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O novo ‘de novo’: geminivírus volta a ser problema para tomaticultura

Foto: Alice Nagata

Leonardo Risso
Melhorista de tomate – Enza Zaden Brasil

Os geminivírus estão de volta. Este vírus, uma das doenças mais significativas na tomaticultura global, ressurgiu como um problema no Brasil. Transmitido pela mosca- branca (Bemisia tabaci), possui um complexo de espécies de vírus espalhados pelo mundo.

Por que essa interação inseto-vírus é tão agressiva? Conheça a origem dessa doença, entenda a interação vírus-inseto- planta e descubra métodos de controle.

O super vetor: Bemisia tabaci

A Bemisia tabaci G. foi descrita pela primeira vez em 1889 na Grécia, identificada, na época, como uma praga do tabaco. Nas Américas, a primeira vez identificada foi em 1897 nos Estados Unidos em lavouras de batata-doce.

Em decorrência do transporte de plantas ornamentais dessas regiões, no Brasil, a praga foi descrita na década de 20. Nos anos seguintes, até os anos 90, o inseto já estava distribuído por quase todos os estados brasileiros.

A Bemisia tabaci é responsável por causar danos e se multiplicar em mais de 600 espécies de plantas. Entre as comerciais, encontram-se as cucurbitáceas (abóbora, pepino, melão e melancia), solanáceas (tomates e pimentões) e brássicas (couve), bem como outras espécies agrícolas, como soja, feijão, algodão e plantas ornamentais.

A mosca-branca é considerada um super-vetor, pois além de se multiplicar (Figura 1) rapidamente, é capaz de transmitir centenas de espécies de vírus (fase adulta).

Espécies

Atualmente, no Brasil, a Bemisia tabaci é composta por duas principais espécies predominantes, a Middle East- Asia Minor 1 (MEAM1) conhecida como biótipo B, reportada em 1990, e a espécie Mediterranean (MED), ou biótipo Q, identificada mais recentemente nas regiões sul e sudeste do Brasil.

A espécie MEAM1 é a mais danosa. Outras espécies indígenas New World 1 (NW1) e New world 2 (NW2) já foram descritas no Brasil anteriormente, porém sem predominância atualmente (Barbosa, 2014).

O vírus: geminivírus

As geminiviroses, pertencentes à família Geminiviridae, são causadas por begomovírus, um gênero de vírus com alta variabilidade genética que ultrapassa 200 espécies. Essa variabilidade se deve à capacidade do gênero de criar variantes por meio de mutações e recombinações, superando genes de resistência e infectando novos hospedeiros.

Globalmente, duas espécies são economicamente importantes: Tomato yellow leaf curl virus (TYLCV) e African cassava mosaic virus (ACMV). No Brasil, omeiro relato de geminivírus no tomate foi na década de 70 por Costa et al., mas os casos aumentaram após a entrada do biótipo MEAM1.

Atualmente, duas espécies são mais disseminadas: Tomato severe rugose virus (ToSRV) e Tomato mottle leaf curl virus (ToMoLCV), causando danos econômicos significativos. Uma curiosidade é que o ToSRV já foi identificado em plantas de soja, porém, não estão muito bem esclarecidos os danos ocasionados pelo vírus à cultura.

O “hospedeiro amplificador”

O geminivírus pode se multiplicar em outras espécies de plantas. A soja, por exemplo, exerce significativa pressão como fonte de “reserva” para o vírus, amplificando sua transmissão para a cultura do tomate, especialmente no final do ciclo da soja.

Figura1. Ciclo biológico da Bemisia Tabaci,
biótipo B
Fonte: arneson.cornell.edu/ZamoPlaga
s/moskblank.htm e ipmwww.ncsu.
edu/INSECT_ID/AG136/whitfly5.html
(modificado), Origem embrapa.

Bergamin Filho et al. (2020) estudaram a hipótese de a soja atuar como “hospedeiro amplificador” para o vírus ToSRV, sugerindo que a soja pode ser uma forte fonte de transmissão para epidemias nas lavouras de tomate.

Contudo, essa dinâmica pode não ocorrer frequentemente devido a fatores como a variedade de soja, o tipo de isolado do ToSRV e a sincronia dos ciclos entre o cultivo da soja e do tomate.

Observações em regiões produtoras de tomate, como Sumaré e Mogi-Mirim (SP), centro-oeste, corroboram com a hipótese de a soja também multiplicar a mosca-branca e o vírus. Portanto, ainda sob hipótese, a soja pode não só multiplicar a mosca-branca, mas também o vírus.

A sintomatologia da doença

Os sintomas mais comuns do geminivírus incluem o amarelecimento internerval das folhas (Figura 2), muitas vezes confundido com deficiência de magnésio (Mg). Outros sintomas incluem deformações, enrolamentos e redução das folhas e folíolos (Figura 3), comprometendo a capacidade de fotossíntese e reduzindo a produtividade.

Fotos Alice Nagata

O crescimento e desenvolvimento das plantas podem variar conforme a época da transmissão viral. Em estádios mais iniciais, o crescimento da planta pode ser travado, e o nanismo da planta pode ser observado, como na figura 4.

