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Nutricional para a melancieira

Melancia – Créditos: Shutterstock

Givago Coutinho Doutor em Fruticultura e professor efetivo – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)givago_agro@hotmail.com

O cultivo da melancia [Citrullus lanatus (Thumb.) Matsum & Nakai] no Brasil é realizado sobretudo por pequenos agricultores que utilizam diferentes tipos de ambiente e produzem com baixo custo de produção, quando comparado com outras olerícolas, adotando tratos culturais simples e apresentando um adequado retorno financeiro.

Assim, esta cultura apresenta uma grande importância econômica e social atualmente para economia do País, sendo de relevante expressão no âmbito econômico.

Figura 1. Quantidade de melancia (ton.) produzida no Brasil entre os anos de 2010 e 2019.

Fonte: Sidra/IBGE, (2021).

Figura 2. Quantidade de melancia (ton.) produzida por região no Brasil entre os anos de 2010 e 2019.

Fonte: Sidra/IBGE, (2021).

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Segundo Furlaneto et al. (2020), a melancia é uma das principais frutas em termos de volume de produção mundial, estando dentre os dez produtos hortifrutícolas mais exportados e o sexto produto mais comercializado na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

As principais regiões produtoras de melancia são no Brasil são o Nordeste e o Sul, que correspondem, respectivamente, a 35 e 18% do total da produção nacional.

Nutrição equilibrada

Em termos de expansão da cultura, a nutrição equilibrada proporciona uma lavoura com boa sanidade e alta produtividade, sendo necessário um bom programa de adubação para boa produção. Assim, conhecer e utilizar as inovações tecnológicas que existem atualmente, tanto de produtos quanto de técnicas de aplicação que visam alcançar altas produtividades é essencial na busca por altas produtividades na cultura.

Inovações

Na avaliação da concentração e disponibilidade de nutrientes presentes no solo, é necessário ter como base a análise de sua fertilidade. Para avaliar a fertilidade do solo, deve-se, inicialmente, fazer a análise química fornecida por um laboratório, na qual são determinadas, dentre outras informações, o valor do pH, os teores dos principais nutrientes exigidos e os teores de elementos considerados tóxicos às plantas, como o alumínio e o sódio.

Informações como essas são fundamentais quando se objetiva a realização de um adequado programa de adubação, além de verificar a necessidade de calagem e identificar possíveis problemas de salinidade que porventura possam estar ocorrendo no solo. De posse dos resultados da análise do solo, pode-se definir as quantidades de calcário e adubo a serem aplicadas.

Do mesmo modo que a amostragem do solo para fins de avaliação da fertilidade, outra ferramenta importante para determinação do estado nutricional das plantas é a amostragem do tecido vegetal, visando realizar a análise foliar que também é fornecida por um laboratório próprio.

Contudo, quando se tratam de culturas temporárias, como a melancia, torna-se muitas vezes inviável a intervenção na mesma safra e em tempo hábil devido ao longo tempo requerido para o retorno dos resultados da análise pelo laboratório.

Nesse caso, a análise foliar poderá servirá para a realização de um ajuste no programa de adubação, o que ajudará a complementar as informações obtidas na análise de solo e no histórico da área cultivada.

Benefícios

A melancia é uma das espécies da família Cucurbitaceae considerada dentre as mais exigentes em termos nutricionais, se destacando ainda pela exportação de grandes quantidades de nutrientes que foram acumulados ao longo do seu ciclo.

Os nutrientes N, P e K têm acumulação preferencial nos frutos, enquanto Ca e Mg se acumulam mais na parte vegetativa, ou seja, os macronutrientes. As quantidades de nutrientes exportadas pelos frutos, portanto, representam relevante parcela retirada e assim perdida de nutrientes pelo solo, que deverão ser posteriormente restituídos ao mesmo. Já os nutrientes contidos na parte aérea podem ser incorporados novamente ao solo.

Quanto aos micronutrientes, de maneira geral, os considerados essenciais às plantas são o boro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco.

Por onde começar?

A aplicação dos fertilizantes na adubação de plantio deve ser feita no sulco, de forma que não haja contato entre as sementes ou as raízes da muda. O ideal é que estas estejam situadas acima do adubo.

Na adubação feita em cobertura, os adubos devem ser aplicados na época recomendada, e por meio de pequenos sulcos construídos ao lado das plantas e recobertos com solo em seguida, a fim de evitar as perdas de nitrogênio por volatilização. Os fertilizantes devem ser depositados nos locais em que há presença de água no solo, o que visa facilitar sua solubilização.

Após a emergência da planta, a absorção e o acúmulo de nutrientes são muito pequenos nos primeiros 30 dias. Já aos 45 e 60 dias, a absorção alcança a máxima taxa de acumulação diária. O acúmulo de nutrientes no fruto tende a ser linear, entre seu aparecimento e a maturação fisiológica. Neste caso, nutrientes como nitrogênio e potássio, que apresentam mobilidade no solo, devem ser aplicados em cobertura, favorecendo sua constante disponibilidade para as plantas.

Deve-se aplicar esses dois nutrientes em cobertura, com parcelamento recomendado em três vezes, sendo a primeira 15 dias após o plantio ou transplantio e as outras com intervalos de 20 dias. Este procedimento pode ser feito via água de irrigação, nos casos em que se utiliza a fertirrigação.

Como evitar erros?

Dentre as cucurbitáceas, a melancia é considerada uma das culturas mais tolerantes à acidez do solo, quando comparada com as demais espécies desta família. Suporta solos de acidez média, sendo o pH mais adequado à cultura situado entre 5,0 e 7,0, contudo, podendo produzir bem na faixa de pH de 5,5 a 7,0.

Neste contexto, em casos em que o pH for inferior a 5,5, é necessário efetuar a calagem, que em solos mais ácidos é essencial, afim de favorecer a neutralização do alumínio trocável (elemento tóxico aos vegetais), além de elevar a disponibilidade de fósforo, cálcio, magnésio e molibdênio.

Além disso, a cultura é exigente em cálcio e sua ausência causa o sintoma conhecido como podridão-apical ou estilar nos frutos, popularmente denominada fundo-preto. É importante, ainda, ressaltar que o momento ideal para realização da prática da calagem é antes da semeadura da cultura, adotando-se o período de no mínimo três meses de antecedência do plantio.

Para a determinação quanto à quantidade de calcário a ser aplicada, recomenda-se o método de saturação por bases, objetivando elevá-la a 70%.

É recomendado, ainda, em casos de áreas com solos mais arenosos e pobres em matéria orgânica, o aumento nas doses de adubos com nitrogênio e potássio. O parcelamento poderá ser feito em três aplicações, sendo a primeira no plantio e as outras duas em cobertura, aos 25 e 40 dias após a germinação.

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