Autores
Jean dos Santos Silva
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
santos.jean96@yahoo.com.br
Giovani Belutti Voltolini
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Fitotecnia – UFLA
giovanibelutti77@hotmail.com
A beterraba (Beta vulgaris L.) é uma ótima alternativa de renda para os horticultores. A cultura apresenta três biótipos para cultivo: beterraba açucareira, forrageira e hortícola. Dentre esses, a hortícola, ou beterraba vermelha, é a mais cultivada no Brasil.
A maioria das plantações é conduzida em semeadura direta, levando de 60 a 70 dias para a colheita, e quando por mudas, o período pode ser de até 100 dias até a colheita.
A cultura é exigente em clima frio e solos bem drenados e leves, a fim de não prejudicar o desenvolvimento do tubérculo que será comercializado. Apesar da exigência de clima frio, ela pode ser cultivada o ano todo em locais com altitude acima de 800 metros.
De 400 a 800 metros de altitude a semeadura deve acontecer de fevereiro a junho, e abaixo de 400 metros de abril a junho. É uma hortaliça colhida o ano todo, porém, o período de maior oferta é entre junho e setembro, devido ao clima ameno.
Manejo
Na nutrição da cultura, seguindo a análise de solo, a calagem é uma prática fundamental para a implantação, sendo feita por volta de 90 dias antes da semeadura. O cálculo deve se basear de modo a obter um ajuste para 80% de saturação de base (V%) e um pH de 6,5.
A adubação de plantio deve ser feita 10 dias antes da semeadura, com orientação de um engenheiro agrônomo, seguindo a análise de solo. Dentre os micronutrientes, deve-se ter atenção para o boro, no qual a cultura é muito exigente.
A cultura responde bem à aplicação de adubos orgânicos, como esterco de curral (30 a 50 toneladas por hectare) e cama de frango (25% da dose do esterco de curral).
Organominerais
A exigência por uma produção agrícola mais sustentável é cada vez maior, tanto no Brasil como no mundo. Junto a essa exigência por sustentabilidade no sistema produtivo, o aumento de fertilizantes à base de compostos orgânicos vem aumentando, e assim disponibilizando ao agricultor tecnologias avançadas.
Os organominerais são uma classe de fertilizantes que alia a eficiência de nutrientes minerais junto com compostos orgânicos, que podem atuar como condicionadores do solo. Alguns desses fertilizantes possuem ácido húmico, substância extraída de rochas sedimentares, como a leonardita.
Benefícios do ácido húmico
O ácido húmico potencializa o efeito condicionante e tem a capacidade de complexar nutrientes como potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), aumentando a disponibilidade para a planta. Além disso, ele aumenta a disponibilidade de fósforo (P) no solo, uma vez que complexa o alumínio e o ferro, que possuem característica de reter o fósforo no solo.
O ácido húmico também atua no estímulo ao desenvolvimento da microbiota do solo, aumenta a retenção de umidade e estimula o desenvolvimento radicular, potencializando o desenvolvimento da planta.
Recomendações
Os organominerais devem ser aplicados na fase de preparação do solo, antes do semeio, assim como no manejo convencional, sendo imprescindível a orientação de um engenheiro agrônomo.
A principal vantagem desta tecnologia é a eficiência da nutrição mineral aliado ao efeito condicionante dos compostos orgânicos. Há, também, organominerais com ácido húmico na forma de fertilizantes líquidos, os quais devem seguir a orientação de aplicação do fabricante, sendo geralmente aplicados duas vezes, com 15 e 30 dias após a semeadura, via fertirrigação.
Para que o manejo seja eficiente, é necessário que seu uso seja prolongado, de modo que seu efeito condicionante no solo tenha efeito, uma vez que o incremento de matéria orgânica é gradativo ao longo dos anos. Esse tipo de fertilizante irá atuar na construção da fertilidade do solo.
Cuidados
O principal cuidado na utilização desse fertilizante é a aquisição de produtos de qualidade, os quais irão atestar que a composição de nutrientes será suficiente para atender as exigências da cultura, além de atestar a sanidade do material orgânico utilizado.
Essas características condicionantes conferem a essa classe de fertilizantes a capacidade de influenciar positivamente na produção da beterraba, como mostram estudos na Universidade de Ciência e Tecnologia de Bydgoszcz, na Polônia, onde fertilizantes contendo ácidos húmicos influenciaram positivamente no desenvolvimento de raízes laterais e no tamanho das raízes tuberosas da beterraba, influenciando positivamente na produção.
Estudos apontaram para um maior teor de sólidos solúveis em beterraba cultivada com fertilizantes à base de composto orgânico, em relação aos convencionais, indicando melhora na qualidade.
A produtividade na primeira safra de uso pode não ser maior se comparada a outras classes de fertilizantes, porém, ao longo das safras, com o condicionamento do solo e melhora da qualidade física e microbiológica, as raízes da beterraba terão melhores condições de se desenvolver.
Os erros mais frequentes no uso de organominerais são ocasionados devido a não utilização de recomendações que seguem a interpretação da análise de solo, o que pode gerar insuficiência no fornecimento de nutrientes para a beterraba.