A infecção, quando em estádios mais tardios, as plantas podem continuar a se desenvolver, porém, com limitada capacidade de frutificar (Figura 4). A mosca causa danos nos frutos, através da injeção de toxinas, tornando-os isoporizados, e comprometem a qualidade (Figura 5).

A formação de fumagina, um fungo oportunista, pode ocorrer em folhas e frutos devido à liberação de exsudatos açucarados pela mosca-branca, reduzindo a produtividade devido ao bloqueio da fotossíntese (figura 6) e à qualidade dos frutos (figura 7).

A resistência genética

O uso de resistência genética para controle da doença é a melhor e mais segura opção para o produtor de tomate (Figura 8). As empresas de melhoramento têm focado na criação e desenvolvimento de variedades híbridas que conferem a resistência genética aos geminivírus.

Pesquisadores, como Zamir et al., têm mapeado e introgredido em acessos desde 1994 o gene de resistência Ty-1 a partir da espécie selvagem Solanum chilense. Posteriormente, pesquisadores localizaram regiões a partir de outras espécies selvagens, como S. pimpinellifolium, S. peruvianum (Ty-5), S. chilense (Ty-1, Ty-3 e Ty-4 and Ty-6), S. habrochaites (Ty-2) and S. cheesmaniae (Gill et al, 2019).

Considerando um cenário nacional, em que temos lavouras de tomate o ano todo, e outros hospedeiros, potencializada pelo clima tropical, a multiplicação do inseto é acentuada. O uso de variedades resistentes, controle químico e cultural pode influenciar na dispersão e no comportamento populacional do inseto, evitando perdas de resistência genética e surgimento de outras variantes virais.

Controle cultural

A redução da população da mosca-branca é uma medida eficaz que pode ser tomada a fim de evitar que o vírus seja multiplicado na lavoura. Ainda não se sabe ao certo, mas alguns pesquisadores têm analisado a relação do aumento da alimentação e oviposição da mosca-branca em plantas com relação à nutrição, como o nitrogênio, bem como uma associação ao estresse hídrico.

Práticas adotadas, como escolha da área de plantio e uso de mudas livres do vírus já contribuem significativamente para o início adequado da lavoura.

Os produtores deverão, se possível, escolher suas áreas afastadas de lavouras que podem ter o inseto como hospedeiro.

Já na lavoura, outra prática crucial é a remoção de plantas daninhas que também podem ter o vírus como hospedeiro comum, a exemplo do joá-de-capote, fedegoso, guanxuma e amendoimbravo.

Se já há presença da praga na área inicialmente, pós-transplante, aplicações via “drench” podem ajudar no controle.

A observação e amostragem de adultos e ninfas a cada quatro dias pode ajudar na tomada de decisão (nível de ação) para o próximo método de controle a ser adotado.

Controle químico

O controle químico não deve ser a única opção do agricultor, uma vez que o uso excessivo só de inseticidas químicos pode forçar a seleção de indivíduos resistentes aos inseticidas.

Além disso, considerando a infecção primária, muitas vezes o inseticida não elimina o primeiro contato do inseto com a planta, na qual pode haver transmissão inicial do geminivírus na lavoura.

Os pesquisadores, como Alvarez et al. (2020), em publicação sugeriram que os principais inseticidas utilizados no controle da mosca sejam dos grupos químicos de ação neurotóxica neonicotinoides, piretroides, sulfoxaminas, reguladores de crescimento, como o buprofezin e pyriproxyfen.

Os inseticidas são muito importantes para o controle da praga, no entanto, mecanismos de ação distintos devem ser sempre rotacionados, a fim de evitar a resistências da praga a esses inseticidas. Lembrando de sempre usar a dosagem recomendada e o produto registrado para o tomate, além de procurar um agrônomo para auxiliar.

O que a Enza Zaden está fazendo para ajudar você, produtor?

No início de 2025, safra inverno, os produtores de tomate salada poderão contar com uma nova variedade com resistência genética ao geminivírus.

A empresa lançará no início de janeiro uma variedade de tomate longa-vida, com alto teto produtivo, alta tolerância às manchas de microcraking e com um excelente pacote de resistência genética às principais doenças.

O híbrido conta com resistência às principais viroses, com o vírus do mosaico, vira-cabeça, geminivirus piramizada, que assegura ainda mais contra a perda da resistência genética, além de ter genes para controle de doenças fúngicas, como oidium, manchas de estenfilium, as duas raças de verticilium, fusarium raças 1 e 2, bem como para nematoides.

As vantagens em usar o novo híbrido ainda continuam, pois ele apresenta uma excelente classificação de frutos 2A – 3A, o que potencializa os ganhos do produtor. Procure um de nossos representantes, e conheça a nova variedade do tipo salada com resistência a geminivírus.

Para saber mais ou acessar nosso catálogo de produtos, aponte a câmera do seu celular para o QR code abaixo ou visite www.enzazaden.com/br.

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