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Nutrição inteligente é economia de custos no cafeeiro

Autores

Tayna Amaro de Carvalho
taynacarvalho12@hotmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
Denilze Santos Soares
denilzesoares@gmail.com
Graduandas em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva Borges
Doutora e professora – UFRA e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br

Fotos: Shutterstock

Entre as vantagens da utilização dos adubos de liberação lenta têm-se a praticidade e o ganho operacional, sendo possível, em muitos casos, reduzir o número de operações de adubação, bem como o risco de salinização e ter mais flexibilidade, já que os produtores de café podem escolher no mercado diferentes fertilizantes de liberação controlada, tendo a velocidade da liberação do nutriente definida conforme a demanda da cultura.

Um dos principais custos na cafeicultura é com adubação, boa parte da qual é perdida por lixiviação, volatilização ou adsorção, assim, esses problemas se tornam umas das maiores preocupações por pesquisadores e produtores rurais. Com as atualizações da tecnologia surgiram os conceitos de nutrição controlada ou lenta.

Fertilizante de liberação controlada é um termo usado quando o tempo de duração da liberação do nutriente já é conhecido, enquanto o termo liberação lenta é empregado quando a liberação dos nutrientes depende unicamente do clima, não podendo ser previsto pelo tempo.

No processo de fabricação dos fertilizantes, eles são encapsulados por uma camada de material insolúvel em água com microporos, que permitem o controle da entrada e saída de água no grânulo do fertilizante, sincronizando assim a liberação dos nutrientes com as necessidades da planta em absorvê-los.

Há economia de 20 a 30% destes fertilizantes, quando comparados a um fertilizante convencional, mantendo o mesmo rendimento do cultivo usando menos produto. Por meio da sincronização de liberação, os fertilizantes de liberação controlada melhoram a absorção de nutrientes pelas plantas, reduzem perdas por lixiviação, volatilização e outros.

Vantagens da nutrição inteligente

A maior vantagem da utilização da nutrição inteligente é a disponibilidade gradual e constante de nutrientes, o que permite às plantas um crescimento adequado e ininterrupto ao longo de seu ciclo. Tem-se redução nos custos com maquinários, pois não há necessidade de parcelamento de adubação quando utilizados os fertilizantes de liberação lenta.

Outro benefício associado aos fertilizantes de liberação lenta refere-se à praticidade de trabalho, pois como são mais persistentes no solo, precisam ser aplicados com menor frequência.

Considerando ainda que os fertilizantes representam até 50% do custo variável da produção agrícola, então a utilização de FLL (Fertilizante de Liberação Lenta) é uma alternativa promissora.

Fertilizantes de liberação controlada liberam nutrientes de forma lenta, o que atrasa a absorção desses nutrientes pela planta, sendo assim, estendendo a sua disponibilidade de acordo com as necessidades da cultura, o que gera um maior aproveitamento dos benefícios da adubação.

O uso destes fertilizantes consequentemente gera aumento na produção, reduzem os riscos de perdas dos nutrientes por lixiviação, volatilização, desnitrificação e outros. Este tipo de fertilização também minimiza efeitos salinizantes, e aumenta a resistência e estabilidade em diferentes temperaturas, além de respeitar o meio ambiente.

Manejo

Antes de realizar a adubação lenta, com número de parcelas reduzido em relação à adubação convencional, deve-se realizar um estudo detalhado dos resultados encontrados na análise do solo para que não haja erros na aplicação dos nutrientes ou redução no aproveitamento dos nutrientes.

A aplicação desses fertilizantes deve ser realizada em duas covetas laterais à muda, com metade da dose em cada uma das covas em uma profundidade de 5,0 a 10 cm. Recomenda-se a aplicação de fertilizante imediatamente após o transplante ou até 10 dias após.

Para a adubação de plantio são usadas doses de fósforo e potássio por cova ou metro do sulco, de acordo com as necessidades encontradas no solo. Deve-se aplicar os adubos na superfície do solo, da extremidade para o interior do cafeeiro, com o solo ainda úmido.

Nas lavouras adultas, aplica-se somente uma dose no início do período da chuva, tendo em vista que não é necessário aumentar as parcelas de aplicação de N e K, pois nesse método as perdas por lixiviação são reduzidas.

Os adubos orgânicos podem ser usados, mas considerando-se os nutrientes neles contidos, com complementação de adubos minerais, devem ser aplicados em cobertura, sob a saia do cafeeiro, ou enterrados em covas ou sulcos na projeção da saia. A palha de café não deve ser enterrada.

Experimentos

Um experimento realizado por Costa et al. (2014), usando adubos de liberação lenta e controlada na adubação de solos de cafeeiros em produção, mostrou que após dois anos contínuos de 2014 a utilização de adubos de liberação lenta, paralelamente à utilização de adubos convencionais, permitiu reduzir em até 25% as necessidades do uso de nitrogênio, potássio e enxofre, por meio de uma única aplicação no início do período chuvoso, sem gerar prejuízos ao sistema cafeeiro. Este resultado aponta o viés econômico da produção de café durante a utilização de adubos de liberação lenta e controlada.

Em outra pesquisa de campo, mostrou-se que as mudas de café apresentaram resultados satisfatórios de crescimento e desenvolvimento quando utilizados fertilizantes de liberação lenta incorporados ao substrato. 

Erros

Um dos erros mais cometidos pelos produtores é não determinar as quantidades corretas de nutrientes, levando em consideração as análises de solo. A compra de produtos de fontes não confiáveis é um dos fatores mais limitantes quanto à eficiência desse tipo de adubação.

Para evitar erros, deve-se sempre levar em conta a análise de solo, o uso correto do fertilizante com base nas recomendações técnicas, realizar um bom preparo de solo e monitorar diariamente cada talhão para observar os possíveis erros e corrigi-los previamente. Os produtos devem ser oriundos de fontes conhecidas, com histórico de desempenho significativos para a cultura de interesse do produtor.

Investimento x retorno

O uso de fertilizantes de liberação lenta vem ganhando destaque na agricultura. A adubação é responsável por grande parte na eficiência da produção da lavoura cafeeira, desta forma, sendo também um dos maiores custos na produção da do café.

O uso de nutrição inteligente tem um ótimo custo-benefício. Quando comparado com fertilizantes convencionais, o investimento inicial em fertilizantes de liberação lenta é maior, contudo, quando se leva em consideração o melhor aproveitamento pela cultura, redução do uso de maquinários, redução em custos com transporte e armazenamento, tem-se um produto de utilização viável. Em culturas perenes, como a cafeicultura, o uso de fertilizantes de liberação lenta é ainda mais rentável e vantajoso, quando comparado com culturas anuais.

Freitas, em um estudo na safra cafeeira de 2017, constatou que o maior lucro bruto por hectare foi obtido quando utilizados fertilizantes de liberação lenta, o que torna a utilização da nutrição inteligente extremamente rentável ao produtor.

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