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Nutrição foliar diminui perdas na produção de soja

Carla Verônica Corrêa

Doutoranda em Ciências Agronômicas pela UNESP ” Botucatu

cvcorrea1509@gmail.com

Luís Paulo Benetti Mantoan

Doutorando em Ciências Biológicas pela UNESP ” Botucatu

luismantoan@gmail.com

 

Crédito Jacto
Crédito Jacto

Na soja, as perdas de produção chegam a até 75%, sendo que 65% estão relacionadas aos problemas abióticos, como questões do clima e fertilidade do solo, e 10% por problemas bióticos, como o aparecimento de pragas e plantas daninhas. Por esse motivo, é fundamental o fornecimento de nutrientes para adubação do solo e fertilização das plantas.

O objetivo do fornecimento de nutrientes via foliar é corrigir, complementar e suplementar a nutrição da planta, favorecendo seu equilíbrio nutricional.

Adversidades

Os principais problemas bióticos da soja são o ataque de pragas e patógenos. Nesse caso, alguns produtos foliares, como o silicato de potássio, pode ser empregado para reduzir os danos causados por pragas pelo fato de causar desgaste no aparato bucal de lagartas, por exemplo, como em relação à incidência de doenças fúngicas.

No caso de patógenos, como os fungos, ocorre a formação de uma barreira física devido ao acúmulo de silício, que dificulta a penetração das hifas de fungos. Embora o silício não seja considerado um elemento essencial para as plantas, atua como elemento benéfico.

Produtos como o silicato de potássio permitem o fornecimento de potássio, que é um macronutriente essencial para os vegetais. O potássio atua equilibrando o nitrogênio, o que permite maior sanidade da cultura e, portanto, redução da incidência de doenças por desequilíbrio nutricional.

O correto manejo nutricional da cultura deve ser elaborado de acordo com a análise de solo e foliar. Baseado nelas, bem como no conhecimento do histórico da área, é possível evitar problemas nutricionais, sejam esses por falta de nutriente, excesso ou desequilíbrio nutricional.

Plantas bem nutridas são mais resistentes a pragas e patógenos, a excesso ou falta de água, alterações de temperatura e consequentemente, resultarão em maiores produtividades.

A adubação foliar corrige e complementa a nutrição da planta - Crédito Shutterstock
A adubação foliar corrige e complementa a nutrição da planta – Crédito Shutterstock

Adubação foliar

A adubação foliar pode ser aplicada de forma preventiva para evitar que o sintoma de deficiência em um determinado nutriente seja expresso pela cultura. Assim, é necessário ter conhecimento prévio da área cultivada e os possíveis problemas que podem ocorrer em virtude da baixa disponibilidade dos nutrientes no solo, a demanda da planta e práticas de cultivo que possam ocasionar reações fisiológicas na cultura.

Um exemplo de aplicação preventiva é a recomendação de produtos contendo Ca e B no início do período reprodutivo, que podem proporcionar aumento no número de vagens, no peso de grãos e número de grãos por vagem, pelo fato desses dois nutrientes estarem relacionados com a fertilização dos ovários, reduzindo o abortamento.

Outro exemplo é a aplicação do herbicida glyphosate, que diminui a absorção de micronutrientes como Cu, Mn e Zn, resultando em sintomas foliares de deficiência após a aplicação do herbicida.

Desta forma, a aplicação foliar desses micronutrientes reduz os sintomas e a carência. A adubação foliar também pode ser corretiva,porque consiste na aplicação de nutrientes após o aparecimento do sintoma de carência, por exemplo, o fornecimento de micronutrientes como Cu, Fe, Mn e Zn, quando as plantas apresentam-se deficientes em função da reduzida disponibilidade deles no solo, resultante da calagem.

Melhor aproveitamento

Os nutrientes podem ser mais bem aproveitados quando aplicados de forma correta, ou seja, na concentração e fonte adequada e na época ideal. Além disso, um fator extremamente importante é o efeito entre os íons, ou seja, deve-se observar se um nutriente irá melhorar ou piorar a absorção de outro nutriente. A tabela a seguir descreve o comportamento dos diversos íons.

Aplicação via foliar favorece o equilíbrio nutricional - Crédito Shutterstock
Aplicação via foliar favorece o equilíbrio nutricional – Crédito Shutterstock

Tabela 1. Comportamento em relação à absorção dos nutrientes.

Íon Segundo íon presente Efeito do segundo sobre o primeiro
Cu2+ Ca2+ Antagonismo
Ca2+, Mg2+ K+ Inibição competitiva
H2PO4- Al3+ Inibição não competitiva
K+, Ca2+, Mg2+ Al3+ Inibição competitiva
H2BO3- No3, NH4+ Inibição não competitiva
K+ Ca2+ (alta concentração) Inibição competitiva
SO4-2 SeO4-2 Inibição competitiva
SO4-2 Cl Inibição competitiva
MoO4-2 SO4-2 Inibição competitiva
Zn2+ Mg2+ Inibição competitiva
Zn2+ Ca2+ Inibição competitiva
Zn2+ H2BO3 Inibição não competitiva
Fe2+ Mn2+ Inibição competitiva
Zn2+ H2PO4 Inibição não competitiva
K+ Ca2+ (baixa concentração) Sinergismo
MoO4-2 H2PO4 Sinergismo
Cu2+ MoO42- Inibição não competitiva

Adubação foliar

A adubação foliar apresenta benefícios como correção de deficiências de macro e micronutrientes em curto prazo e possibilidade da aplicação conjuntamente com as aplicações para os tratamentos fitossanitários.

A aplicação foliar com formulações do tipo NPK temse mostrado negativa, com exceção do N-Ureia, pelos seguintes motivos: grande quantidade de nutrientes exigidos pelas plantas no início de seu desenvolvimento; pequena área foliar no início da cultura; problemas de queima de folhas; das muitas formas de P e K estudadas, poucas se adaptam à aplicação foliar; e alto custo da operação.

Em geral, a maioria dos nutrientes pode ser aplicada via foliar. Na tabela a seguir é demonstrada, de modo geral, a velocidade de absorção dos principais nutrientes fornecidos via foliar.

Tabela 2. Velocidade de absorção de nutrientes via foliar

Nutriente Tempo para 50% de absorção
N – Ureia ½ a 36 horas
P- H2PO4 1 a 15 dias
K – K+ 1 a 4 dias
Ca – Ca2+ 10 a 96 horas
Mg- Mg2+ 10 a 24 horas
SO42- 5 a 10 dias
Fe-Fe-EDTA 10 a 20 dias
Mn – Mn2+ 1 a 2 dias
Mo-MoO42- 10 a 20 dias
Zn – Zn2+ 1 a 2 dias

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