Caio Xavier dos Santos
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia/Horticultura – UNESP
A nutrição da goiabeira em fase de produção é um aspecto crítico para garantir o desenvolvimento saudável da planta e a obtenção de frutos de qualidade. Durante esse estágio, a demanda por nutrientes é intensificada, sendo essencial fornecer uma nutrição equilibrada para atender às necessidades específicas da goiabeira.
Nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes desempenham papéis fundamentais nesse processo.
Exigência nutricional
O potássio é um dos nutrientes mais exigidos pela cultura da goiaba, exercendo uma influência positiva na produtividade e no peso médio dos frutos. Este nutriente desempenha um papel fundamental em processos enzimáticos, especialmente na fotossíntese, garantindo uma produção eficiente de carboidratos essenciais para o fornecimento de energia e o crescimento dos frutos.
Além disso, contribui para a síntese de compostos orgânicos que servem como base para o acúmulo de reservas nos frutos. Sua presença também fortalece a resistência da goiabeira a estresses ambientais, como variações climáticas.
Esses benefícios coletivos asseguram uma produtividade consistente e estável, desde que os níveis adequados de potássio sejam mantidos.
O aumento de peso dos frutos está diretamente associado ao papel do potássio na turgescência celular. Esse nutriente mantém a pressão osmótica nas células, conferindo firmeza e sustentação aos tecidos dos frutos.
A firmeza resultante não apenas contribui para o aumento do peso dos frutos, mas também influencia positivamente a resistência a danos mecânicos, tornando-os mais robustos e comercialmente atraentes.
Essencialidade do potássio
O potássio desempenha papel essencial no acúmulo de reservas nos frutos, sendo necessário para a síntese de carboidratos, especialmente amido. Durante a fase de produção, o potássio é o nutriente mais demandado pela cultura da goiaba, visto que ele é crucial para vários processos fisiológicos que afetam diretamente o desenvolvimento e a qualidade dos frutos.
E como cofator em diversas enzimas envolvidas nesse processo, ele contribui para o armazenamento eficiente de energia nos frutos, impulsionando seu crescimento e maturação.
Além disso, o potássio é fundamental para a manutenção da turgescência celular, conferindo firmeza aos tecidos dos frutos e prevenindo problemas como a murcha. A regulação do movimento de água nas plantas, mediada pelo potássio, é particularmente crucial durante a fase de produção, garantindo a absorção e a distribuição eficiente de nutrientes essenciais para os tecidos em crescimento.
A síntese de proteínas é outra função vital do potássio, e durante a formação dos frutos, onde há uma demanda intensificada por essas macromoléculas, o potássio é necessário para garantir o desenvolvimento celular adequado.
A qualidade dos frutos também está diretamente ligada ao papel do potássio. A concentração adequada dele nos tecidos dos frutos está associada a características desejáveis, como maior teor de sólidos solúveis.
Isso contribui para o sabor, aroma e palatabilidade dos frutos, tornando-os mais atrativos para o consumo.
A síntese de proteínas é outra função vital do potássio, e durante a formação dos frutos, onde há uma demanda intensificada por essas macromoléculas, o potássio é necessário para garantir o desenvolvimento celular adequado. As proteínas são essenciais para a estrutura celular, o metabolismo e a resposta a estresses.
Portanto, podemos aferir que a adubação potássica se torna crucial durante a fase de produção plena, proporcionando às goiabeiras os nutrientes necessários para um desenvolvimento robusto, bom rendimento de frutos e a obtenção de produtos finais de alta qualidade visando o mercado consumidor.
Dose ideal
A dosagem da adubação potássica para goiabeiras em diferentes estágios de crescimento é determinada com base nos resultados da análise de solo e na produtividade esperada. A recomendação é de:
É crucial destacar que a adubação potássica deve ser realizada em cobertura, mensalmente, após o pegamento das mudas. A quantidade média de K2O recomendada é de 15 gramas por cova.
Esse manejo nutricional adequado contribui significativamente para o desenvolvimento saudável das goiabeiras e otimiza a produtividade ao longo dos anos de cultivo.
Condições específicas
Há variações nas necessidades de adubação potássica que podem variar com base nas condições de solo e clima. Tanto o solo quanto o clima desempenham papéis fundamentais na disponibilidade e na absorção de potássio pelas plantas, influenciando diretamente as exigências nutricionais da cultura da goiabeira.
