Luiza Rocha Ribeiro
Engenheira agrônoma e mestranda em Horticultura – UNESP/Botucatu
A goiabeira (Psidium guajava L.) é uma planta da família das Mirtáceas e ocupa lugar de destaque entre as frutas brasileiras, por conta de seu aroma agradável, sabor e alto valor nutricional. A planta tem como seu centro de origem países como o México, Colômbia, Peru e Brasil. Atualmente é encontrada em diversas regiões subtropicais e tropicais do mundo devido a sua fácil adaptação a diferentes condições de solo e clima e facilidade de propagação.
O país com a maior produção de goiaba do mundo é a Índia, seguida pela China, Tailândia, Paquistão, México e Indonésia. O Brasil é o sétimo maior produtor de goiaba e o maior produtor de goiaba vermelha do mundo.
Segundo o Anuário Brasileiro de Agricultura 2018 (Agrianual 2018), em 2015 a produção brasileira de goiabas foi de 424.305 toneladas, sendo as regiões nordeste e sudeste as maiores produtoras, com 207.169 e 179.310 toneladas respectivamente.
Pernambuco é o Estado que mais produziu goiaba no País, com 144.909 toneladas no ano de 2015, correspondendo a 34% da produção brasileira de goiaba. O Estado de São Paulo vem logo em seguida, com 143.682 toneladas.
A área colhida no País no ano de 2015 foi de 17.603 hectares, cerca de 02 mil hectares a mais do que no ano de 2014. A produtividade média no Brasil nesse mesmo período foi de 24 t/ha. As regiões nordeste e sudeste apresentam a produtividade de 23 e 28 t/ha em média, respectivamente. Os Estados com maior produtividade são Pernambuco e São Paulo, com 31 t/ha.
Manejos
Para a planta expressar seu potencial produtivo são necessários alguns manejos básicos, como a análise de solo para uma adubação correta. O software Fert-Goiaba®(http://www.registro.unesp.br/sites/cnd_goiaba/) é uma ótima ferramenta gratuita para recomendação de adubação que utiliza os resultados da análise de solo, a idade do pomar (implantação, formação e produção) e a produtividade esperada.
Esse programa foi desenvolvido pela doutora e professora Silvia Helena Modenese Gorla da Silva, em coautoria com Hugo do Nascimento Bendini e Eduardo Maciel Haitzmann dos Santos, da UNESP, campus Registro, juntamente com o doutor e professor. William Natale, da UNESP, campus Jaboticabal.
Obstáculos
Em relação às dificuldades na goiabicultura, a ocorrência do nematoide Meloidogyne sp. é de grande relevância, principalmente na região nordeste, onde grandes áreas tiveram que ser erradicadas.
Sendo assim, a Embrapa Semiárido foi pioneira no desenvolvimento de um híbrido intitulado como BRS Guaraça, o qual tem as raízes de um araçazeiro e a copa de uma goiabeira comum. Essa cultivar foi registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e é uma opção para o enfrentamento da nematose da goiabeira, pois apresenta alta compatibilidade com as cultivares Paluma e Pedro Sato e resistência ao patógeno (Santos et al., 2018).
Em números
O volume total de goiaba comercializado no CEAGESP no ano de 2016, segundo o Agrianual 2018, foi de 12.206 toneladas. Desse total, apenas 9% é de goiaba branca (1.106 t). O preço inferior é uma das principais justificativas da baixa produção de goiaba branca, assim como pela preferência da população brasileira pelas goiabas vermelhas. O preço médio do quilo da goiaba vermelha no Ceagesp foi de R$ 4,20 no ano de 2016 e o da branca R$ 3,22.
Custos
O custo médio de produção, segundo o Agrianual 2018, foi estabelecido levando em consideração um pomar de goiabeira ‘Paluma’, com sistema de poda drástica e com safra a cada oito meses, irrigação e densidade de 286 plantas por hectare.
Os custos estimados foram divididos em operações mecanizadas, manuais, insumos e administração. O preço médio de venda da produção levou em consideração 70% do rendimento para indústria e 30% para mesa.
Na fase inicial da cultura as operações mecanizadas, como pulverizações, calagem, aração, roçagem, apresentam cerca de 62% dos custos estimados totais, que representam R$ 20.647,00, enquanto as operações manuais, como poda, análise de solo, capina manual, etc., apenas 20%.
Entretanto, para a manutenção da cultura, a partir do quinto ano ocorre uma redução nas operações mecanizadas e aumento nas manuais, correspondendo a 27% e 48%, respectivamente, do custo total estimado de produção R$ 16.344,00.