na tradução livre) para uma empresa canadense, abrindo as portas desse novo e já bilionário mercado para o Brasil. 

O diretor de Operações da Aperam BioEnergia, Edimar de Melo Cardoso, afirma que esse é um mercado bastante promissor, uma vez que as empresas comprometidas com o meio ambiente correm contra o tempo para compensar suas emissões e conter o aquecimento global. “E com essa importante pesquisa da Embrapa fica ainda mais claro o papel de destaque do biochar na melhoraria das condições do solo”.

Segundo ele, os planos da Aperam BioEnergia são de aumentar em quase 300% a comercialização de créditos de remoção de carbono de biochar, os chamados CORCs, em 2023, chegando ao volume de 28 mil toneladas – cada CORCs, negociado em uma plataforma controlada pela bolsa de tecnologia Nasdaq, representa 1 tonelada de CO₂ retirado da atmosfera. “Estamos preparados para atender a essa demanda em expansão”, diz o diretor da BioEnergia.

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