Em relação ao solo, as características físicas e químicas, como textura, teor de matéria orgânica, pH, capacidade de troca catiônica e presença de minerais argilosos, podem afetar a disponibilidade de potássio para as plantas.
Solos arenosos, por exemplo, tendem a reter menos potássio, enquanto solos argilosos podem apresentar maior capacidade de retenção desse nutriente. Além disso, o pH do solo influencia a disponibilidade de potássio, sendo que solos ácidos podem apresentar maior fixação desse nutriente, reduzindo sua disponibilidade para as plantas.
O clima também exerce influência nas necessidades de adubação potássica, uma vez que afeta a taxa de mineralização de nutrientes no solo, a absorção de potássio pelas raízes das plantas e a transpiração foliar.
Em regiões de clima úmido, por exemplo, a lixiviação do potássio pode ser mais intensa, levando à necessidade de reposição mais frequente desse nutriente. Além disso, em regiões de clima quente e seco, a transpiração das plantas pode aumentar, o que também influencia a absorção de potássio.
Sintomas de deficiência
Os principais sintomas em condições de deficiência de potássio na goiabeira podem ser observados nas folhas, que passam a apresentar características como manchas marrons, pequenas e agrupadas, com contornos variáveis.
Essas manchas se iniciam nos bordos das folhas e estendem-se em direção à nervura principal, podendo ser descritas como uma expressão visual de desequilíbrio nutricional. Elas tendem a se concentrar na porção mediana superior do limbo, criando um padrão distinto.
Logo, à medida que a carência de potássio progride, observa-se a fusão das manchas, especialmente na periferia das folhas, resultando em áreas maiores e mais escuras. Essa fusão indica um processo necrótico em andamento, em que as células estão morrendo devido à falta de potássio, um nutriente essencial para muitos processos metabólicos.
Pequenas áreas do limbo ainda mantêm sua coloração verde, indicando uma resposta compensatória da planta, em que ela prioriza a utilização do potássio disponível para áreas críticas.
Tal estratégia pode levar à preservação de algumas regiões da folha, mas a coloração geral das folhas se torna avermelhada devido à falta de potássio, que desempenha um papel vital na síntese de clorofila.
Na face inferior do limbo, em correspondência com as manchas na parte superior, há uma coloração marrom-avermelhada, indicando que a deficiência de potássio está afetando tanto a superfície superior quanto inferior das folhas.
A coloração avermelhada nas folhas é um sintoma adicional da deficiência de potássio, pois este nutriente está envolvido na regulação osmótica e na ativação de enzimas que influenciam a coloração das plantas.
Outros nutrientes
Além do potássio, que é o nutriente mais exigido pela goiabeira em seu período de produção, outros nutrientes também são essenciais para o seu desenvolvimento durante a produção, como: nitrogênio, fósforo, cálcio e magnésio.
Durante o período de produção, a goiabeira precisa de uma quantidade adequada de nitrogênio para sustentar o crescimento dos frutos. Além disso, ele auxilia no desenvolvimento de folhas, brotações e ramos.
Já o fósforo é vital para promover o desenvolvimento adequado dos frutos, garantindo uma boa formação e maturação. A falta de fósforo pode resultar em deficiências na formação dos frutos.
O cálcio atua na integridade celular. Durante o período de produção, ele é crucial para prevenir distúrbios fisiológicos, como a podridão apical dos frutos. Uma oferta adequada de cálcio contribui para a qualidade e durabilidade dos frutos.
O magnésio atua na formação da clorofila, que irá ajudar na produção de açúcares nas folhas, que por sua vez será transportado para os frutos. Além disso, o magnésio desempenha um papel crucial na ativação de enzimas relacionadas à divisão celular e elongação celular.
Esses processos são fundamentais para o desenvolvimento dos frutos em termos de tamanho e forma, contribuindo diretamente para a estética e a comercialização dos produtos.
Sem errar
Recomenda-se que o produtor busque sempre o auxílio e a orientação técnica de um engenheiro agrônomo para a correta e adequada aplicação dos nutrientes e das doses a serem utilizadas.
Isso proporcionará um direcionamento mais eficaz, resultando no cultivo de plantas saudáveis e bem nutridas, tornando o pomar mais produtivo, com frutos de qualidade e rentável.
Além disso, é fundamental, sempre que necessário, utilizar os equipamentos de proteção individual (EPI) e coletivo (EPC) de acordo com as atividades a serem realizadas, garantindo a segurança e o bem-estar durante as práticas agrícolas.