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Clima chuvoso e quente é propício para incidência da broca-da-cana

Em climas chuvosos e quentes, a broca-da-cana encontra condições ideais para sua incidência, destacando a necessidade de estratégias eficazes de manejo para preservar as plantações.

Alessandra Marieli Vacari]
Doutora em Entomologia, professora e pesquisadora – Universidade de Franca (Unifran)
alessandra.vacari@unifran.edu.br

Josy Aparecida dos Santos
josysantoscosta15@gmail.com

Pedro Saldoval Cavallari
pedrosandovalcavallari@hotmail.com
Mestrandos em Ciências – Unifran

O Brasil é o maior produtor do mundo de cana-de-açúcar, com aproximadamente oito milhões de hectares cultivados na safra 2022/23. A produção de açúcar foi de 46,88 milhões de toneladas e a produção total de etanol 16,04 bilhões de litros de etanol hidratado e 11,95 bilhões de litros de etanol anidro.

Crédito: José Garcia

Dentre as pragas que ocorrem na cultura, a broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis (F.) (Lepidoptera: Crambidae), é um lepidóptero praga que tem sido historicamente o artrópode mais prejudicial da cultura da cana-de-açúcar no Brasil.

Condições favoráveis à praga

O clima exerce impacto na duração do ciclo biológico da praga, sendo a temperatura um dos principais fatores ecológicos que afetam os insetos de maneira direta e indireta. A faixa de temperatura ideal para o desenvolvimento e maior reprodução dos insetos situa-se em torno de 25ºC.

Consequentemente, a temperatura desempenha um papel crucial na determinação do número de gerações anuais e no prolongamento do ciclo de D. saccharalis. Em relação às variações na população da praga, os dados frequentemente apresentam relevância local, exibindo grandes disparidades entre diferentes regiões e ao longo dos anos.

As oscilações populacionais são sensíveis a fatores climáticos, especialmente temperatura e umidade, além de fatores edáficos e biológicos. No que diz respeito à influência específica dos fatores climáticos na população da broca da cana-de-açúcar, D. saccharalis, destaca-se a precipitação pluviométrica e a amplitude térmica como os principais determinantes das flutuações populacionais dessa praga.

Os maiores picos populacionais em São Paulo ocorrem de outubro a março, período de maior precipitação.

Controle

As recomendações de manejo para D. saccharalis enfatizam a importância da resistência das cultivares, aplicações de inseticidas no momento adequado e conservação de artrópodes benéficos.

Além disso, no que diz respeito ao manejo de pragas, programas que utilizam métodos de controle biológico clássicos ou aumentativos são comumente utilizados no Brasil.

Sintomas da broca na cana

Lagartas de D. saccharalis se desenvolvem no interior do caule da cana-de-açúcar, o que diminui a eficácia dos inseticidas usados para controle. Assim, existe o interesse na utilização de controle biológico para suprimir infestações por D. saccharalis.

Histórico

Parasitoides da ordem Hymenoptera são frequentemente utilizados como inimigos em numerosos programas de controle biológico aumentativo visando D. saccharalis.

Espécies de taquinídeos foram criados em laboratórios de usinas de cana-de-açúcar e intensamente liberados nos canaviais. Durante a década de 1980 e início da década de 1990, os taquinídeos mais comuns criados foram Lydella minense (=Metagonistylum minense) e Billaea claripalpis (=Paratheresia claripalpis).

Durante 1971–73, o himenóptera Cotesia flavipes (Cam.) (Hymenoptera: Braconidae) foi introduzido de Trinidad para melhorar o biocontrole de D. saccharalis. No entanto, somente em 1974, após sua produção massal, foi iniciada a liberação deste parasitoide em campo.

Em 1978, novas linhagens de C. flavipes foram introduzidas a partir da Índia e Paquistão. Atualmente, este é considerado o principal agente de controle biológico de D. saccharalis, embora não tenha sido totalmente eficiente.

Evolução do biocontrole

Novas alternativas de biocontrole foram propostas, como a utilização de Trichogramma galloi (Zucchi) (Hymenoptera: Trichogrammatidae) para controle de ovos.

Além disso, o parasitoide Tetrastichus howardi Olliff (Hymenoptera: Eulophidae) foi encontrado parasitando lagartas de D. saccharalis, o que motivou pesquisas e sua recente utilização para o controle da broca da cana-de-açúcar em campo.

As infestações de população de D. saccharalis são influenciadas não apenas por fatores climáticos, mas também por elementos como características do solo, idade do canavial, maturidade das plantas, condições nutricionais da cultura, variedades de plantas e época do ano.

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O controle biológico com parasitoides é o método mais utilizado para controle da broca, especialmente com Cotesia flavipes, e é um considerado um dos maiores programas de controle biológico a nível mundial.

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